null Espaço Cultural Unifor lança exposições “O Céu como Limite” e “Macedônia” 

Espaço Cultural Unifor lança exposições “O Céu como Limite” e “Macedônia” 

Mostras de Mario Sanders e da dupla de artistas Daniel Chastinet e Wilson Neto ficam em cartaz até 7 de agosto de 2022 


A mostra da dupla de artistas Daniel Chastinet e Wilson Neto e a individual de Mario Sanders entram em cartaz nas galerias do térreo (Imagem: cartazes das exposições)
A mostra da dupla de artistas Daniel Chastinet e Wilson Neto e a individual de Mario Sanders entram em cartaz nas galerias do térreo (Imagem: cartazes das exposições)

Duas semanas depois do lançamento da mostra “100 Anos da Semana de Arte Moderna em Acervos do Ceará”, a Fundação Edson Queiroz recebe duas novas exposições a partir desta quinta-feira, 7 de abril, nas galerias do térreo do Espaço Cultural Unifor: “O Céu como Limite” e “Macedônia”. A visitação é gratuita e as mostras de artistas cearenses ficam em cartaz por quatro meses.

Mario Sanders expõe desenhos, bordados, objetos e pinturas na primeira individual que realiza desde 2017. A mostra, que reúne trabalhos de coleções públicas e privadas, tem curadoria de Izabel Gurgel. Já Daniel Chastinet e Wilson Neto trazem telas em técnica mista e cadernos de viagem inspirados pela residência artística na República da Macedônia do Norte. O curador é Aldonso Palácio.

Os bordados de Sanders

“O céu não tem limite. E na minha visão, nada se acaba, tudo se transforma e em outras dimensões ganha uma nova vida”, explica Mario Sanders, que já participou de exposições coletivas realizadas pela Fundação Edson Queiroz. O artista nascido em Aquiraz, cidade litorânea a cerca de 40 km de Fortaleza, apresenta em “O Céu Como Limite”, pela primeira vez, uma significativa produção de bordados.  É a linguagem artística de uso mais recente por parte de Sanders, que começou a bordar há cerca de sete anos. 

Mario Sanders surgiu na cena artística de Fortaleza nos anos 1980, participando do grupo Fratura Exposta, o coletivo de seis jovens artistas. Ainda no início da carreira, foi premiado no Salão de Abril. Também marcou presença em outras edições da Unifor Plástica e construiu uma trajetória no jornalismo como ilustrador de cadernos e suplementos de cultura. Artista gráfico, faz livros e atua na publicidade. 

A curadora Izabel Gurgel diz: “Mario Sanders vem de uma casa de mulheres e homens às voltas com as manualidades: fazer renda de bilros, bordar, fazer rede de  pesca, trabalhar com madeira na feitura de objetos úteis, cotidianos,  como bancos para sentar, comer, conversar, olhar o tempo, alçar o  corpo para pegar algo que não está ao alcance. Práticas e ofícios que  abrem caminhos para ele nas artes”.

A origem familiar influencia a criação do artista que volta ao Espaço Cultural Unifor. “Da tradição das rendeiras de Aquiraz, que conta tanto sobre nosso povo e nosso artesanato, também vem a gênese dessa mostra realizada pela Fundação Edson Queiroz. Afinal, as linhas da vida do artista plástico Mario Sanders estão intrinsecamente costuradas à arte. Vem de outras gerações o tac-tac dos bilros que teceram a vida familiar. Das mãos da mãe e da avó, ele herdou cores e inspiração para desenhar novos caminhos”, disse a presidente da Fundação, Lenise Queiroz Rocha, sobre a nova exposição.

O vice-reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Universidade de Fortaleza, professor Randal Pompeu, ressalta a relevância do artista que está à frente de nova exposição individual. "Mario Sanders é um artista com trajetória consolidada no cenário cultural cearense, mas que continua a reinventar-se, explorando novas linguagens, suportes e temáticas. É também um artista cuja história já está marcada na Fundação Edson Queiroz, por ter sido premiado em duas edições de Unifor Plástica (1986 e 2007), em uma delas com uma viagem à Bienal de Veneza".

Viagem à Macedônia

O mergulho em outra cultura trouxe à tona novos horizontes criativos para Daniel Chastinet e Wilson Neto. A residência artística na República da Macedônia do Norte, em 2019, foi a gênese da exposição “Macedônia”, dos artistas cearenses. As obras contam sobre expandir olhares e viajar no cotidiano, tudo em dupla. Por meio das pinturas e dos relatos de viagem, eles reduzem a distância geográfica e cultural entre o Ceará e o país do sudeste europeu, localizado a cerca de oito mil quilômetros de Fortaleza, cidade natal de ambos.

“As obras aqui apresentadas não pretendem uma ficção linear, muito menos descrever um país. A intenção de Daniel Chastinet e Wilson Neto não foi guiada por registros cronológicos nem por anotações e imagens sistematizadas. Os viajantes transcenderam à própria viagem e abraçaram a liberdade no campo da pintura ao preferir construir uma poética da memória, um álbum carregado de conjecturas e de imagens-gatilho”, ressalta o curador da mostra, Aldonso Palácio.

O cotidiano vivenciado na cidade macedônia de Bitola transforma-se em sensações, ideias e cores. “Duas portas, entradas para dois mundos distintos. Ou saídas que se encontram no mesmo local. Foi assim nosso processo de criação – saindo de uma porta e encontrando um espaço de câmbio criativo”, explicam os artistas em relação a uma das obras expostas, que traz o simbolismo do acesso da passagem a outro local.

“Os artistas deixaram-se mergulhar em outra cultura e imiscuir-se em outro lugar. O que nasce dessa imersão são obras que mesclam a vivacidade e a liberdade de criar”, diz sobre a mostra a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha. As 23 obras em técnica mista são um passeio pelas cores capturadas ao longo da viagem. Para a presidente da FEQ, Daniel Chastinet e Wilson Neto “são os nossos guias para a experiência de olhar o que nos convoca a parar, observar e alimentar a criatividade”.

O vice-reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor, Randal Pompeu, relembra a importância das vivências dos artistas que estão em cartaz na nova mostra. "Após residência artística na Macedônia e exposição em Brasília, Daniel Chastinet e Wilson Neto integram o já consolidado circuito de mostras de artistas cearenses do Espaço Cultural Unifor, antes de seguirem sua itinerância em Sófia, na Bulgária. Trata-se, portanto, de exposição carregada de experimentações, referências multiculturais e aprendizados mútuos, valores igualmente cultivados pela Fundação Edson Queiroz em sua atuação cultural", diz o vice-reitor.

Fundação Edson Queiroz

A Fundação Edson Queiroz se orgulha por promover há décadas o desenvolvimento social, educacional e cultural do Estado e da região Nordeste. Criada em 26 de março de 1971, a Fundação foi uma das formas encontradas pelo industrial Edson Queiroz de retribuir, em forma de responsabilidade social, tudo o que a sua terra já lhe concedera. O maior entre os projetos sociais encampados pela Fundação Edson Queiroz se materializou na Universidade de Fortaleza (Unifor).

Inaugurado em 1988, o Espaço Cultural Unifor é um dos mais importantes instrumentos de disseminação da arte no Brasil. Por meio do acesso gratuito às exposições, promove renovação e democratização do conhecimento das identidades artísticas, históricas e culturais do país. O espaço já abrigou mostras exclusivas, nacionais e internacionais, como Rembrandt, Candido Portinari, Miró, Beatriz Milhazes, Antonio Bandeira, Vik Muniz e Burle Marx.

Serviço
O Espaço Cultural Unifor fica no Prédio da Reitoria da Universidade de Fortaleza. Av. Washington Soares, 1321, Bairro Edson Queiroz, Fortaleza-CE. Todos os protocolos de segurança vigentes são seguidos. 

Exposições “O Céu Como Limite” e “Macedônia” 
Abertura: dia 7 de abril de 2022 – 19h 
Visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 19h – sábados e domingos, das 10h às 18h 
Mais informações: (85) 3477.3319