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Seg, 10 Maio 2021 14:59

Descubra a importância da fisioterapia no tratamento de sequelas provenientes da Covid-19

Fisioterapeuta do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar e professora do curso de fisioterapia da Universidade de Fortaleza traz esclarecimentos sobre o assunto


A fisioterapia tem um papel fundamental tanto durante o tratamento da doença como no período de recuperação (Foto: Getty Images)
A fisioterapia tem um papel fundamental tanto durante o tratamento da doença como no período de recuperação (Foto: Getty Images)

Há mais de um ano, o mundo todo começou a lidar com um vírus que se propaga rapidamente e possui alto índice de transmissibilidade: o novo coronavírus. Ele afeta principalmente os pulmões, podendo causar infecções e falência respiratória, além de, em muitos casos, deixar sequelas mesmo depois de comprovada a cura. Por conta disso, a fisioterapia tem um papel fundamental tanto durante o tratamento da doença como na recuperação, pois age por meio de um conjunto de técnicas e recursos que podem ser preventivas e/ou curativas.

As sequelas deixadas pela doença podem acometer desde o sistema respiratório, como falta de ar, congestão nasal e tosse, até o sistema músculo esquelético, com o surgimento de dores musculares e articulares, e fraqueza muscular, levando à dificuldade de andar. Além disso, a Covid também pode deixar alterações no sistema nervoso, como dormência ou formigamento, perda do paladar e/ou do olfato, e vertigens. Na parte gastrointestinal, pode causar sequelas como diarreia, vômito e cólica, levando ao desenvolvimento da síndrome pós-Covid, que consiste em alterações funcionais severas, resultando no comprometimento da realização das atividades de vida diária (AVD).

“Os pacientes recebem alta e, em casa, podem apresentar falta de ar, dor e/ou fraqueza muscular, adinamia etc. Acham, muitas vezes, que podem ainda estar doentes, porém se trata das sequelas da Covid-19. Todo esse conjunto de sintomas afeta diretamente na retomada de suas atividades cotidianas”, explica Fernanda Gadelha, que é fisioterapeuta e professora do curso de Fisioterapia da Unifor, instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz


 

 

Dessa forma, a fisioterapia é peça fundamental na recuperação da capacidade pulmonar, em casos de sequelas do sistema respiratório, assim como possui semelhante importância no tratamento de disfunções músculo esquelética. A conduta ideal do tratamento depende de uma avaliação minuciosa dos sintomas relatados, como esclarece Fernanda “cada paciente deve ser avaliado e, assim, a prescrição do protocolo de atendimento é personalizada de acordo com suas respectivas necessidades e baseado em evidência científica.”

Conforme a Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR), a avaliação da capacidade funcional e da funcionalidade traz informações importantes para conduzir a intervenção. Aos pacientes mais estáveis, diferentes estratégias podem ser usadas na avaliação tanto em ambiente hospitalar quanto ambulatorial. A reabilitação dos pacientes com disfunções ocasionadas pela doença é baseada em protocolos de exercícios direcionados para recuperação funcional e a intensidade dos mesmos deve ser gradual, de acordo com a resposta do paciente, proporcionando uma melhora da ventilação, da capacidade pulmonar e da oxigenação. Em casos de pacientes internados, pode ser necessário o uso de oxigênio suplementar através de cateteres de oxigênio, máscaras de Venturi ou reservatório, terapia de alto fluxo (TAF) ou ELMO, conforme critérios de avaliação da equipe multiprofissional, sendo aplicado e monitorado pelo fisioterapeuta.  

Contudo, é importante ressaltar novamente que as sequelas não se limitam apenas à função respiratória. Em alguns casos, se faz necessária a reabilitação da parte musculoesquelética, com a utilização de halteres e/ou faixas elásticas, bem como exercícios de coordenação e equilíbrio para que o paciente recupere sua funcionalidade. Além disso, também são realizadas condutas para minimizar as dores musculares e articulares relatadas.

A fisioterapeuta ainda salienta a eficácia dos tratamentos oferecidos na busca de uma melhor qualidade de vida pós-Covid “esse processo depende de uma atuação multiprofissional, onde a fisioterapia tem papel fundamental através de uma proposta de um protocolo de atendimento individualizado, buscando a recuperação dos distúrbios ventilatórios e/ou perda da funcionalidade persistente. Sempre podemos ajudar nessa melhoria, porque quando proporcionamos ao paciente a sua recuperação, ele retorna suas atividades, impactando diretamente em sua qualidade de vida.”