null Lançamento da Campanha Doe de Coração reúne mais de 1.500 pessoas na Unifor

Qui, 6 Setembro 2018 17:47

Lançamento da Campanha Doe de Coração reúne mais de 1.500 pessoas na Unifor

Solenidade contou com a participação do médico Drauzio Varella e da vice-presidente da Fundação Edson Queiroz, Manoela Queiroz Bacelar.


Drauzio Varella no lançamento da campanha Doe de Coração 2018. Foto: Ares Soares.
Drauzio Varella no lançamento da campanha Doe de Coração 2018. Foto: Ares Soares.

A campanha Doe de Coração, da Fundação Edson Queiroz teve seu início em 2003, um ano antes, em 2002, a Central Estadual de Transplantes do Ceará registrou 297 procedimentos cirúrgicos. Com apenas um ano de projeto, o número aumentou para 420, registrando aumento de 41%. Desde então, a iniciativa ajudar a mudar o cenário dos transplantes de órgãos e tecidos no estado, que hoje é referência em todo o Brasil.

A 16ª edição da campanha foi lançada oficialmente na última quarta-feira, 5 de setembro, pela vice-presidente da Fundação Edson Queiroz, Manoela Queiroz Bacelar, e pelo médico cancerologista Drauzio Varella, em solenidade realizada na Praça Central do campus da Universidade de Fortaleza (Unifor), que reuniu mais de 1.500 pessoas, entre alunos, gestores e colaboradores da instituição, e estudantes do Ensino Médio.

O evento teve início com a apresentação da médica e cordelista Paola Tôrres, que apresentou um sarau literário com cordéis autorais, em seguida o médico Drauzio Varella proferiu palestra sobre trajetória e carreira profissional, em que abordou desde a sua infância até a consolidação da sua carreira como médico e comunicador. Durante sua fala Drauzio reforçou a importância da campanha Doe de Coração. “Essa é uma campanha de grande impacto nacional, que ajuda a mudar a vida das pessoas. É muito interessante para o país”, ressaltou. Ele ainda frisou a importância de informar a família o desejo de ser um doador de órgãos, comparando os transplantes realizados no Brasil a um cenário global.

Estiveram presentes na solenidade de lançamento o chanceler da Unifor, Edson Queiroz Neto, a reitora Fátima Veras, o vice-reitor de graduação, Henrique Sá, o vice-reitor de extensão Randal Pompeu, e o artista plástico José Guedes, responsável por redesenhar a tradicional marca do movimento com cores vibrantes e figuras geométricas.

A Campanha

A vice-presidente da Fundação Edson Queiroz, Manuela Queiroz Bacelar, explicou que o objetivo da campanha Doe de Coração é salvar vidas ao mesmo tempo em que leva esperança para famílias que estão na fila de espera. “Durante toda a campanha a Fundação Edson Queiroz reforçará duas palavras poderosas: Sou Doador. Informe à sua família sobre seu desejo de ser doador”, declarou.

Manuela falou ainda sobre o crescimento dos números de doação ao longo das edições da Doe de Coração. “De 2003, ano em que se iniciou o movimento, os números dão conta desta realidade. Em 2002, foram 297 transplantes realizados no Ceará, em 2017, foram 1.517”, destacou.

Vale ressaltar que  somente em 2018, até o dia 3 de setembro, já foram realizados 954 transplantes, sendo 147 transplantes de rim, 1 de rim e pâncreas,  21 de coração, 150 de fígado, 2 de pulmão, 64 de medula óssea (46 autólogos e 18 alogênicos), 569 de córnea e 1 de esclera.

Como resultado a campanha registra um aumento de 261,19% de transplantes, desde  a sua primeira edição, o que representa um total de mais de 15 mil transplantes, segundo dados da Central Estadual de Transplantes do Ceará.

O Movimento Doe de Coração envolve principalmente veiculação de anúncios em jornais, portais de notícias, rádios e emissoras de televisão, além de distribuição de folderes, cartazes e camisas para funcionários das empresas do Grupo Edson Queiroz, a fim de mobilizar e solidarizar os colaboradores para a campanha. O objetivo é alcançar e impactar o maior número de pessoas a fim de otimizar a doação de órgãos.

Assim como na edição de 2017, serão veiculados depoimentos de transplantados que foram beneficiados pela doação de órgãos e tecidos. Para aumentar a interatividade, os vídeos da campanha também serão divulgados nas mídias da Unifor e do Grupo Edson Queiroz.

Além disso, o Movimento Doe de Coração terá mais uma vez como diferencial a realização de campanhas de mobilização em espaços urbanos de grande fluxo da cidade, como avenidas, praças, parques públicos e hospitais públicos e privados.

Confira a seguir entrevista com o médico Drauzio Varella:

Como se situa o Ceará em relação aos transplantes realizados no país?

Nós temos uma falta crônica de órgãos para transplantes. Pelo tamanho do Brasil, temos um número reduzidos de equipes. O Ceará é um dos mais bem equipados para transplantes. Isso se reflete no número e nos resultados. Equipes preparadas. Gente que estudou fora. Trabalha nessa área por dedicação exclusiva ao assunto.

O que falta para a doação se tornar um hábito?

Conheci um centro de transplantes em Madri e outro em Barcelona. Os espanhóis possuem os melhores resultados entre o número de órgãos doados em relação à população. É exemplo no mundo. O que eles fizeram lá? Primeiro fizeram um Centro que coordena todos os transplantes no País. Segundo, fizeram centro regional. Os hospitais públicos colocam um plantonista responsável pelos transplantes. Quanto representa isso para um hospital público lá? Nada, praticamente.

Em 20 anos, criamos esse programa nacional de transplante que é um dos maiores do mundo. Vai nos Estados Unidos fazer um transplante de fígado para ver quanto vai custar. Aqui é de graça. Nós avançamos muito. As filas ainda são grandes. Muita gente morre antes do transplante.

Qual o papel das universidades na conscientização sobre a doação?

A universidade é quem congrega a inteligência do País. Estamos em uma situação no Brasil, quando você considera o Sistema Único de Saúde (SUS), em que temos o maior programa de transplantes gratuito do mundo. Não existe nenhum país em que você fala transplante gratuitamente no número que o Brasil faz. É um programa que precisa ser mantido. A sociedade civil tem que encarar a doação de órgãos como uma responsabilidade dela. Não é um problema do Estado, é um problema das sociedades brasileiras. A gente não sabe se vai precisar de transplante daqui a uma semana ou um ano. Temos que nos mobilizar, de ter consciência de que o Estado não vai resolver sozinho.