null Entrevista Nota 10: Rogério Nicolau e os caminhos do empreendedorismo sustentável

Qui, 16 Julho 2020 11:21

Entrevista Nota 10: Rogério Nicolau e os caminhos do empreendedorismo sustentável

Coordenador do EGES - Unifor, o professor destaca a importância de combinar paixão e estratégia na hora de empreender


Professor Rogério Nicolau, coordenador do EGES, em foto realizada durante o Prêmio Você Empreendedor 2018 (Foto: Ares Soares)
Professor Rogério Nicolau, coordenador do EGES, em foto realizada durante o Prêmio Você Empreendedor 2018 (Foto: Ares Soares)

Criado há nove anos para atuar junto com profissionais de diversos ramos, professores e alunos do Centro de Ciências de Comunicação e Gestão (CCG) da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, o Escritório de Gestão, Empreendedorismo e Sustentabilidade (EGES) tem no comando o professor Rogério Nicolau de Barros, desde a sua concepção.

Mestre em Administração de Empresas e Especialista em Marketing, Rogério fala ao Entrevista Nota 10 sobre as possibilidades do empreendedorismo sustentável, desenvolvimento de liderança e analisa o reposicionamento do mundo empresarial diante da pandemia. Confira a seguir:

Entrevista Nota 10: Professor, pensar a sustentabilidade para o mundo dos negócios é um desafio?

Rogério Nicolau: Sim, é um desafio porque desde a revolução industrial criamos um modelo de produção pautado na extração dos recursos naturais e colocamos o consumo desenfreado como princípio desse modelo. Os efeitos disso já são conhecidos, bem como os efeitos que isso tem causado no planeta, portanto, somos convocados a refletir sobre este tema e mudar de forma individual e coletiva o curso de nossas ações, principalmente porque operamos em um planeta de recursos finitos. Na década de 90 o professor John Elkington propôs o modelo conhecido como Triple Bottom Line ou como os 3p's da sustentabilidade (pessoas, planeta e lucro), um modelo para levar as empresas a olhar para além do lucro levando em consideração os fatores sociais e ambientais. Desde então, a sustentabilidade tem sido uma busca para empresas que independente do segmento, incorporam esses conceitos ao seu negócio principal, inclusive apresentando para a sociedade o impacto de suas atividades por meio de relatórios de sustentabilidade.

Entrevista Nota 10: As profissões da área de Gestão têm sido cada vez mais valorizadas e exigem competências ativas. Como a liderança, por exemplo, é desenvolvida pelos estudantes do curso de Administração da Unifor?

Rogério Nicolau: O curso de Administração possibilita uma formação ampla e consistente, desenvolvendo habilidades e atitudes que permitem ao aluno atuar em diversos segmentos da sociedade com uma postura ética, empreendedora e inovadora, pautada nos conceitos de sustentabilidade e cidadania, com visão estratégica e sistêmica, que possibilita sua atuação também em mercados internacionais. Liderança, Empreendedorismo e Pesquisa são os eixos principais do curso que tem a formação em ciclos, com desenvolvimento de competências associadas aos eixos de formação. Os alunos, desde cedo, têm vivências e experiências com diversos graus de complexidade, sendo colocados em situações reais de empresas de diversos segmentos da sociedade. Além disso, são estimulados a empreender dentro ou fora das empresas em que atuam desenvolvendo a criatividade e a capacidade de gerar soluções em ambientes complexos.

Entrevista Nota 10: Professor Rogério, você está à frente do EGES desde a sua criação. Naquela época, quais eram as necessidades que o Escritório identificava? E hoje, o que mudou? Como os alunos participam?

Rogério Nicolau: Sim, o EGES está em seu nono ano de existência cumprindo a sua função de engajar alunos em projetos reais de empresas públicas e privadas no Ceará e fomentando o empreendedorismo de diversas formas. De lá para cá tivemos várias mudanças no ambiente macro do país e do mundo, o que demandou de nós também um ajuste nos serviços que oferecemos e como oferecemos. Tanto nos conteúdos que produzimos na série Você Empreendedor como nos atendimentos aos nossos alunos, incorporamos e destacamos o olhar para o ambiente externo, a capacidade de adaptação que os empreendedores precisam ter ao pensar seus negócios, além disso a criatividade, inovação, profissionalização e a conexão dos negócios aos valores do empreendedor têm ganhado destaque para construirmos uma cultura empreendedora pautada em valores e propósito. Já são mais de 4 mil atendimentos nesses anos e especialmente na pandemia lançamos o EGES Consult Júnior, uma consultoria gratuita para empreendedores que precisam repensar seus negócios nesse momento crítico. Alunos estudam os problemas que chegam pelo canal aberto que a sociedade tem pelo e-mail eges@unifor.br. 

Com auxílio de professores com ampla experiência na área de gestão e empreendedorismo, as soluções são encaminhadas. Além dos atendimentos, o EGES é um espaço em que os alunos podem estagiar e se desenvolver participando de projetos reais. 

Entrevista Nota 10: Diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, as empresas, afetadas pela crise econômica, enfrentam a necessidade de se reposicionar. O EGES tem desenvolvido projetos com esse olhar de resiliência?

Rogério Nicolau: Sim. Estimulamos nossos alunos, empreendedores e demais públicos que atendemos a desenvolver um olhar de percepção de oportunidades na atual crise. Esse olhar é fundamental porque estamos passando por mudanças muito profundas na forma de fazer negócios. Paralelo a isto, os hábitos de consumo dos clientes, em decorrência da pandemia, também mudaram, ou seja, entender essas mudanças nos clientes e adaptar a oferta é fundamental e exige visão, perseverança e criatividade. Além disso, o cenário atual tem possibilitado o surgimento de dois movimentos de empreendedorismo: os que fazem isso por necessidade e os que fazem por oportunidade. Com a diminuição dos postos de trabalho, o que vemos é um aumento no micro empregos, ou seja, o vetor necessidade faz as pessoas se moverem para se adaptar a este momento de crise, entre 7 de março e 4 de julho o portal do empreendedor registrou 551.153 novo micro empregos no Brasil, 16.788 a mais que o mesmo período de 2019. Muitas pessoas encontram em momentos como esse a oportunidade de empreender porque enxergam nichos de atuação para levar soluções para grupos de clientes. Em ambos os casos, a resiliência é fundamental para que estes empreendedores não desistam, mas se fortaleçam com os desafios.

O EGES tem promovido esta reflexão auxiliando os empreendedores a desenvolver modelos de negócio adaptáveis e rentáveis. Em parceria com Diário do Nordeste, o EGES lança dia 3 de agosto, a primeira edição da série Vem Empreender (antigo Você Empreendedor que foi desenvolvida em 8 edições: 2012 a 2019) uma plataforma de conteúdos para ajudar os empreendedores a empreender neste atual contexto.

Entrevista Nota 10: Para finalizar, que mensagem você pode deixar para quem sonha em empreender? O que é preciso?

Rogério Nicolau: É preciso ter paixão pelo que se faz de um lado e pragmatismo de outro: equilibrar aquilo que chamamos de valor à eficiência. Criar negócios pautados em nossos valores e crenças com estratégias assertivas. Também é importante profissionalizar a gestão desde o começo, estimulando a construção de uma equipe multidisciplinar e formando lideranças inspiradoras e meritocráticas.