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Seg, 18 Abril 2022 10:09

Entrevista Nota 10: Fernanda Gadelha e o papel da Fisioterapia na qualidade de vida

Professora do curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza ressalta a importância dos fisioterapeutas no enfrentamento à pandemia de Covid-19 


Fernanda Gadelha é fisioterapeuta, mestra em Fisioterapia pela UFRN e especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória (HM/ESP) (Foto: Ares Soares)
Fernanda Gadelha é fisioterapeuta, mestra em Fisioterapia pela UFRN e especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória (HM/ESP) (Foto: Ares Soares)

Profissão que leva esperança, a Fisioterapia atua na prevenção e recuperação da capacidade física e funcional dos pacientes. Para Fernanda Gadelha, mestra em Fisioterapia e Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória, a carreira na área oferece possibilidades diversas destinadas à promoção da saúde. 

Professora do curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, ela fala com exclusividade ao Entrevista Nota 10 sobre os desafios dos fisioterapeutas diante da pandemia de Covid-19, enfatiza a importância da qualidade da gestão na saúde pública e aborda ainda os diferenciais presentes na formação da Unifor. Leia na íntegra: 

Entrevista Nota 10 - Professora, você é uma das autoras do livro "Enfrentamento à Covid-19”: a construção da coragem coletiva", registro bibliográfico sobre a situação da pandemia no Ceará. Como surgiu a ideia desse projeto e como foi o processo de escrita?

Fernanda Gadelha - Esse livro foi uma iniciativa da Escola de Saúde Pública do Ceará na tentativa de deixar registrado os principais momentos da Pandemia em nosso Estado. Além de professora do curso de Fisioterapia trabalho no Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), uma Organização Social de Saúde que faz a gestão de alguns equipamentos de saúde no Ceará, fico responsável pela gerência de Ensino e Pesquisa. E o convite chegou num momento onde estávamos todos voltados para as questões agudas da pandemia, como: treinamento massivo de novos funcionários, protocolos assistenciais sendo atualizados quase que diariamente, então parar e escrever foi um desafio extra, mais que meio ao caos que estávamos entendia que era preciso ter esse registro, até porque tivemos iniciativas que fizeram a diferença para a saúde de nosso Estado e todos precisam conhecer essa história.

Entrevista Nota 10 - Falando sobre a pandemia: na sua avaliação, quais são as principais mudanças que esse novo cenário trouxe para os profissionais da saúde, em especial da Fisioterapia? 

Fernanda Gadelha - É histórico na humanidade que todo momento de caos leva a picos de desenvolvimento na humanidade e esta pandemia não foi diferente... As mudanças ocorreram em todas as instâncias, o e-commerce avançou, as indústrias tiveram que parar , em alguns momentos, e se adaptar às necessidades da atualidade, toda a cadeia que envolve a saúde ficou superaquecida, da indústria farmacêutica e material médico hospitalar até as inúmeras oportunidades de emprego, nunca se viu uma necessidade tão grande de profissionais qualificados (que muitas vezes não tínhamos e nesse vazio surgiu a oportunidade para os recém formados, que foram convocados para antecipar suas colações e entrar nessa luta). As práticas de ensino a distância foram utilizadas do ensino Infantil até as pós-graduações,  as teleconsultas foram autorizadas pelos conselhos, as pesquisas aconteceram muito rápido, uma força tarefa mundial e a ciência foi a nossa "arma" mais potente contra esse vírus,  que era desconhecido naquele momento. Baseado na ciência podemos entender o que fazer para ganhar essa luta, mas principalmente podemos entender o que não devíamos fazer, e para a fisioterapia, em especial a fisioterapia hospitalar com enfoque na terapia intensiva ganhou notoriedade mundial, o nosso reconhecimento como profissional indispensável na equipe multidisciplinar ultrapassou as barreiras de quem precisa e passamos a ser reconhecidos por toda a comunidade, a fisioterapia é uma profissão nova, se comparado a medicina e enfermagem, e pandemia nos colocou na "vitrine", como consequência surgiram mais oportunidades de emprego e um reconhecimento financeiro melhor.

Entrevista Nota 10 - E qual o papel da fisioterapia respiratória durante e depois da Covid, sobretudo, em pacientes que desenvolveram o quadro grave da doença?

Fernanda Gadelha - A fisioterapia tem um papel fundamental durante a internação do paciente, sendo a categoria que fica responsável pelo monitoramento da parte ventilatória e funcional dos mesmos. Checar exames de sangue, como a gasometria arterial e fazer ajustes na quantidade de oxigênio ofertada ao paciente e o monitoramento da mecânica respiratória para ajustes do ventilador mecânico fizeram parte de nossas rotinas, por vezes exaustivas. Pronar um paciente deixou de ser a exceção na UTI e todo cuidado e atenção com esses pacientes eram determinantes das sequelas que eles poderiam ter futuramente, mas neste momento o nosso maior objetivo era salvar vidas, vidas salvas por um trabalho onde a interdisciplinaridade foi linda de se ver e de se viver: muitas trocas, muito respeito e muita cumplicidade, e quando tudo se estabilizava, paciente de alta hospitalar, mais um desafio era colocado em nossas mãos: devolver a funcionalidade desses pacientes, fazer eles acreditarem que poderiam sim voltar as suas vidas, respirar tranquilamente, ter fôlego para realizar suas atividades, se locomover de maneira independente. Através dos programas de reabilitação pulmonar, treinamento envolvendo alongamentos, fortalecimento de grandes grupos musculares e exercícios aeróbicos, ajudamos esses pacientes a se restabelecerem.

Entrevista Nota 10 - Como gerente de Ensino e Pesquisa do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), qual é a importância de uma gestão de qualidade no âmbito da saúde pública? Há desafios? 

Fernanda Gadelha - O conceito de qualidade está ligado ao setor saúde há muitas décadas e é um dos elementos estratégicos para a transformação e melhoria dos sistemas de saúde. A Qualidade em saúde não é conceito simples, pois envolve a perspectiva do outro, então temos diferentes significados para pessoas em papéis diferentes... profissional da saúde, paciente, gestor... e eu posso mudar a minha percepção desse conceito se eu mudar de papel. Mas no geral, a Gestão da Qualidade busca trabalhar uma prática clínica baseada em evidências, com o menor risco para os pacientes e familiares, com a maior eficiência e com a maior satisfação dos usuários e profissionais de saúde. Trabalhando a gestão por processos e com uma visão centrada no paciente. O ISGH é uma instituição que trabalha com foco na gestão da qualidade, gestão por processos, experiência do paciente e uma gestão eficiente e transparente. A saúde tem problemas de subfinanciamento em todo o país, então somos desafiados constantemente a gerir o recurso público como muita responsabilidade e  prestar uma assistência de qualidade, atualmente somos responsáveis pela gestão plena de 6 hospitais, dos quais 3 são acreditados pela ONA   e 1 unidade pela ACSA, uma certificação internacional, além disso fazemos a gestão de 9 UPAS, sendo 1 delas acreditada pela ONA, a gestão da Casa de Cuidados do Ceará e uma gestão compartilhada com a SMS de 94 de UAPS, 15 CAPS e 1 policlínica. Acredito que estamos no caminho, seguindo o nosso propósito... lutando para transformar a saúde para bem estar social.

Entrevista Nota 10 - Por meio de quais diferenciais o curso de Fisioterapia da Unifor capacita futuros profissionais para atuação em gestão de serviços em saúde e educação, além do empreendedorismo?

Fernanda Gadelha - O curso de Fisioterapia da Unifor tem alguns módulos onde abordamos as questões voltadas para gestão e empreendedorismo, além disso, o curso conta com alguns gestores de serviços de saúde e toda essa bagagem de gestão é implementada na rotina com os alunos nos mais diversos módulos. Outro diferencial do curso para esse despertar da gestão estão nos variados cenários de práticas ofertados aos nossos alunos, onde eles passam por unidades de saúde de administração direta, de gestão plena por OSS e de gestão compartilhada, OSS e município; além das unidades de saúde privadas, então o aluno experiência realidades diferentes em níveis de atenção primária, secundária e terciária.

Entrevista Nota 10 - Para finalizar: qual mensagem você deixa para quem pensa em cursar fisioterapia? Como explorar as diversas possibilidades que a área oferece? 

Fernanda Gadelha - A Fisioterapia tem ganhado notoriedade em suas diversas áreas de atuação, sou uma entusiasta da profissão... cheguei ao curso muito tímida e sem imaginar o que profissão iria me oportunizar, por meio dela vi a possibilidade de fazer a diferença na vida dos que mais precisam, dos que sofrem... então me senti presenteada por essa profissão... Que benção usar minhas mãos para aliviar a dor e o sofrimento e devolver sorriso e esperança. Mas a fisioterapia é uma profissão com muitas áreas de atuação, no início ficamos confusos com tantas opções: desportiva, terapia intensiva, pediatria, neonatologia, terapia manual, neurologia, traumatologia, dermatofuncional, entre tantas especialidades, escutem seus corações, siga-o! A base de tudo é estar num curso sólido e em uma universidade que possa te proporcionar experiências diversificadas, não só em nosso Estado, mas também em outros países, e esse curso você só encontra na Melhor, então vem para a Unifor!