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O mais jovem advogado do Brasil

Dos 14 para os 15 anos, a vida do estudante Mateus Costa Ribeiro deu uma virada de 360 graus. Saiu do último ano do ensino fundamental direto para o curso de Direito da Universidade de Brasília (UnB). Quatro anos depois, com esforço e num ritmo de estudo surpreendente (terminou a graduação em menos tempo que o normal), tornou-se em 2018 o mais jovem advogado do Brasil. Apesar de paletó e gravata contrastarem com o rosto de menino apaixonado por futebol, Mateus trata a profissão com muita seriedade e não se deixa intimidar por quem desconfia da sua juventude, tanto que já engatou, este ano, a aprovação no mestrado em Direito, também na UnB. Em entrevista a seguir, Mateus salienta que a advocacia nunca pode se dissociar do estudo: “O advogado que não escreve, não estuda, não produz é ultrapassado rapidamente”.

Como se deu a escolha do Direito como carreira, levando em conta as suas circunstâncias pessoais (pais e irmãos operadores do Direito)? Você participou de alguma feira das profissões ou avaliação vocacional?

Minha ligação com o Direito começou desde cedo, por causa dos meus pais. Mas eu demorei para optar pela profissão, porque sempre fui muito atraído por matérias de Exatas. A decisão foi profissional em última instância. Eu preferia o futuro como advogado, tendo a oportunidade de argumentar e escrever cotidianamente. Enxerguei um futuro mais promissor como advogado do que como engenheiro, por isso não hesitei depois de passar no vestibular.

Aos 17, 18 anos, muitos estudantes relatam se sentir inseguros em fazer a escolha profissional; alegam não se sentirem maduros o suficiente. Você fez essa escolha ainda mais jovem, aos 14 anos. Em algum momento você relutou, sentiu algum tipo de insegurança? Porque você poderia muito bem ter feito o Ensino Médio e prestado o vestibular junto com os seus colegas.

Eu senti insegurança na hora de decidir se iria ou não para o vestibular. Entrar na faculdade não é apenas uma questão de passar no vestibular. Envolve também um preparo emocional do aluno. Mas eu me achava maduro para a escola. Queria ir para outro ambiente, seguir minha vida. Queria voar novos voos e, por isso, não tive tantas dúvidas assim, embora tivesse receio desde sempre.

Você se considera um aluno com facilidade para os estudos, que aprende de primeira, ou mais o tipo esforçado?

Eu não tenho facilidade para estudar. Mas sou muito motivado. Sei que o estudo é a forma de vencer na vida, pelo menos para mim. Eu sempre reviso, busco aprimorar minha metodologia de estudos. Não tenho facilidade, mas tenho técnica e disciplina para fazer o que é preciso para aprender. Por isso acredito que qualquer um pode vencer nos estudos. Basta que haja uma pitada de esforço e uma metodologia correta de aprendizagem.

Como foi a sua preparação para o vestibular da UnB, levando em conta que você conciliava com os estudos regulares? Precisou abrir mão da vida social, praticava ou não algum esporte? 

Eu nunca me preparei para a prova, porque não estava com a expectativa de passar. Eu participava de muitas atividades avançadas na escola (Kumon, Center for Talented Youth da Universidade Johns Hopkins, grupo de estudos de química...). Isso me permitiu adquirir mais conhecimento do que era normal para minha idade, o que ajudou na aprovação. Mas não foi algo planejado. As coisas foram acontecendo naturalmente, graças a Deus.

Depois de ingressar na UnB, como era o convívio com os colegas mais velhos? E com os colegas da sua faixa etária que ficaram na escola?

Eu perdi contato com meus colegas da escola. Felizmente, minha entrada na faculdade foi muito positiva. Nunca revelei minha idade. Tive até que mentir em algumas ocasiões! Não queria ser “o garoto de 14 anos”. Então agia normalmente. Eu sempre tive cara de mais velho, então não foi difícil disfarçar para ter uma vida social normal.

Como você define a vocação para uma carreira? Que elementos um jovem como você deve levar em conta para fazer a melhor escolha?

Ele tem que levar em conta a questão prática: como você vai se sustentar e ter uma vida financeira próspera e confortável. Mas também deve levar em conta a questão idealista: eu vou fazer o que gosto? Vou amar meu dia a dia? Vou contribuir para o mundo com coisas valiosas, que são importantes para mim? Não adianta priorizar só um lado, senão a decepção é inevitável. A combinação dos dois pesos leva à escolha certa.

Você pretende continuar advogando ou dar continuidade aos estudos em nível de pós-graduação (em Direito ou em outra área)? Nem vou perguntar se conciliaria as duas coisas porque já imagino a resposta...

(Risos) Na verdade, é bastante difícil conciliar trabalho e pós-graduação. Mas eu faço meu melhor. Estou fazendo o mestrado em Direito Constitucional na UnB (fui aprovado em 1º lugar em dezembro do ano passado). Eu acho que a advocacia nunca pode se dissociar do estudo. Nunca. O advogado que não escreve, não estuda, não produz é ultrapassado rapidamente. Estudar é parte da minha vida. Por isso quis engatar diretamente a pós-graduação.

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