null Pela primeira vez em Fortaleza, Djamila Ribeiro aborda negritude e gênero no Mundo Unifor 2019

Qui, 17 Outubro 2019 15:16

Pela primeira vez em Fortaleza, Djamila Ribeiro aborda negritude e gênero no Mundo Unifor 2019

Filósofa é uma das principais vozes brasileiras dos movimentos negro e feminista.


Uma das principais vozes dos movimentos negro e feminista, Djamila Ribeiro é um expoente nacional quando o assunto se trata de negritude e gênero. Foto: Ares Soares.
Uma das principais vozes dos movimentos negro e feminista, Djamila Ribeiro é um expoente nacional quando o assunto se trata de negritude e gênero. Foto: Ares Soares.

Simples, direta e provocante: assim pode ser descrita a palestra “Ética & Narrativas em um mundo em Transformação”, ministrada pela filósofa Djamila Ribeiro no Mundo Unifor 2019. O encontro ocorreu na Praça Central da Universidade de Fortaleza principal durante o primeiro dia do evento que promove ciência, arte e inovação.

Eleita pela BBC uma das 100 influentes e inspiradoras mulheres de 2019, Djamila é colunista do jornal Folha de São Paulo e da revista Marie Claire Brasil, espaços onde versa sobre a importância de diálogos envolvendo temas como empoderamento feminino, feminismo negro e racismo. 

Licenciada e mestre em filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A professora é autora das obras “O que é lugar de fala?”, “Quem tem medo do feminismo negro?”, e tem marcado na agenda o lançamento de seu terceiro livro, “Pequeno manual antirracista”, para dia 6 de novembro.  

Uma das principais vozes dos movimentos negro e feminista, Djamila é um expoente nacional quando o assunto se trata de negritude e gênero. Para Fortaleza, a filósofa trouxe questões que fomentam o debate acerca de lugar de fala. 

“Falar de lugar de fala como uma ética de transformação é fundamental porque existem muitos equívocos em relação ao conceito de lugar de fala. Não é um debate sobre quem pode ou quem não pode falar, é um debate que diz que todos falamos mas falamos de lugares distintos, de lugares diferentes, porém, por conta da construção histórica do racismo, do sexismo, existe um grupo que foi o grupo autorizado a falar e esse grupo calou outras vozes”, explica.

Segundo Djamila, para se promover a ética num mundo em transformação, é preciso “necessariamente entender diversas elaborações de mundo, respeitar essas elaborações de mundo, criticar sim, mas criticar com embasamento, crítica feita com respeito para poder ser de fato um mundo que precisa estar preparado para as mudanças que estão acontecendo”, comenta. 

Para a participante do evento, Gabriela Reinaldo, professora dos cursos de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará, “é de uma importância enorme debater as questões que ela traz com muita lucidez e competência. Ela fala de um lugar que é muito específico e muito importante, é uma pesquisadora negra que fala de ações afirmativas que tem um trânsito não só pela academia mas também de lugares do Estado de ações políticas”, comenta. 

Brenda Menezes, egressa da Universidade de Fortaleza, comenta sobre a importância da palestra da filósofa. “A presença e a fala da Djamila são mais do que necessárias, porque a academia é um espaço predominantemente branco, da elite”, comenta. 

“Ter uma mulher negra e filósofa que coloca em pauta a questão do racismo, a questão do feminismo negro, é super necessário para abrir a cabeça dessas pessoas e elas irem pesquisar sobre o assunto, por que muitos querem debater sobre o assunto e utilizar do lugar de fala deles mas eles não conseguem interligar essas falas, eles não conseguem pensar de uma forma democrática”, complementa.