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Qua, 4 Setembro 2019 14:56

Pesquisa conclui: se existissem rios em Marte, bacias hidrográficas seriam iguais às da Terra

Professores cearenses publicaram artigo sobre exploração espacial através de dados das superfícies terrestre, lunar e marciana.


Erneson Oliveira, pesquisador e professor do Mestrado Profissional em Ciências da Cidade da Unifor (Foto: Ares Soares)
Erneson Oliveira, pesquisador e professor do Mestrado Profissional em Ciências da Cidade da Unifor (Foto: Ares Soares)

O artigo A Universal Approach for Drainage Basins, elaborado em conjunto entre pesquisadores da Unifor, da UFC e do Instituto Federal de Tecnologia de Zurich (Suíça), foi publicado na revista internacional de alta relevância, Scientific Reports. O estudo é direcionado para a superfície da Lua e dos planetas Terra e Marte, relacionado às bacias hidrográficas. A análise foi feita baseada em linhas de “mínimo” e de “máximo”, aspectos essenciais para estudar uma bacia hidrográfica, mesmo que não haja água na Lua nem em Marte. 

“Bacia hidrográfica é uma região por onde a água escorre. Linhas de máximo, também conhecidas como watersheds, são linhas que delimitam uma bacia hidrográfica. E linhas de mínimo, dentro de uma bacia hidrográfica são linhas que, na maioria dos casos, definem os rios”, destaca o pesquisador Erneson Oliveira, professor filiado à Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (DPDI) e ao Mestrado Profissional em Ciências da Cidade (MPCC) da Universidade de Fortaleza e um dos desenvolvedores do artigo.

Também participaram da produção do artigo, os professores Vasco Furtado, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unifor, José Soares, Rilder Pires e Rubens Oliveira, pertencentes ao Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Hans J. Herrmann, do Instituto Federal de Tecnologia (ETH) de Zurich.

Os cientistas cearenses obtiveram os resultados estatísticos através de um modelo matemático proposto, chamado “Algoritmo baseado em Percolação Invasiva” que simula inundações mediante os dados topográficos de uma região. “Consiste em um modelo que estuda o comportamento de fluídos. Existem diversos softwares em geografia que conseguem delinear as bacias hidrográficas. Nós tivemos um resultado diferenciado porque conseguimos simular, de maneira eficiente e de uma só vez, todas as bacias de um planeta”, explana Enerson. 

De acordo o pesquisador, a Lua ajudou a comprovar que o relevo do planeta Terra e de Marte são estatisticamente parecidos. “Quando aplicamos nosso modelo na Lua, vimos que apresentava um resultado diferente. A Lua tem uma atmosfera desprezível. Isso faz com que as crateras de impacto (crateras oriundas do impacto de meteoros) moldem o relevo lunar e influenciem diretamente as bacias lunares. Portanto, detectamos que os relevos da Terra e de Marte são semelhantes, e este resultado não foi influenciado pelo nosso modelo”, finaliza. 

Sobre a pesquisa

Toda a análise foi realizada no Laboratório de Engenharia do Conhecimento (LEC), localizado na Unifor. Através do modelo desenvolvido, os resultados do estudo na Terra, Lua e em Marte foram obtidos conforme a definição dos mínimos e máximos de cada um.

“Concluímos que os perímetros das áreas de bacias na Terra possuem a mesma estatística que em Marte. Portanto, os eventuais rios ancestrais de marte, se é que algum dia já existiram, se comportariam da mesma forma que os rios da Terra se comportam, em relação à complexidade da sua forma. É uma exploração espacial baseada em análise de dados”, enfatiza o professor Enerson.

“Nosso trabalho é a interface com outras áreas do conhecimento. Ele envolve conceitos de Geografia, Física, Matemática, Computação e Ciência de Dados. Hoje, se quisermos responder grandes perguntas, a ciência precisa ser interdisciplinar”, pontua.

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