null Os currículos vivenciados do século XXI

Seg, 12 Abril 2021 20:03

Os currículos vivenciados do século XXI

Saiba como a Universidade de Fortaleza implanta múltiplas experiências de aprendizagem na formação dos estudantes 


Jovens estudantes têm a tecnologia como aliada das suas experiências acadêmicas no século XXI (Foto: Ares Soares)
Jovens estudantes têm a tecnologia como aliada das suas experiências acadêmicas no século XXI (Foto: Ares Soares)

“Diferentona” e “diferentão” sim. Os aprendizes do século XXI são diferentes de todos os anteriores e entram para a história da educação como testemunhas vivas de uma transição paradigmática relacionada a modos inéditos de pensar, se relacionar, criar e produzir conhecimento. Em looping, novos cenários culturais, digitais e relacionais invadem o educativo, colocando em xeque a capacidade de professores e estudantes para responder a desafios pedagógicos, tecnológicos e sociais próprios de um tempo tão incerto quanto complexo.

Na Universidade de Fortaleza, instituição ligada à Fundação Edson Queiroz, é a partir da implantação das novas matrizes curriculares preconizadas pelo Ministério da Educação que experiências de aprendizagem significativas ganham forma e conteúdo maleáveis, múltiplos, conexionistas. “O processo de mudança curricular está em curso na Unifor há pelo menos quatro anos. E aproximadamente 70% das nossas matrizes já foram modificadas até esse momento. A lógica é a de uma formação multidimensional voltada à resolução de problemas complexos, próprios do século XXI, levando em conta habilidades, competências e valores diretamente associados aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU”, enfatiza o vice-reitor de graduação, professor Henrique Sá.

Henrique Sá, vice-reitor de Ensino de Graduação da Unifor, destaca as transformações do processo ensino-aprendizagem (Foto: Ares Soares)

Para além da dimensão cognitiva, cada currículo da Unifor hoje é também o mapa móvel de percursos formativos fortemente compromissados com a responsabilidade social e o desenvolvimento de competências socioemocionais. “O nosso aluno tem que ter fundamento e base sólida para enfrentar situações sobre as quais ele inclusive ainda nem faz ideia. Daí a aprendizagem baseada em projetos, a reflexão aplicada, nascida a partir da compreensão do contexto no qual se está inserido. Raciocínio, lógica, técnica, tecnologias e multimeios sim. Mas também afetos e atitudes transformadoras, ou seja, cada aula, seja ela na modalidade presencial ou virtual, deve passar por ambientes de prática simulada ou real capazes de mobilizar o pensamento científico em prol da qualidade de vida da sociedade”, assinala.

Ênfase no choque geracional que historicamente move a educação. “Temos a experiência do professor de um lado e do outros a inovação característica dos jovens aprendizes. O professor do século XXI precisa administrar tradição e perspectivas futuras. Estamos lidando com um mundo em que os processos de ensino-aprendizagem estão em profunda transformação e por isso falamos em demandas socioemocionais e não só tecnológicas. Um aluno com certa dificuldade de encarar o complexo, certa perplexidade diante de um futuro incerto, que não tem mais segurança de como estará sua profissão daqui a cinco anos, porque as tecnologias e os modelos de prática estão mudando rapidamente, deve ser conduzido a incorporar recursos vários para sobreviver nessa sociedade líquida”, complementa Henrique Sá.

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“O aprender a ser vem antes do aprender a fazer. Não importa a área profissional em que você pretende atuar”, defende a diretora do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão (CCG), Danielle Coimbra. A premissa é formulada com base no entendimento de que o desenvolvimento de competências técnicas não se dissocia de habilidades socioemocionais.  “A matriz curricular de um curso representa o perfil do profissional que estamos formando e hoje essa formação se dá com base em múltiplas competências, incluindo as de vida. Não tem outra estratégia que potencialize o aprender a ser que não seja a vivência, o experiencial. Todos os nossos cursos, portanto, têm fortalecido essa estratégia. Laboratórios, disciplinas integradoras, conexão direta com ambientes de prática e demandas da sociedade, tudo isso que caracteriza a dinâmica dos cursos do CCG faz com que a vida profissional dos nossos estudantes comece logo no primeiro dia de aula”, pontua. 

Aprendizagem colaborativa. Sala de aula com borda infinita para a cocriação de soluções que impactem positivamente a sociedade. Entre inúmeros projetos e ações extensionistas ou demandadas pelo mercado ao CCG, Danielle Coimbra faz questão de enaltecer a atuação do Escritório de Gestão, Empreendedorismo e Sustentabilidade (EGES), que atende e assessora gratuitamente, pretensos empreendedores que desejam colocar em prática uma ideia de negócio e não sabem por onde começar. Ou ainda o NAF, escritório de contabilidade que também orienta pessoas vindas de comunidades periféricas com demandas burocráticas afins, como a obrigatória declaração do Imposto de Renda.


Danielle Coimbra, diretora do CCG, acredita no perfil profissional com base em múltiplas competências, incluindo as de vida (Foto: Divulgação)

“O mercado está conectado com todos os cursos do CCG e é parte da formação a sempre renovada parceria com empresas como por exemplo a Hard Rock Café, com quem os alunos passaram o semestre trabalhando, acolhendo desafios reais relacionados à capacitação profissional em comunidades praieiras; também temos um grupo de pesquisa no Curso de Economia que avaliou o impacto da pandemia nos vários setores econômicos, produzindo relatórios e estudos acessíveis à sociedade; estudantes também desenvolvem projetos de estratégias de marketing ou comunicação para ONGs, enfim, entidades públicas e privadas frequentemente são assessoradas pelo Lab365, Newslink e Labomidia, tudo para que nossos aprendizes sejam capacitados e estimulados a se desafiarem diante de situações reais nessa nova sala de aula que antecipa e simula a vida profissional.”, ilustra a diretora.

A pesquisa como ferramenta para pensar a cidade. A matriz curricular como fio condutor de um concreto exercício de cidadania. “Formar um profissional para o século XXI é, antes de mais nada, assumir essa responsabilidade com processos colaborativos que gerem qualidade de vida, colocando as pessoas como  prioridade diante das mudanças. Afinal, quando pensamos à frente o que queremos? Um mundo melhor. Demagogias à parte, pensar um mundo melhor é pensar em menos desigualdade social e soluções para questões planetárias emergentes, é pensar nesse cidadão do mundo que precisa se reconectar com a sua cidade, o seu estado, o viver e conviver”, acrescenta a assessora pedagógica do CCG, Xênia Benfatti.

Xênia Benfatti, professora e assessora pedagógica do CCG (Foto: Ares Soares)

Uma lógica estruturante de formação interligando um semestre a outro. Um projeto integrador, estabelecido a partir de um contexto real, costurando as unidades curriculares e demandando a ampliação e o avanço gradual do conhecimento. Nos cursos do CCG, segundo Xênia, situações concretas dão o start para ciclos de aprendizagem. “A disciplina Responsabilidade Social e Ambiental, por exemplo, está dentro de todas as matrizes, fazendo parte do cumprimento de uma exigência legal que é a curricularização da extensão: hoje, todos os cursos têm que ter pelo menos 10% de sua carga horária voltada à extensão e assim ela vem cumprir esse papel de aproximação do aluno junto à comunidade, no caso a vizinha Comunidade do Dendê, onde serão desenvolvidos projetos de empreendedorismos pensados em sala de aula”, destaca.

Currículos integrados também aproximam diferentes áreas e profissões no CCG. Assim é que hoje o profissional da moda e o administrador de empresas sentam lado a lado, podendo cursar uma mesma disciplina, refletindo e trabalhando de forma colaborativa diante de problemas reais oriundos de uma comunidade, cidade ou empresa. “Uma disciplina comum a quase todos os cursos do CCG é a UniverCidade Soluções, que é muito ligada aos processos de inovação e onde o aluno vai prototipar soluções exeqüíveis diante de uma situação real, mobilizando ainda as competências de vida, que hoje aparecem em todos os currículos do CCG, levando o profissional a pensar na cidadania, na responsabilidade social e na ética como elementos estruturantes da formação profissional”, conclui Xênia.

Aprender sempre. E aprender a aprender de forma inovadora e inclusiva numa sociedade hiperconectada e volátil. Eis o assumido desafio que a reforma das matrizes curriculares dos cursos ligados ao Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) incorpora. “O aluno achava que ao concluir o curso estava pronto, mas a universidade prepara esse estudante para estar constantemente em busca de conhecimento a fim de transitar de forma fluida por essa nova era em que são demandas múltiplas marcam a vida profissional. Isso implica em repensar toda a forma de ensinar e aprender. E buscar novos saberes que possibilitem experiências de aprendizado significativas e duradouras”, sugere o diretor do CCT, Jackson Vasconcelos.

Jackson Vasconcelos, diretor do Centro de Ciências Tecnológicas da Unifor, enfatiza a importância do conhecimento construído com mais autonomia (Foto: Ares Soares)

Integralidade, interdisciplinaridade, vivências, trocas, experimentações. O adeus à sala de aula convencional, mera repetidora de conteúdos, dá lugar à construção autônoma do conhecimento baseado em vivências e capaz de projetar novas realidades. “No CCT, as novas matrizes curriculares trazem a perspectiva do engenheiro pleno, preparado para a formulação e resolução de problemas. Mas para isso primeiro quebramos a própria lógica das disciplinas sequenciais, um construto feito passo a passo. Com a nova reforma, o aluno pode transitar entre as disciplinas e montar seu percurso formativo com flexibilidade. Assim, o próprio termo disciplina cai em desuso... o que temos são trilhas formativas construídas de forma integrada. Não há mais disciplinas estanques, mas saberes interconectados e com significado, onde nada está dissociado do contexto em que se vive”, reforça o diretor do CCT.

Na Unifor, ensino, pesquisa e extensão também se amalgamam a fim de responder aos desafios próprios e cada vez mais complexos do século XXI.  “Com a reforma curricular, a ideia é, cada vez mais, levar a extensão para dentro do currículo. Antes, ela era um apêndice, ou seja, o aluno corria atrás de um projeto de extensão. Hoje, os conhecimentos precisam ir além da sala de aula. Cada exercício tem uma aplicação e volta para a sociedade. Porque estão originalmente focados em resolução de problemas reais. Isso dentro de uma ótica de integração que também se conecta a redes de cooperação”, reflete a assessora pedagógica do CCT, Rafaela Lisboa.

Professora Rafaela Lisboa afirma que reforma curricular possibilitou ao aluno montar seu percurso formativo com flexibilidade (Foto: Ares Soares)

Com a certeza de que “ninguém mais é uma ilha”, o diretor do CCT põe ênfase na teoria aplicada: “Ano passado, estudantes do CCT colaboraram com a requalificação urbana de quatro áreas de comunidades periféricas, em parceria com Prefeitura de Fortaleza. Na Comunidade do Dendê, a inserção da universidade é de várias ordens, indo da saúde ao empreendedorismo, passando pela educação e formação profissional, na esteira de projetos e equipamentos mantidos pela Fundação Edson Queiroz. Na Unifor, há muito o conhecimento deixou de ser compartimentado. CCT e CCS, por exemplo, trabalham juntos em laboratórios de prototipagem para criar procedimentos inovadores capazes de aplacar doenças e trazer qualidade de vida a quem mais precisa; junto ao CCJ, colaboramos com o Escritório de Práticas Jurídicas e sua assessoria fundiária às comunidades; os estudantes da Computação desenvolvem aplicativos e softwares com os da Medicina e por aí vai”.

Eis a pertinência social dos saberes, visando a formação de um profissional cidadão, instigado a transformar realidades. E que o ambiente também lhe seja favorável à criatividade, palavra-chave para a educação inovadora exigida pelo século XXI. “Na Unifor, entre diversos laboratórios e núcleos de inovação, temos, por exemplo, o Laboratório de Inovação e Prototipagem, o LIP. Ele não é usado como sala de aula propriamente, não temos aulas lá, mas são 12 estações de trabalho com impressoras 3D e alta tecnologia onde, sob a supervisão dos professores, o aluno se sente convidado a criar e inovar, desenvolvimento projetos e pesquisas colaborativas que envolvem as mais distintas áreas do conhecimento. Exemplo: criar um algoritmo genético a partir do feromônio de formigas para formulação de bebidas; ou um teto que abre e fecha na medida em que caem gotas de água... Esses são alguns dos muitos exemplos de integralidade e interdisciplinaridade que aproximam os centros de ciências e seus diversos cursos. E são esses profissionais integrados que vão ser líderes e líderes que transformam, fazendo a diferença na sociedade”.

Competências de vida. Segundo a assessora pedagógica do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Darcy Mayra, a sólida e já reconhecida formação tecnocientífica dos estudantes da área sempre caminhou junto aos aspectos socioemocionais que, cada vez mais, se impõem aos currículos afinados ao século XXI. Há uma igualmente uma forte tradição em ações de extensão, na categoria prestação de serviços, que fazem convergir para equipamentos modelos, como o NAMI, múltiplas oportunidades para o desenvolvimento de habilidades e valores nascidos a partir de quatro grandes áreas trabalhadas internamente: cognição, colaboração, comunicação e cidadania.

Professora Darcy Mayra, assessora pedagógica do CCS (Foto: Ares Soares)

Historicamente, o CCS tem vasta experiência extensionista: ações na Clínica Odontológica, Clínica Veterinária, Clínica de Estética, dentre outros espaços de atendimento à comunidade, vêm sendo potencializado nas novas matrizes curriculares, onde estão presentes estratégias de ensino e aprendizagem baseadas na resolução de problemas desde os primeiros semestres de formação. São módulos voltados às discussões de casos, que denominamos CDP - Ciclo de Discussão de Problemas. A partir de problemas de saúde cotidianos, como gravidez, anemia, diabetes, viroses, hipertensão, o aluno vai sendo estimulado a pensar criticamente e fazer perguntas relevantes que levem a uma conclusão ou solução. E na medida em que a matriz curricular vai avançando os casos vão se tornando mais complexos, ao mesmo tempo em que o aluno passa a atender o paciente sob supervisão do professor”, detalha.

Para Darcy, a grande vantagem de as atividades de extensão estarem, cada vez mais, incorporadas ao longo das trilhas formativas - e não mais de forma extracuricular - é que isso permite a todos os alunos dos cursos do CCS o desenvolvimento de ações múltiplas e integradas junto à comunidade. “Essa prestação de serviços engloba desde atividades de educação em saúde, consultas, exames e procedimentos laboratoriais, além de procedimentos ambulatoriais, clínicos e cirúrgicos, voltados tanto para a saúde humana quanto animal. Tudo isso, quando focado em problemas reais, certamente resulta em uma formação mais eficiente e afinada a contextos de incerteza, que agora também pode contar com o aporte de elementos do ensino híbrido, ou seja, o uso de ferramentas tecnológicas e a necessidade ou não de ida ao campus para aulas expositivas”, sublinha.

No CCS, a implantação das novas matrizes curriculares também exige atualização interdisciplinar com relação às demandas do mundo do trabalho, além de ampliação dos módulos comuns aos diferentes cursos, agora também em parceria com os outros Centros de Ciências. É que o que destaca a diretora do CCS, professora Lia Brasil, que anuncia três novas trilhas formativas a se percorrer, envolvendo “Tecnologia e Saúde”; “Gestão e Saúde” e “Cultura, Comunicação e Saúde”.

Lia Brasil, diretora do CCS, aborda o diferencial das trilhas formativas Foto: Ares Soares)

Os módulos que vêm se somar às matrizes curriculares dos cursos fortalecem 40 projetos de extensão em curso, que também envolvem 60 Ligas Acadêmicas e programas como o PET Multiprofissional, PET Farmácia e PET Medicina. Também valorizam e reforçam campanhas recentes de arrecadação e entrega de cestas básicas à população carente durante a pandemia, assim como as orientações de saúde ofertadas por meio digital e a participação em campanhas de testagem Covid. Tudo isso aponta para a formação acadêmica alicerçada na prática profissional e em benefício da sociedade civil”, afirma.

No Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Unifor a reforma curricular que delineia o perfil do profissional do século XXI nasce umbilicalmente ligada a uma formação técnica na área do Direito que, cada vez mais, incorpora vieses sociopolíticos, econômicos e culturais. Assim é que a propensão ao trabalho de equipe, a capacidade para resolução de problemas, a criatividade e a possibilidade de mediação e propagação de uma cultura de paz se destacam como algumas das competências fortalecidas nos novos currículos mas já presentes em atividades diversas dentro e fora de sala de aula, intra e extra-muros.

Destaque para o já consolidado programa extensionista que há mais de 10 anos põe o Direito a serviço da cidadania, ao mesmo tempo em que ensina aos formandos, na prática, o que é responsabilidade social: detentor do prêmio Inovare, do Ministério da Justiça, o Cidadania Ativa, criado em 2001, integra de forma inovadora os corpos docente e discente da Universidade de Fortaleza no desenvolvimento voluntário de atividades voltadas para a conscientização de direitos nas comunidades, além da intervenção direta na execução de projetos especiais e do desenvolvimento de políticas públicas para governos e instituições não governamentais.

Katherine Mihaliuc, diretora do Centro de Ciências Jurídicas da Unifor (Foto: Ares Soares)

“Sob o guarda-chuva do programa Cidadania Ativa temos hoje mais de 15 projetos em curso através dos quais alunos e professores voluntários do curso de Direito desenvolvem a promoção dos Direitos Humanos, seja através de atendimento jurídico ou palestras, oficinas, vídeos, podcasts, visitas, folders e cartilhas, tudo com o objetivo de fortalecer a cidadania, levando o conhecimento jurídico até a comunidade. Mobilizando justamente as competências socioemocionais agregadas à técnica jurídica é que os alunos conseguem vislumbrar e viabilizar melhorias para a sociedade civil”, observa a diretora do CCJ, Katherine Mihaliuc.

Entre os estímulos metodológicos em curso, vale ainda destacar o Mapa da Cidadania, presente desde o primeiro semestre na formação do aluno e da aluna de Direito. “O aluno terá a responsabilidade de escolher instituições da sociedade civil para entender suas necessidades e garantir, ao final do semestre, uma solução para os problemas demandados por ela. Já passamos por muitas: Instituto dos Cegos, asilos que albergam idosos, lares de adoção de crianças, associações de reciclagem de material descartável... Que problemas podem ser identificados e resolvidos de forma integrada pelo alunos? Os recicladores de lixo, por exemplo, ele têm estatuto? Para essas pessoas se beneficiarem com alguma verba precisam se constituir como associação? São questões que os alunos vão tratar de resolver através de  orientação jurídica e preparação de instrumentos cabíveis”, ilustra a diretora.

No curso de Direito, a entrega de produtos que impactem positivamente na sociedade civil ao final de cada disciplina também tem valor simbólico. Assim, quem se integra ao projeto Quinta Literária vai aprender sobre formação sociopolítica através da leitura  de obras de grandes escritores regionais cujos temas abordados se aproximam da pauta jurídica. “É uma via reflexiva de mão dupla, já que originalmente o projeto é levado a crianças e adolescentes do ensino médio da rede pública de ensino. Ou seja, estimula a formação crítica do nosso aluno, mas também garante a ele a possibilidade de capilarizar ensinamentos e processos de conscientização política, já que aposta no letramento do púbico infanto-juvenil que terá acesso à informação de qualidade”, observa Katherine.

No CCJ, cada ponta do novelo curricular também passa por um prédio vertical de três andares que presta atendimento jurídico multidisciplinar a pessoas hipossuficientes: o Escritório de Prática Jurídica (EPJ) é campo de estágio para alunos matriculados no Curso de Direito da Unifor que contam com a orientação e supervisão de professores atuantes no mercado de trabalho, além de uma equipe de analistas jurídicos e assistente social. “Através das práticas de estágio há o efetivo aprendizado dos conteúdos estabelecidos no programa curricular, assim como a vivência do acolhimento de demandas jurídicas vindas da sociedade civil, seja a partir da atuação junto à Defensoria Pública Estadual (advocacia consultiva/contenciosa) ou em meio a processos analisados conjuntamente com o Ministério Público Estadual, o Centro Judiciário de Soluções de Conflitos - Extensão CEJUSC/UNIFOR ou o Procon Assembleia, com quem temos convênios a fim de garantir acesso à Justiça para quem mais precisa”, conclui a diretora.