null Entrevista Nota 10: Victor Hugo de Albuquerque e a Tecnologia como aliada da Ciência

Ter, 4 Agosto 2020 14:23

Entrevista Nota 10: Victor Hugo de Albuquerque e a Tecnologia como aliada da Ciência

Professor do Programa de Pós-graduação em Informática Aplicada da Universidade de Fortaleza destaca como a inovação promove melhorias para o campo da saúde


Professor Victor Hugo de Albuquerque é também colaborador do Mestrado Profissional em Enfermagem da Unifor (Foto: Ares Soares)
Professor Victor Hugo de Albuquerque é também colaborador do Mestrado Profissional em Enfermagem da Unifor (Foto: Ares Soares)

Mestre em Engenharia de Teleinformática e Doutor em Engenharia Mecânica, Victor Hugo Costa de Albuquerque, docente do Programa de Pós-graduação em Informática Aplicada da Universidade de Fortaleza (PPGIA), instituição da Fundação Edson Queiroz, traz a curiosidade embutida no “DNA” de sua profissão. 

Reconhecido como sênior pelo Instituto de Engenheiros, Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), organização voltado para o avanço na eletricidade, eletrônica e computação, ele lidera o grupo de pesquisa “Industrial Informatics, Eletronics and Health”, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (CNPq). Como pesquisador, reconhece que é preciso estimular também nos alunos um olhar voltado para a construção de soluções inovadoras que contribuem de forma direta para melhorias na sociedade. 

Confira a seguir a entrevista completa:

Entrevista Nota 10: Professor, como anda o interesse dos jovens pela pesquisa científica? Estimular esse interesse é um desafio?

Victor Hugo: Como todas as coisas que acontecem no mundo, existem alunos desinteressados, que visam somente receber um diploma sem ter conhecimento suficiente para ser inserido no mercado de trabalho. O segundo perfil está relacionado aquele que não se interessa por pesquisa, mas tem conhecimento suficiente para desempenhar um trabalho satisfatório na Indústria. Finalmente, temos os alunos curiosos, aqueles que não estão preocupados somente em notas altas, mas sim em desenvolver algo que possa contribuir de alguma forma com a sociedade. Estes têm um perfil acadêmico e, na maioria das vezes, ingressam no mestrado e, consequentemente no doutorado. Obviamente que nem todos os alunos de mestrado e doutorado, pensam assim, muitos deles querem o diploma para receberem mais nos seus empregos. Devemos aproveitar o perfil do aluno interessado em ciência, que queira desenvolver pesquisa e propor inovação tecnológica. Isso não depende do aluno, e sim da capacidade do professor, na graduação, em identificar esse aluno, que, a cada dia, é muito raro. Para estimular em sua carreira acadêmica, podemos trabalhar em diferentes abordagens, tais como: bolsas de iniciação científica, em que a própria Unifor é uma instituição de fomento, publicações de artigos em periódicos internacionais renomados, parcerias com nossos colegas fora do Brasil, abrindo a possibilidade de um doutorado no exterior ou um pós-doutorado. 

Entrevista Nota 10: Que diferenciais os alunos do PPGIA Unifor têm em sua formação, enquanto pesquisadores na sociedade?  

Victor Hugo: Os docentes do PPGIA são bastante qualificados, tendo conquistado inúmeros prêmios com os trabalhos de seus alunos como, por exemplo, melhores trabalhos de mestrado, melhores artigos científicos apresentados em congressos, melhores artigos em revista, entre outros, sempre voltados para o interesse da sociedade. Além do mais, o PPGIA é composto por professores bolsista do CNPq, que estão entre os melhores do Brasil e, alguns, entre os melhores do mundo em termos de produção científica. Portanto, o aluno egresso do PPGIA normalmente tem bastante sucesso em sua carreira, seja acadêmica ou profissional. 

Entrevista Nota 10: Além de docente do PPGIA, você é professor colaborador do Mestrado Profissional em Enfermagem da Unifor. Diante da pandemia que estamos vivendo, como a Informática tem sido uma aliada da Saúde?

Victor Hugo: Resolvi trabalhar com Engenharia Biomédica exatamente pela necessidade de usar meu conhecimento e de meus alunos para desenvolver novas tecnologias para auxiliar os especialistas da área da saúde em suas tomadas de decisões, tornando o tratamento de enfermidades mais lúdicos, propondo ferramentas computacionais para serem aliadas aos experts, uma vez que a tecnologia é uma aliada fundamental para todas as áreas do conhecimento, principalmente na Saúde. É importante ressaltar, neste período de pandemia, que muitos sistemas, utilizando técnicas de Inteligência Artificial, estão sendo propostos para predição de quantidade de leitos, EPI's, máscaras, infectados, utilização de drones para limpeza hospitalar, detecção de pessoas no estado febril por meio de câmeras térmicas, identificação de aglomerações; e, finalmente,  análise de imagens de Raios-X e Tomografia Computadorizada do pulmão para segmentar, classificar e quantificar regiões afetadas pela Covid-19. 

Entrevista Nota 10: Você tem desenvolvido algumas pesquisas sobre a Covid-19. O que elas abordam e quais os resultados já obtidos? 

Victor Hugo: Atualmente estamos trabalhando com alguns parceiros bastante qualificados, como nosso aluno egresso do PPGIA Nauber Gois, atualmente coordenador de Machine Learning da Secretaria de Saúde do Ceará (SESA) e o LAPISCO, laboratório do IFCE coordenado pelo professor Pedro Pedrosa Rebouças Filho, no qual temos desenvolvido e disponibilizado os algoritmos para diferentes tipos de predição, bem como para processamento e análise de imagens médicas para detecção da Covid-19. 

Entrevista Nota 10: Para o futuro pós-pandemia, existem inovações que estarão cada vez mais presentes no cotidiano? 

Victor Hugo: A tecnologia nunca irá parar de crescer, sempre existirá a necessidade de desenvolver sistemas inteligentes/especialistas para substituir funções realizadas por serem humanos ou para otimizar aquelas já existentes. Isso nas diferentes áreas, Educação, Saúde, Segurança, Indústria, por exemplo. Isso não gera desemprego, e sim a necessidade de uma mão de obra mais qualificada para atender a necessidade do mercado.