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Qui, 15 Fevereiro 2024 10:10

Entrevista Nota 10: Gláucia Posso e a atuação ética e responsável em nutrição

Presidente do Conselho Regional de Nutricionistas da 11ª Região discute a importância dos órgãos de classe para regular o trabalho em nutrição, além de apresentar o projeto CRN-11 Visita


Professora da Universidade Estadual do Ceará, Gláucia é nutricionista e doutora em Saúde Coletiva (Foto: Arquivo pessoal)
Professora da Universidade Estadual do Ceará, Gláucia é nutricionista e doutora em Saúde Coletiva (Foto: Arquivo pessoal)

No Brasil, já são mais de 200 mil profissionais atuando como nutricionistas, segundo dados do Conselho Federal de Nutrição em 2023. Com a crescente expansão do setor, a atuação de órgãos reguladores se faz essencial para a prática responsável e ética, trabalhando junto, inclusive, às instituições de ensino superior (IES) que formam tais especialistas da saúde.

Dentre desse contexto, podemos destacar o projeto CRN-11 Visita, promovido pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 11ª Região — que foi inaugurado em 2021 e atende os estados do Ceará, Piauí e Maranhão. De acordo com a presidente do CRN-11, Gláucia Posso, a iniciativa surgiu da necessidade de se aproximar cada vez mais da formação profissional nas universidades.

“As ações promovidas pelo CRN-11 Visita têm como objetivo principal oferecer aos estudantes uma visão mais ampla sobre a profissão de nutricionista, abordando temas das áreas técnica, ética e de fiscalização. Além disso, as atividades visam fomentar o diálogo entre os profissionais e as instituições de ensino, fortalecendo a relação entre academia e conselho profissional”, explica.

Doutora em Saúde Coletiva, ela esteve na Universidade de Fortaleza no dia 07 de fevereiro para participar da abertura de uma série de palestras do CRN-11 Visita. O evento foi promovido em parceria com o curso de Nutrição da Unifor e contou com a presença de diversos profissionais do Conselho.

Gláucia é docente do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), além de coordenar o Observatório de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde no Ceará.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, a nutricionista fala sobre o novo Conselho e discute a importância dos órgãos de classe para a atuação ética e responsável em nutrição, além de explicar o projeto CRN-11 Visita.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — O Conselho Regional de Nutricionistas da 11ª Região (CRN-11) é um novo braço do Conselho Federal de Nutrição que passou a funcionar no início de 2022, abrangendo Ceará, Piauí e Maranhão. Poderia contar qual foi o intuito de criar a regional e como essa decisão auxilia no trabalho do órgão de classe? Por que Fortaleza foi escolhida para ser a sede? 

Gláucia Posso — A instalação do CRN-11 foi aprovada em 25 de junho de 2021, com o intuito de potencializar as ações orientativas, disciplinátorias e fiscalizatórias do exercício e atividades das profissões de nutricionista e de técnico em nutrição e dietética nos estados do Ceará, Maranhão e Piauí.

Em 2021, o quantitativo de profissionais e empresas que atuam na área de alimentação e nutrição nesses três estados demandava um atendimento mais ágil e próximo. Portanto, foi realizado o desmembramento do Conselho Regional de Nutricionistas da 6ª região, com sede em Recife (PE), e a nova sede foi estruturada na cidade de Fortaleza, no Ceará.

A cidade de Fortaleza foi escolhida pois é a capital do estado que mais concentra profissionais e empresas na área de alimentação e nutrição na jurisdição do CRN-11.

Entrevista Nota 10 — Analisando o atual mercado de nutrição, quais são os principais desafios e perspectivas que os profissionais da área precisam estar atentos, especialmente no que diz respeito à ética de conduta?

Gláucia Posso — A população brasileira está vivendo mais e sofrendo de doenças e agravos não transmissíveis que são fortemente influenciados pelo estilo de vida. Além disso, o número de pessoas com sobrepeso e obesidade tem aumentado em todas as faixas etárias, sendo considerado um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Nesse contexto, a alimentação não saudável é um dos fatores de risco modificáveis que devem ser o foco das ações dos profissionais da saúde, especialmente o nutricionista, buscando cuidar da saúde de forma cada vez mais integral.

Adicionalmente, em paralelo ao elevado número de sobrepeso e obesidade, temos ainda dados preocupantes de insegurança alimentar e nutricional na população brasileira e nos estados do Ceará, Maranhão e Piauí. O profissional nutricionista atua zelando pela Segurança Alimentar e Nutricional da população, garantindo o Direito Humano à Alimentação Saudável.

Entrevista Nota 10 — Em tempos de redes sociais, o boom de influencers sobre saúde, principalmente no âmbito de nutrição e dietas, tem tido um largo alcance de público. Sob uma perspectiva profissional, quais os benefícios e obstáculos criados por esse cenário? Os conselhos precisam monitorar ou fiscalizar os conteúdos e profissionais que atuam nessas plataformas? 

Gláucia Posso — Os benefícios residem na possibilidade de disseminar informações sobre hábitos alimentares saudáveis e promover a conscientização sobre a importância da nutrição para a saúde. No entanto, os obstáculos surgem quando há desinformação, principalmente vinculada ao compartilhamento de informações falsas, oferta de promessas milagrosas com resultados rápidos e pouco realistas. Isso pode levar a escolhas alimentares prejudiciais e impactar negativamente a saúde das pessoas.

Sob uma perspectiva ética, é fundamental que os profissionais nutricionistas que atuam nesse segmento utilizem os meios de comunicação de forma responsável e ética. Devem respeitar os princípios fundamentais do código de ética profissional, fornecendo informações precisas e baseadas em evidências científicas.

Nesse contexto, os conselhos profissionais desempenham um papel importante ao monitorar e fiscalizar as atividades dos profissionais que utilizam as redes sociais para promover seus serviços ou disseminar informações relacionadas à nutrição. É importante garantir que esses profissionais atuem de acordo com os padrões éticos estabelecidos, evitando práticas enganosas ou prejudiciais ao público. Assim, o Conselho pode contribuir para a promoção de uma comunicação mais ética e responsável no campo da nutrição e saúde por meio da fiscalização de nutricionista e também do exercício ilegal da profissão.

Entrevista Nota 10 — Como surgiu a ideia do projeto CRN-11 Visita? Qual o intuito e a importância das ações promovidas pela iniciativa?

Gláucia Posso — A ideia do projeto CRN-11 Visita surgiu da necessidade de se aproximar cada vez mais da formação profissional das Instituições de Ensino Superior (IES) dentro da jurisdição do Conselho. As ações promovidas pelo CRN-11 Visita têm como objetivo principal oferecer aos estudantes uma visão mais ampla sobre a profissão de nutricionista, abordando temas das áreas técnica, ética e de fiscalização. Além disso, as atividades visam fomentar o diálogo entre os profissionais e as instituições de ensino, fortalecendo a relação entre academia e conselho profissional.

A importância dessas atividades reside no fato de que elas contribuem significativamente para a preparação dos futuros nutricionistas, capacitando-os para atuar de maneira ética, responsável e alinhada com as demandas da profissão e do mercado de trabalho. O CRN-11 Visita representa, portanto, um compromisso do Conselho com a excelência na formação profissional e o fortalecimento da categoria nutricionista. 

Entrevista Nota 10 — Nesta quarta-feira (07), você esteve na Unifor para participar da abertura da série de palestras do CRN-11 Visita, ministradas para o público do curso de Nutrição. Como foi a experiência do evento? O que essa troca de conhecimento proporcionou ao público e aos palestrantes? 

Gláucia Posso — O evento foi excelente. Contamos com a presença de muitos alunos do curso de Nutrição e docentes da Unifor, que proporcionaram um ambiente de muitas trocas de informações e aprendizados. A Universidade é uma parceira do CRN-11, e a coordenação de Nutrição forneceu todo o apoio necessário para que o evento fosse um verdadeiro sucesso, contribuindo para o fortalecimento da profissão e aproximando cada vez mais o Conselho dos nutricionistas, bem como dos futuros profissionais.

Entrevista Nota 10 — Qual a influência de ações como essas, trazidas para o campus da Universidade de Fortaleza, na formação dos futuros profissionais de nutrição? Por que atuar junto às instituições de ensino superior nessa frente de conscientização? 

Gláucia Posso — A aproximação dos Conselhos Profissionais e entidades de representação durante a graduação aprimora a formação profissional dos alunos e docentes do curso de Nutrição, desenvolvendo seu senso político e consciência das questões profissionais. Isso os capacita a atuar de maneira ética e crítica, fortalecendo a categoria.

Esse contato oferece oportunidades para os estudantes se engajarem em discussões relevantes, conhecerem de perto as regulamentações e os desafios da área. Essa troca de experiências e conhecimentos contribui significativamente para a preparação dos futuros nutricionistas, promovendo um exercício profissional mais responsável e alinhado com as necessidades da profissão e do mercado de trabalho.