null O poder infinito da moda

Ter, 21 Setembro 2021 15:25

O poder infinito da moda

Saiba como tendências do mundo da moda estão presentes nas passarelas e na formação dos jovens profissionais da área


Criação apresentada no evento Unifor Moda Integra, que oferece uma mostra das produções de alunos do 1° ao 4° semestre de Design de Moda (Foto: Ares Soares)
Criação apresentada no evento Unifor Moda Integra, que oferece uma mostra das produções de alunos do 1° ao 4° semestre de Design de Moda (Foto: Ares Soares)

A moda veste roupa nova diariamente. É versátil e plural por natureza, inspira e espelha comportamentos, desafia padrões de consumo, nega a mesmice das coisas. Também diz sobre a dinâmica dos contextos históricos, reflete transformações socioeconômicas e gera pensamento, instigando e conectando saberes e fazeres. Na Universidade de Fortaleza, não à toa, a curiosidade científica tem lhe reservado espaço de honra: além do MBA em Negócios de Moda e da especialização em Produção de Moda e Styling, a graduação tecnológica em Design de Moda celebra a fusão cada vez mais profícua entre teoria e prática em sua nova matriz curricular e também abre alas para uma novidade: a abertura do curso de bacharelado em Moda em 2022.1.

Consultoria de imagem, visual merchandising, coloração pessoal, estamparia, figurino, mídias digitais, marketing de moda, fotografia. São múltiplas as áreas de atuação do novo profissional de moda e diante desse “boom” de possibilidades é que a coordenadora do curso de graduação em Design de Moda, Priscila Medeiros, destaca os pontos altos da nova matriz curricular: “a Unifor propõe uma aprendizagem baseada em experiências práticas e integração com outras áreas do mercado, como gestão, comunicação e marketing. Nossos laboratórios estão a serviço do desenvolvimento de produtos durante todo o processo de formação, permitindo aos discentes a construção antecipada de um portfólio de trabalho. O contato cada vez mais próximo com o mercado por meio de projetos que desenvolvemos em parceria com as marcas também é outro diferencial. O aluno Unifor tem a oportunidade de acompanhar o planejamento e desenvolvimento de uma coleção na prática”. 

Empreendedorismo é outra palavra-chave. “No curso temos disciplinas voltadas para o desenvolvimento e criação de marcas autorais do aluno. A Unifor também promove eventos para os alunos apresentarem suas criações. Mas além de criar, os discentes são preparados para atuarem em toda a cadeia da moda, seja como estilista, modelista, designer têxtil, stylist, produtor de moda, gestor, social media, PCP, marketing, consultor, empreendedor e etc. Tudo porque nossa matriz curricular foi pensada e planejada por uma equipe de docentes com vasta experiência acadêmica e de mercado, o que nos possibilitou identificar oportunidades específicas, diante das novas conjecturas mercadológicas”, assinala Priscila.

Produtos e marcas desenvolvidos mediante mentorias supervisionadas por professores seguem macrotendências comportamentais. Assim é que todos os pilares da sustentabilidade estão contemplados na nova matriz curricular, com foco em questões sociais, culturais, econômicas e ambientais. Ênfase na valorização da cultura local, permeando teorias e práticas. “Valorizamos cada vez mais nossas raízes, nossos símbolos, nossos fazeres, nossa história e modos de vida. Além disso, hoje sabemos que uma empresa precisa ter uma postura sustentável. Você não pode mais entregar só produto. O produto é informação, é emoção, é tudo que cria um elo entre você e o seu consumidor”, afirma a professora.

Diante de uma cadeia produtiva integrada em um mercado ecologicamente consciente e concorrido, Priscila lembra ainda que a inovação se tornou a principal ferramenta competitiva do setor, que já vem sendo apoiado pela internet das coisas, a nanotecnologia e o big data como negócio estratégico na integração total das fábricas. A otimização de consumo de água e energia também é questão central para o profissional da moda, além de limitação de emissão de poluentes. 

“A tendência é que a inteligência criativa caminhe cada vez mais junto com as novas tecnologias e práticas de sustentabilidade. A nanotecnologia, por exemplo, já permite a criação de roupas que regulam a temperatura corporal e protegem da insalubridade. Os tecidos inteligentes são acrescidos de características como antibactericida, antitabaco, antiumidade, antitranspirante e antichamas. E é por isso que precisamos também investir em pesquisas inovadoras no âmbito acadêmico que dialoguem com a modernização do mercado e gerem produtos de maior qualidade. Ou seja, foco na criatividade autoral e também numa base de inteligência artificial para servir à pesquisa e ao mercado”, frisa.

Na Unifor, segundo Priscila, tanto o curso de graduação em Design de Moda como o novo bacharelado projetado para 2022 estão alinhados com as inovações demandadas pela “Indústria 4.0” e a tendência real de se aplicar inteligência na produção industrial em diversos segmentos. 

“O uso das novas tecnologias já permeia diversas disciplinas, colocando o aluno a par de tudo o que o mercado vem oferecendo em termos de inovação, sobretudo quando atrelada ao bem-estar e saúde. Mas no bacharelado daremos uma atenção maior a isso, através de uma disciplina específica chamada Moda 4.0, onde vamos contemplar todos esses avanços. Na moda, todos os dias surgem novidades em termos de matéria-prima e maquinários, portanto precisamos formar profissionais conectados com a quarta revolução industrial, ao mesmo tempo em que devem ser criativos e socialmente responsáveis”, Priscila Medeiros, coordenadora do curso de graduação em Design de Moda da Unifor. 

As trilhas de formação estão abertas. Na Unifor, ao passo em que o curso tecnológico tem duração de dois anos e meio, o bacharelado será acrescido de um ano a mais. “No Ceará e região Nordeste somos o primeiro bacharelado em moda de uma universidade particular, o que nos coloca em posição pioneira. O plus do bacharelado diz respeito especialmente ao desenvolvimento de pesquisas acadêmicas, além de estágios supervisionados e mentorias de professores, aproximando a prática de uma grade curricular mais ampla e diversificada, sempre alinhada às novidades do mercado e capaz de refletir antecipadamente as tendências”, conclui Priscila.

Fina estampa

A designer de estampa Dayane Oliveira, 30, credita à graduação em Design de Moda da Universidade de Fortaleza sua capacidade de empreender e criar de forma autoral. “A aproximação que a Unifor tem com o mercado da moda nos leva desde os primeiros semestres a vivenciar na prática diversas teorias relacionadas à criatividade. Começamos desenvolvendo projetos para empresas parceiras, com a supervisão dos professores, e, em paralelo, vamos nos capacitando para criar nossas próprias marcas. Saímos de lá com uma assinatura e entendendo como vender nossas idéias, transformando-as em negócio. É essa formação ampla, criativa mas também realista, que nos torna capaz de atuar em toda a cadeia produtiva da moda”, vibra.

“Quando as marcas autorais reforçam uma economia circular, justa e ambientalmente responsável elas ajudam a catalizar mudanças estruturais no mercado da moda. Como profissional, quero contribuir com essa conscientização e com a construção coletiva de futuros melhores”, defende a mestranda que também mira a docência”, Dayana Oliveira, designer de estampa graduada em Design de Moda pela Unifor.

Criadora e coordenadora do Studio Meu Jardim Estampa, Dayane uniu o gosto e a habilidade para o desenho, vocação despertada ainda na infância, com os processos criativos e as noções de gestão e marketing digital apreendidos em sala de aula. Assim é que, diante da retração das vendas presenciais em meio à pandemia da Covid-19, não teve qualquer dificuldade em migrar para online, criando a página @meujasmimestampa no Instagram para vender suas estamparias e até aumentar a clientela. “O domínio de expertises ligadas à gestão e ao marketing digital que adquiri no curso de Moda da Unifor fez toda a diferença no momento em que todo o mundo foi pego de surpresa e teve que se adaptar a um mercado que se tornou híbrido. Eu já estava empreendendo e só reafirmei a aposta na moda autoral e local, já que eu mesma desenho minhas ilustrações e crio estamparias inspirada nas paisagens do litoral e do sertão do Ceará”, conta.    

“Nasci em Fortaleza, mas fui criada em Baturité e Cascavel, além de viajar muito pelo estado. Ou seja, minhas raízes são totalmente cearenses e isso se reflete muito em meu trabalho. Vem da minha avó o gosto também por desenhar plantas. Ela sempre cultivou e me ensinou a cultivar desde criança. Isso me levou a estudar botânica para criar minhas estampas autorais. E essas influências, juntas e misturadas, também me levaram em 2020 ao mestrado em Administração na Unifor, onde pesquiso sobre o perfil do consumidor da moda autoral e local, que é alguém preocupado com questões ligadas à sustentabilidade e consumo consciente, alguém que prefere pagar mais caro por um produto quando sabe a sua origem e quem se beneficia dele, alguém que não compactua com uma cadeia produtiva que impõe regimes de trabalho análogos à escravidão”. 

Aprendizado sem fronteiras

Criatividade, gestão e comunicação em franco diálogo. Práticas ambientalmente corretas e alinhadas à diversidade cultural. Laboratórios de última geração a serviço de programas integradores. Para o estilista e visual merchandiser José Martins, 28, o curso de graduação em Design de Moda da Unifor tem funcionado como seu melhor cartão de visitas em São Paulo, onde atualmente trabalha como analista de visual merchandising sênior da Cia. Hering e cursa especialização em estética e gestão de moda na Escola de Comunicação e Artes da USP.

“Com criatividade e persistência, vejo a indústria da moda local com potencial para se reinventar e manter a produção no Estado, apesar da escassez de insumos, uma das principais dificuldades em 2020. Para 2021, penso que a recuperação esperada deve vir através de políticas públicas de fomento à exportação e competitividade dos produtos cearenses, além de capacitação e profissionalização de mão de obra, ou seja, uma aposta maior na educação”, estilista e visual merchandiser graduado em Design de Moda pela Unifor.

“A Unifor me deu toda a estrutura e o conjunto de expertises que eu precisava para estar onde eu estou, competindo em pé de igualdade com os melhores profissionais do território nacional. Entro numa reunião aqui em São Paulo com super empresários da moda e minha opinião é ouvida porque tenho embasamento teórico e venho de uma escola que estimula a inteligência criativa ao mesmo tempo em que ensina a empreender, testando teorias na prática. Ainda na graduação, desenvolvi minha própria marca e executava em tempo real tudo o que eu aprendia em sala de aula. Hoje sou visual merchandiser, mas passei por diversas ramificações do mercado de moda, tendo que saber sobre estratégias de marketing, story design, círculo cromático, tendência, produção, styling, gerência e personalização do ponto de venda, imagem e valor de marca, propósito, branding... enfim, onde chego comprovo a excelência técnica, mas também ética do ensino que tive, pautado pela inteligência criativa com foco no elemento humano e na responsabilidade social”, refestela-se.

Retornar ainda mais qualificado para contribuir com a evolução do mercado de moda cearense é plano futuro. Representando a novíssima geração de profissionais da moda, José acredita no sonho de voltar a ver o Ceará nas primeiras posições do ranking brasileiro da moda, como já aconteceu nos anos 1980 e 1990. “Precisamos conhecer novos métodos de industrialização, de adequação das indústrias e de seus maquinários. Mas não é só isso, há também o lado mais humano e sustentável que é uma tendência muito real e forte do nosso setor”, aponta José.

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