seg, 13 novembro 2023 18:22
Qual a conexão entre arte, cultura e saúde? Saiba mais sobre debate científico
A Revista Brasileira em Promoção da Saúde (RBPS) realizou evento no Mundo Unifor 2023 para discutir o uso da arte no cuidado psicológico
A famosa médica brasileira Nise da Silveira, que trabalhou por anos em hospitais psiquiátricos, afirma que “todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade. Ela é indestrutível. A criatividade está em toda parte”.
Sabendo que a arte é um processo lúdico, consciente e subjetivo que o ser humano produz sobre o que sente, como vê a vida, as emoções e as pessoas, a produção artística nos ajuda a reinventarmos formas de ver o mundo e a nós mesmos, ajudando assim a elaborarmos melhor nossas dores, medos e angústias.
Diversas áreas da ciência, especialmente a da saúde, discutem e estudam as possibilidades da cultura como uma ferramenta de desenvolvimento do bem-estar humano. Pensando nisso, pesquisadores e profissionais promovem debates para entender melhor essa conexão, como o que aconteceu no evento “Cultura e Arte como Instrumento de Promoção de Saúde”.
A ocasião foi a primeira palestra promovida pela Revista Brasileira em Promoção da Saúde (RBPS), que faz parte do Conselho Superior de Editoração (CSE) da Universidade de Fortaleza — instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz. O momento ocorreu no dia 17 de outubro como parte da programação do Mundo Unifor 2023.
Para compor a mesa, foram convidadas Camila Moreira, doutora em Arte e Cultura Digital pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e atual coordenadora dos cursos básicos de artes visuais da Escola Porto Iracema das Arte, e a psicóloga Ana Almeida, docente e assessora pedagógica do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Unifor e editora-chefe da RBPS. A mediação ficou por conta de Aliria Aiara Duarte, mestra em Artes e membro do CSE.
Um debate sobre arte e promoção da saúde
O evento abordou a concepção do uso da arte também como processo de cuidado psicológico, auxiliando profissionais da saúde e usuários, abrangendo o modelo biopsicossocial e rompendo com a estratégia biomédica da “cura pela cura”.
A mesa de discussão foi composta por Ana Almeida, Camila Moreira e Aliria Duarte (Foto: Arquivo pessoal)
Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de São Paulo (USP), Ana Almeida iniciou a discussão ao abordar a arte como um meio de cuidado e promoção da saúde — tanto na perspectiva de elucidar sensações, emoções e tensionamentos como no fortalecimento de outras ferramentas de proteção, tratamento e reabilitação de sujeitos.
A psicóloga convidou os participantes a pensarem nas ambiências de expressão artística livre e emancipatória, a partir do aspecto preventivo (ter acesso e criar arte como forma de evitarmos adoecimentos psicológicos) e também no aspecto de auxílio de pacientes que já passam por algum sofrimento, seja físico ou psicológico.
Já Camila Moreira apresentou sua trajetória e explicou como a arte esteve sempre entrelaçada com suas escolhas. Muito mais do que isso, a professora trouxe a narrativa autobiográfica como expressão de produção artística. Foi um momento de elucidação sobre como podemos ver arte no cotidiano, na forma como levamos a vida. Escolher falar de si como processo criativo é também uma escolha de produção artística.
O evento ainda contou com a participação do público, que compartilhou vivências ao fim do debate (Foto: Arquivo pessoal)
Depois da fala das convidadas, houve um momento de debate aberto com plateia sobre as experiências relacionadas à arte. Alguns dos presentes mencionaram experiências nas quais a arte foi primordial para a superação de um momento difícil, expressão subjetiva de algo que estivesse passando e realizações pessoais por meio da produção artística.
Analisando a riqueza do evento
A professora Dra. Juliana Pinto, gestora do Conselho Superior de Editoração (CSE) da Unifor, declara que o objetivo do evento foi mostrar que a arte e a cultura também podem fazer parte da promoção da saúde das pessoas, saindo um pouco do foco do modelo biomédico no cuidado com a doença.
“Queríamos apresentar outras formas de enfrentamento à condição de saúde. Além disso, foi um momento para divulgação da RBPS e ampliação do escopo da revista, que passa a receber manuscritos com essa perspectiva, e também do CSE, setor que gerencia o portal de periódicos da Unifor” — Juliana Pinto, gestora do Conselho Superior de Editoração (CSE) da Unifor
Para a professora, foi um momento muito rico de troca de experiências, especialmente da convidada Camila, que trouxe, de forma leve e alegre, diversas maneiras de interação da arte e da cultura na saúde de jovens e adultos e experiências de vida de mulheres que representam essa interação, incluindo sua história de vida.
“O público acolheu muito bem a fala dela e interagiu apresentando também suas vivências e depoimentos, contribuindo para uma tarde maravilhosa de partilha”, relata a coordenadora do CSE.
Com a ampliação do escopo da Revista Brasileira em Promoção da Saúde (RBPS), Juliana revela que o setor pensa em atrair autores — sejam eles profissionais da saúde, gestores, acadêmicos ou pesquisadores — que vejam a arte e a cultura como promotores de saúde.
“O resultado pode ser um relato de experiência ou algum artigo original, por exemplo, que envolva esses temas de forma prática, mostrando ‘o que’, ‘como’ e até mesmo ‘por que’ a arte e a cultura são capazes de influenciar e modificar a saúde das pessoas”, conclui.
Sobre o CSE
Quer publicar artigos científicos? Conheça mais sobre o Conselho Superior de Editoração (CSE), setor voltado para a comunidade acadêmica da Universidade de Fortaleza e que disponibiliza diversos serviços para alunos e professores.
Buscando deixar a pauta científica mais próxima da comunidade acadêmica, a Unifor conta com o CSE no gerenciamento de importantes periódicos científicos da instituição, como a RBPS e demais revistas. Confira o portal de periódicos aqui.