null Ponha a mão na consciência ambiental

Qui, 3 Dezembro 2020 15:14

Ponha a mão na consciência ambiental

Saiba como a Engenharia Ambiental mostra os caminhos para preservar a vida no planeta e garantir um futuro mais sustentável


Engenheiros e engenheiras ambientais e sanitaristas destacam valores importantes para um estilo de vida mais saudável e sustentável (Foto: Ares Soares)
Engenheiros e engenheiras ambientais e sanitaristas destacam valores importantes para um estilo de vida mais saudável e sustentável (Foto: Ares Soares)

Tempestades, inundações, estiagens prolongadas, desastres socioambientais causados pela atividade humana. A severa crise ecológica global confirma: engenheiros e engenheiras ambientais e sanitaristas são os médicos do planeta, aqueles que, ao pensar e implementar as mudanças necessárias para amenizar a destruição do meio ambiente, têm nos ajudado a fazer escolhas singulares sobre o futuro que desejamos ter, os valores a serem ensinados para as próximas gerações, os novos modos de produção e consumo em curso. Como indutores de um estilo de vida mais saudável e sustentável, também nos instigam a perguntar que legado vital deixaremos para nossos descendentes. Mas se há um mundo novo em gestação, como se preparar para ele e contribuir com a correção da rota na direção de um modelo de gestão - público e privado – mais eficiente, “limpo” e consciente?

Na Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária forma profissionais aptos a avaliar e remediar os impactos ambientais de empreendimentos nos ecossistemas naturais e urbanos, mas também capazes de propor ações alternativas para preservação, conservação e recuperação do meio ambiente, o que resulta em desenvolvimento sustentável. Coordenador do curso, o professor Oyrton Monteiro tem acompanhado de perto a formação cujo foco recai sobre problemas reais e respostas às demandas locais, sem perder de vista a amplitude global do tema e do próprio mercado onde a economia verde já é vista como a economia do futuro.

“Percebo nos graduandos uma atenção especialmente focada no gerenciamento de resíduos sólidos e na questão dos lixões, principalmente nos municípios, problema grave no Brasil como um todo. Enquanto países desenvolvidos não trabalham mais nem com aterros sanitários ainda lidamos com os lixões na maioria das cidades brasileiras. É uma pauta urgente”, destaca o professor. Saneamento básico, fornecimento de água potável e esgotamento sanitário, segundo ele, são outros desafios socioambientais que o estado deve enfrentar prioritariamente. “Quando falamos nisso estamos falando também de saúde pública. E é fato: gastamos muito mais para tratar nossos doentes do que se cuidássemos do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável”, critica.

Para Oyrton, o cumprimento da legislação é outro desafio para o qual os futuros profissionais já saem da Unifor preparados a enfrentar. “Seja em que local de trabalho nossos formandos atuarem eles estarão procurando fornecer subsídios práticos e legais para as empresas diminuírem o impacto de suas atividades fins no meio ambiente, seguindo indicadores nacionais e internacionais. Mas ainda é preciso ir além, sensibilizando o poder público para a aplicação da lei de forma correta. Ainda precisamos caminhar bastante nisso. Mas aqui já pensamos em cidades inteligentes e sustentáveis, desenvolvendo projetos diversos que vão desde a concepção de escolas de ensino fundamental e médio ecologicamente corretas a ações de reutilização e reciclagem de resíduos sólidos, passando por drenagem de águas fluviais, licenciamentos ambientais, dimensionamento de aplicação de projetos de energias renováveis e recuperação de áreas degradadas, entre outros”, ilustra o professor.

Conscientização. Eis a palavra-chave que envolve o centro da problemática. “Todo e qualquer projeto de desenvolvimento sustentável deve ter seu pilar em um plano de educação ambiental, visando uma mudança de comportamento. É uma questão de política pública também e que não está refletida a contento na atuação das lideranças mundiais”, aferra o professor. Mas se no macro a mudança de atitude é mais lenta e complexa, no micro ele acredita que pode-se sim fazer a diferença. Pequenos gestos, grandes mudanças: “Cada um e cada uma, no lugar aonde vive, pode ser mais cuidadoso, observando a procedência do que consome, verificando se aquele produto tem o selo verde, obedecendo às orientações de como ele deve ser descartado, ou seja, se no lixo comum ou em algum ponto de descarte apontado pela própria empresa que fará a reciclagem ou reuso daquele resíduo... E, claro, optar sempre por empresas que se preocupem com critérios de sustentabilidade ambiental, social e de governança, além de procurar informação de qualidade para esclarecer os colegas de trabalho, os familiares, a rede de amigos sobre viver em harmonia com o meio ambiente. Essas são algumas formas de fazermos a nossa parte”, sugere. 

Ecologia, eu quero uma pra viver

Mudança climática e aquecimento global. Para a engenheira ambiental e sanitarista egressa da Universidade de Fortaleza, Marina Queiroz, 27, por muito tempo tais termos pareciam inócuos para a maioria dos brasileiros, mas as altas temperaturas; os recentes desastres ambientais, como o de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, ambos causados pela mineradora multinacional Vale; o aumento galopante nas contas de energia e as queimadas na Amazônia e no Pantanal, cuja fumaça chegou a escurecer até o céu de São Paulo, têm feito o cidadão comum sentir na pele algumas das consequências gritantes relacionadas às agressões ao meio ambiente.

São tragédias que colocam em xeque, ela acredita, a assinatura do Brasil no Acordo de Paris, em 2015, quando foi firmado o compromisso de reduzir até 2025 as emissões de gases de efeito estufa no país em até 37% (comparados aos níveis emitidos em 2005), estendendo essa meta para 43% até 2030. “Estamos assistindo, quase em tempo real, a frequentes tragédias ambientais em território nacional e constatando assim que não temos líderes governamentais preocupados com isso. Ao contrário. O Governo Federal tem desrespeitado o Acordo de Paris e vai muito mal no cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o que muito dificulta uma mudança cultural em prol da qualidade de vida no planeta”, sustenta. 

Mas se reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, é o principal objetivo do Acordo de Paris, para Marina, no entanto, não basta cobrar só do poder público o alcance de metas que visam chegar ao tão necessário desenvolvimento sustentável. É preciso que o consumidor médio refute, no dia a dia e da forma como lhe for possível, o modelo de desenvolvimento econômico vigente, aquele que não apenas se mostra incapaz de acabar com as desigualdades sociais, como está colocando em risco a sobrevivência dos seres humanos na Terra. Tudo porque a crise climática também envolve empregos, saúde, educação, oportunidades, o que leva a própria ONU a clamar pelos milhões de trabalhadores diretamente prejudicados diante dos impactos climáticos, em especial aqueles ligados a setores como turismo e agricultura, que perdem seus meios de subsistência enquanto a temperatura global só cresce, obrigando outras tantas pessoas no mundo a se submeter a condições de trabalho insuportáveis.

“Em um mundo com recursos naturais finitos, é impossível imaginar que todos cresçam indefinidamente. Para que os demais países alcancem os padrões de produção e consumo das nações ditas desenvolvidas, um só planeta não seria suficiente. Mas qual a alternativa então? Começar a pensar e valorizar novos modelos de negócio desde já. O Governo deveria ter um incentivo ambiental para as empresas, nos moldes do incentivo fiscal, e o consumidor tem que começar a dar preferência pra valer às empresas ecologicamente corretas”, defende. Ela também quer ver o mundo se forçar a mudanças de costumes. “É tudo muito complexo e por isso mesmo muito difícil de mudar, já que não é todo mundo que está disposto se deslocar de transporte público ou de bicicleta ao invés do carro, assim também como são raras as pessoas que abririam mão de certos confortos, como usar ar-condicionado ou levar seu lixo reciclável até um ponto de coleta ao invés de simplesmente deixar do lado de fora da casa. Mas são essas mudanças de hábitos as alternativas que dispomos para projetar e fazer valer uma vida mais saudável e sustentável no aqui e agora”, sublinha.

Para proteger e conservar o meio ambiente, vigiar e punir é preciso, admite, mas criar empatia e esclarecer também.  “Vejo que, mesmo diante de todos os prejuízos já causados e sem volta, o setor privado é um dos que mais contribuem para uma reparação climática hoje no mundo, já que as normas de certificações e as legislações têm feito pesar no bolso mesmo. As empresas são penalizadas caso descumpram, diferentemente dos órgãos governamentais, que quando erram ou se ausentam, normalmente ficam impunes. Mas não é pela punição ou para parecer legal que se deve aderir à onda verde. Ou porque em um processo de licitação um fornecedor terá vantagem sobre o outro caso desenvolva alguma ação sustentável. Mas porque está claro que não há mais recursos naturais disponíveis usar sem repor, porque pode ser financeiramente vantajoso investir em sustentabilidade e porque criar novas tecnologias e matérias-primas não poluentes é um gesto salva-vidas mesmo, hoje e amanhã”, conclui.  

Para repensar o progresso

Fechar a torneira enquanto escova os dentes ou se ensaboa durante o banho, economizando água. Organizar a coleta seletiva do próprio lixo. Evitar copos e talheres de plástico, além dos canudos, os grandes vilões poluentes de rios e mares. Consumir produtos com selo verde e refutar marcas que se valem de trabalho escravo ou testam em animais. Priorizar o transporte público e a bicicleta como meios de transporte. Não descartar aquele óleo usado em frituras no ralo da cozinha. Eis o trivial simples ou por onde começar caso a intenção seja impactar positivamente no meio ambiente, segundo o engenheiro ambiental e sanitarista Álvaro Dourado, 25, egresso da Universidade de Fortaleza e hoje training da Companhia Siderúrgica do Pecém, onde atua junto ao gerenciamento dos resíduos sólidos no setor de produção. 

Em grande escala, porém, sua defesa é pela diversificação da matriz energética dos países poluidores, levando em conta um dado alarmante retroativo a 2014, quando se soube que mais de 80% de toda a energia fornecida no mundo vinha de apenas três fontes - todas elas fósseis: petróleo, carvão mineral e gás natural. O Brasil corria por fora: enquanto na maior parte dos países a matriz energética era prioritariamente não-renovável, o uso do etanol em território nacional respondia por 40% de sua matriz limpa. Álvaro lembra que, no que se refere à energia elétrica, devido à opção pela hidreletricidade, o compromisso assumido pelo país na Conferência do Clima, em Paris (COP 21), foi o de manter a alta participação de fontes renováveis, com maior produção de etanol e de biodiesel.

O Brasil se comprometeu a diversificar a sua matriz elétrica, aumentando a participação das chamadas 'novas renováveis' - eólica, solar e biomassa - na geração de energia. Isso, sem dúvida, é a mais relevante contribuição na tarefa de recuperar a qualidade ambiental para a manutenção da vida na Terra. Um recente estudo da Agência Internacional para as Energias Renováveis, Irena, diz que a energia eólica pode cobrir mais de um terço das necessidades globais de energia, tornando-se a principal fonte de geração de energia do mundo. Segundo a pesquisa, com uma implementação acelerada de energias renováveis, combinada com um aumento da eletrificação e maior eficiência energética, será possível atingir, até 2050, mais de 90% das reduções de emissões de dióxido de carbono, CO2, necessárias para cumprir o Acordo de Paris”, regozija-se Álvaro.

Segundo ele, os principais modelos de desenvolvimento adotados nos últimos anos geraram altos custos ambientais e sociais. E somente atuando de forma sistêmica é que governos, acadêmicos e líderes ao redor do mundo poderão conceber e implementar novas estratégias a fim de atender a demandas de bem-estar, equilíbrio ambiental e crescimento econômico. “Como conciliar os anseios de consumo de uma crescente classe média global com os limites de recursos do planeta? Qual o papel de indivíduos, governos, setor privado, academia e outros atores nessa transição? E que novos conceitos de desenvolvimento podemos experimentar, levando em conta os limites e os desafios de sua aplicação na atual conjuntura?”, interroga-se, lembrando que, durante a graduação na Unifor, ao se aproximar da pesquisa científica e tecnológica, é que passou a se apropriar do conceito de desenvolvimento sustentável com base em estudos de viabilidade técnico-econômica. 

Hoje, com um mestrado em curso, Álvaro acredita que as ciências contemporâneas oferecem, cada vez mais, recursos conceituais aplicáveis na exploração das possíveis configurações globais que devemos experimentar nas próximas décadas. “Nós e as próximas gerações viveremos em um planeta amplamente modificado pelo conjunto das atividades humanas. Os desafios – e oportunidades – que se abrem hoje têm precisamente essa dimensão planetária. E é estimulante saber que os setores de empregos que mais crescem em várias economias são os relacionados a energia solar, eólica e geotérmica e negócios relacionados. Há um amplo mercado, portanto, se abrindo cada vez mais para os engenheiros ambientais e sanitários, que também está intimamente ligado à inovação tecnológica e pesquisa, o que vai exigir de nós formação múltipla para propor ações preventivas de preservação, conservação e recuperação do meio ambiente”, conclui. 

Distintivos sustentáveis

Extenso, o currículo da engenheira ambiental e sanitarista Sandra Elisa Pinheiro, egressa da Universidade de Fortaleza, faz saltar aos olhos uma comprovada experiência como auditora interna das Normas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001. A rigor, cabe a ela elaborar licenças ambientais e fornecer laudos técnicos ou mesmo dar treinamentos para empresas e indústrias interessadas em adquirirem as credenciais necessárias para se distinguirem como sustentáveis em um mercado global cada vez mais comprometido com a recuperação e preservação do meio ambiente. Contratada pelo grupo Labor Life, parceiro da Unifor, a também sócia da Personal vibra com a mais recente certificação e sua aceitação imediata: não à toa, a bola da vez é a ISO 37.001, norma anticorrupção ou antissuborno - Compliance.

“Para que uma empresa possua certificações ela precisa ter licença ambiental. A Certificação ISO 14001:2015, por exemplo, é uma norma internacional que melhora a imagem da empresa perante seus clientes, fornecedores, colaboradores e demais partes interessadas, buscando a expansão do mercado. Ambientalmente falando, quando uma empresa está certificada pela ISO 14001:2015, ela está 100% legalizada diante de toda sua documentação ambiental. Isso significa que a empresa tem todas as Licenças Ambientais exigidas,  controla o destino final dos resíduos gerados por ela, faz análises da água, do efluente lançado, tem métodos de controle de possíveis passivos ambientais, entre outras ações ecologicamente corretas”, explica Elisa.

Daí porque seu primeiro conselho para quem quer contribuir com a qualidade de vida no presente ou no futuro é: consuma prioritariamente produtos ou serviços produzidos por empresas certificadas e com licenças ambientais vigentes. Antes disso, a ordem seria democratizar tais informações, centrando foco em ações públicas e privadas de educação ambiental. “Não adianta muito implantar projetos sustentáveis ou licenças ambientais sem que o povo tenha conhecimento sobre o que é isso ou que benefícios vai trazer. Se visamos conscientizar, então todos membros da sociedade devem acessar e participar do processo. Por isso é importante ter como base a família e a escola, ou seja, desde criancinha aprender como preservar o meio ambiente, como economizar água ou cuidar do descarte correto dos seus resíduos”, enfatiza.

Ter um estilo de vida mais sustentável sim, mas não porque está na moda. “Trata-se hoje de uma necessidade básica e uma estratégia de sobrevivência. E isso deveria ser tratado como tal por indivíduos também. Como? Que tal plantar a sua horta, evitar o excesso de consumo e as compras desnecessárias, combater o desmatamento, comprar frutas e verduras orgânicas, sem agrotóxicos, que contaminam o solo e o lençol freático? Que tal não só apostar na reciclagem, como também na reutilização dos produtos? Empresas como a Lyon Energy, para a qual trabalho e que presta serviços para a Enel, faz isso: por último, transformou cones de sinalização quebrados em lixeiras e mesas de apoio. Antes, ao levarmos esses resíduos plásticos para a associação de catadores havia custos  referentes ao deslocamento do motorista, risco de acidente de trânsito ou assalto, emissão de CO2. Com o reuso, todo o processo se tornou mais sustentável”, ilustra Sandra, lamentando não ter observado o mesmo efeito duradouro em relação à queda na emissão de CO2 durante a pandemia, já que as medidas de confinamento social não perduraram.

Saiba mais

É uma certificação que tem a oferecer vantagem competitiva e de melhoria contínua para as empresas, indústrias, instituições em geral, tem como objetivo a correção de erros, reduzindo custos e processos ineficientes. Todos ganham com isso: empresa, funcionários e clientes. 

Visa a implementação de um sistema de gestão ambiental, onde torna-se possível  que todas as organizações ( empresas, indústrias, comércio, e outros), independentemente do seu porte, desenvolvam práticas sustentáveis em seus negócios: produtos e serviços.

É uma norma para o Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (SGSSO), a qual traz como eixo o crescimento do desempenho de qualquer empresa em termos de Saúde e Segurança do Trabalho (SST). Promovendo e protegendo a sua saúde física e mental do colaborador - Segurança no trabalho.

É uma norma que fornece os requisitos  e a devida orientação para estabelecer, implantar, manter e aperfeiçoar um sistema de gestão anticorrupção nas instituições.