Alunas ressaltam a importância dos grupos de escuta em tempos de pandemia

Lançado em agosto deste ano, o projeto Saúde Mental na Universidade prossegue com as inscrições abertas para a formação dos últimos grupos de escuta clínica virtual, destinados a alunos de graduação e de pós-graduação da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz.

A iniciativa, coordenada pela Profª. Drª. Virginia Moreira, do Laboratório de Psicopatologia e Clínica Humanista Fenomenológica (Apheto) e conduzida por professores do curso de Psicologia da Unifor, tem o objetivo de contribuir para a prevenção e a promoção da saúde mental neste momento de sobrecarga emocional, causado pela pandemia do novo coronavírus.

A aluna Rafaela Pelisser, do curso de graduação em Psicologia, foi uma das primeiras inscritas no projeto. Segundo ela, o grupo de escuta foi uma das melhores experiências que teve em 2020. “O grupo me ajudou muito durante esse tempo de pandemia”, revela Rafaela, acrescentando que estava acostumada com o convívio social na Universidade e com o contato físico com os colegas de curso e, de repente, viu-se obrigada a ter uma rotina de estudos totalmente virtual.

Já Joyce Fabrício, graduada em Enfermagem e aluna do Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza, destaca sua experiência positiva com o projeto: “é um grupo no qual consegui expressar meus sentimentos frente à pandemia. Eu me senti acolhida, amada e notada pelo fato de estarmos em contato com pessoas que estão passando pelo mesmo problema. Lá, eu tenho profissionais qualificados para me escutar”.

Confira a íntegra do depoimento das alunas no vídeo abaixo:

Como funcionam os grupos de escuta

Os grupos de escuta clínica virtual são realizados em espaço virtual seguro, sigiloso e mediado por psicoterapeutas. Neles, os participantes contam suas experiências e histórias, e os temas do dia são tecidos pelo próprio grupo.

Os encontros virtuais acontecem duas vezes por semana, com duração de duas horas, alternando turnos de realização para garantir maior adesão dos alunos. São grupos abertos e os alunos podem se inscrever mais de uma vez, sempre respeitando o limite de até 15 componentes. As inscrições podem ser feitas nesse link: https://forms.gle/MXxrmFvEkQy4Wmj8A

O projeto já realizou 14 grupos de escuta clínica virtual a partir da plataforma Google Meet. Ansiedade e necessidade de adaptação ao ensino na modalidade remota foram os mais temas mais frequentes: “os alunos, que estavam acostumados com a convivência social na academia, na universidade, e ao contato físico com os colegas, se viram obrigados a ter uma rotina totalmente virtual. Isso acarretou ansiedade, somada ao medo de contaminação pela doença e à necessidade de disciplina, de comprometimento e de produtividade na vida acadêmica”, destaca a professora Karla Carneiro, do curso de Psicologia e uma das coordenadoras do projeto.

De acordo com ela, outro sentimento apontado pelos participantes dos grupos de escuta clínica virtual foi a incerteza sobre o futuro. “Em menos de um ano, o mundo avançou cinco. A vida teve que se adaptar rapidamente às novas regras da Covid-19. A autocobrança também faz parte do pacote do novo normal”, complementa.

Além de ser um espaço de acolhimento dos estudantes da Unifor, por meio dos grupos de escuta virtual, o projeto realiza um diagnóstico da sua saúde mental dos alunos a partir de um questionário on-line, aberto a toda a comunidade discente. O objetivo é colher dados sobre eles, identificar demandas, avaliar a condição da saúde mental e propor novas intervenções psicológicas que promovam o bem-estar e a qualidade de vida dos alunos.

Segundo a professora Karla Carneiro, os benefícios dos grupos são diversos. Dentre eles, as pessoas podem desenvolver uma escuta mais compreensiva sobre as suas próprias experiências e as dos demais participantes do grupo nesse momento de crise, reconhecer e aprender sobre si mesmas a partir do encontro com as diferenças das outras pessoas, ampliar um olhar compreensivo para consigo mesmas e com o outro e experimentar um funcionamento mais coerente com os próprios sentimentos e uma maior aceitação de si mesmas.