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Qui, 12 Julho 2018 09:07

Pesquisa como chave do protagonismo social

Seja na área acadêmica, na inovação ou no empreendedorismo, a pesquisa é fundamental para a formação de indivíduos na educação superior.


A pesquisa científica na Universidade de Fortaleza tem papel de extrema relevância. Os mais de 400 professores doutores recebem várias formas de apoio para desenvolverem atividades científicas na instituição. (Foto: Ares Soares)
A pesquisa científica na Universidade de Fortaleza tem papel de extrema relevância. Os mais de 400 professores doutores recebem várias formas de apoio para desenvolverem atividades científicas na instituição. (Foto: Ares Soares)

Foi-se o tempo em que os alunos eram meros depositários de informações, absorvendo tudo como que por osmose. Ou, pelo menos, deveria ser. Num mundo onde transformações profundas podem ocorrer num espaço de poucos anos ou meses, o estudante deve atuar como um protagonista na construção do conhecimento. 

Tal protagonismo se dá, sobretudo, por meio da pesquisa. Leituras, experimentos, levantamento de dados, formatação de estatísticas, trabalho em campo, produção de escrita científica. 

Não importa a área do conhecimento ou mesmo se você deseja ingressar numa carreira acadêmica, como professor ou pesquisador. A pesquisa é uma prática essencial para a formação de indivíduos com autonomia intelectual, postura crítica e que saibam olhar além das prescrições do senso comum.

Para o vice-reitor de Graduação da Unifor, professor Henrique Sá, a pesquisa deve perpassar todos os momentos da vida acadêmica. “A formação profissional requer, hoje, o desenvolvimento de competências mais amplas, porque nós vivemos num mundo complexo. Não podemos restringir a formação aos aspectos técnicos de uma determinada profissão. Na sala de aula, por exemplo, quando o professor instiga uma questão, coloca um problema, do nível mais elementar ao mais complexo, dependendo do estágio em que este aluno esteja, ele está estimulando o surgimento de novos pesquisadores", explica ele.

"Já na iniciação científica, nos grupos de estudo ou em projetos de pesquisa, em que o aluno, de forma voluntária institucional, se engaja numa produção orientada do conhecimento, a pesquisa se dá num patamar mais elevado. Numa instituição como a Unifor, o aluno tem todas essas possibilidades. O grande mérito da nossa instituição é esse: articular todas essas dimensões da pesquisa, desenvolvendo assim competências mais amplas”, complementa o vice-reitor.

No Brasil, existe o consenso de que a falta de estímulo à pesquisa é um dos fatores que fragilizam a nossa educação. Após anos de ensino básico, treinados no modelo de transmissão de conteúdos, muitos estudantes chegam ao ensino superior sem nunca ter feito um experimento, ou estudado apenas para o período de provas.

O professor Vasco Furtado, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (DPDI) da Unifor, acredita que a pesquisa é a chave para a inovação. “Bill Gates recentemente foi perguntado sobre que conselho daria aos jovens que desejam empreender. Sua resposta foi ‘Go into Science’ (entre na ciência). Essa resposta foi motivada pelo fato de a pesquisa ser a melhor forma de aprender a aprender, de desenvolver a capacidade de síntese e análise”.

Para instituições como a Universidade de Fortaleza, é importante ajudar o aluno não apenas a ter uma iniciação científica, como também incorporar as práticas de pesquisa a seu cotidiano, desfazendo mitos e preconceitos. É por esse motivo que a Unifor promove os Encontros Científicos, um conjunto de encontros que visam apresentar à comunidade o resultado de pesquisa nos mais diversos níveis, tanto da Unifor quanto de outras instituições de ensino superior.

“Nosso objetivo maior é socializar os resultados de estudos e pesquisas nas diversas áreas do conhecimento, além de contribuir para a aproximação da sociedade ao contexto científico da Unifor. Para nossos alunos, é um excelente espaço para treinar as habilidades de comunicação e de socialização do conhecimento”, afirma Tereza Matos, chefe da Divisão Stricto Sensu da Vice-Reitoria de Pós-Graduação da Unifor.

Depoimentos

"Fiz Engenharia Civil na Unifor. No último ano do curso, sabia que queria trabalhar com pesquisas e seguir uma careira acadêmica, mas naquela época não era tão fácil conseguir fazer um intercâmbio fora do Brasil. Meu desejo de atuar nessa área era tão grande que busquei alternativas. Comecei por me matricular num curso de alemão, pois pretendia estudar em um país de língua germânica. No último semestre, eu me candidatei a uma bolsa divulgada pela Embaixada da Áustria e fui selecionado junto com outros cinco estudantes brasileiros. Foi um período marcante em minha trajetória profissional, aos 22 anos era bolsista pesquisador na Universidade Técnica de Viena. Esta experiência foi determinante para minha carreira, mostrou-me a disciplina para exercer a atividade de pesquisa e levou-me ao exercício da docência. Tenho orgulho de exercer este mister há 46 anos na Unifor, meu primeiro emprego formal."

Professor Jackson Sávio de Vasconcelos Silva, diretor do Centro de Ciências Tecnológicas

"A pesquisa é essencial ao trabalho docente, uma vez que possibilita, a uma só vez, o aprofundamento e a amplificação do objeto estudado — em geral, na diversidade de áreas e conteúdos propostos por uma determinada formação acadêmica, aquilo que se alinha com o propósito pessoal do estudante/pesquisador. Pessoalmente, percebo que ter escolhido pesquisar sobre questões de paz e segurança internacional — opções que fiz no Mestrado e Doutorado — deu sentido à minha formação em Direito, um curso amplo de possibilidades. Ademais, ampliou minhas redes e conexões com universidades e pesquisadores internacionais, o que avalio como fundamental, na medida em que acaba por ampliar, igualmente, as oportunidades de internacionalização de meus alunos e orientandos."

Professora Candice Nóbrega Graziani, diretora do Centro de Ciência da Comunicação e Gestão

"Ainda na graduação, tinha interesse em saber o porquê e como as 'coisas' aconteciam. Sempre procurava entender a construção do conhecimento. Então posso dizer que sempre gostei de fazer pesquisa, e por isso acredito que sempre estamos fazendo pesquisa, tanto no âmbito profissional como pessoal. Por meio da pesquisa há o fortalecimento e engrandecimento da ciência, da profissão. A pesquisa nos engrandece como pessoa e como profissional, uma vez que nos instiga a descobrir novos caminhos para a compreensão e resolução de situações profissionais. Acredito que a graduação é o melhor período para um aluno se iniciar no exercício da pesquisa. É nosso dever como docentes universitários possibilitar esta experiência a nossos alunos."

Professora Lia Maria Brasil de Souza Barroso, diretora do Centro de Ciência da Saúde

"A pesquisa surgiu como desafio e oportunidade durante o Mestrado Acadêmico. Percebi que, além da pesquisa como metodologia de ensino, havia uma possibilidade de carreira como professor-pesquisador e toda uma cadeia produtiva vinculada à pesquisa (redes sociais específicas, revistas, linhas de financiamento, parcerias internacionais). Esse fato amplia as oportunidades da atuação do professor universitário. Durante o mestrado compreendi melhor a necessidade de aproximar o stricto sensu da graduação e isso tem se refletido na minha prática na Área de Gestão de Estudantes, junto à Vice-Reitoria de Ensino de Graduação."

Professora Michelle Galvão, assessora pedagógica da Vice-Reitoria de Ensino de Graduação