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Seg, 24 Julho 2023 16:59

Entrevista Nota 10: Marcus Miranda e o uso da Inteligência Artificial na gestão executiva

Especialista em Gestão Empresarial e Governança de Tecnologia da Informação, ele fala sobre o uso de IA por empresas na tomada de decisões, além de explicar como as novas ferramentas estão afetando o mercado


Coordenador do eixo Tecnologia da Pós-Unifor Lato Sensu, Marcus também coordena o setor de Portfólio, Projetos e Pessoas da Totvs Nordeste Brasil (Foto: Arquivo pessoal)
Coordenador do eixo Tecnologia da Pós-Unifor Lato Sensu, Marcus também coordena o setor de Portfólio, Projetos e Pessoas da Totvs Nordeste Brasil (Foto: Arquivo pessoal)

A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma visão do futuro para se tornar uma realidade, já estando acessível nos mais diversos aplicativos, plataformas e serviços em nosso cotidiano. Antes mesmo desse aumento na popularidade das IAs, muitas empresas já vinham utilizando tal tecnologia para otimizar processos. 

Segundo o CDO Study 2023 — pesquisa que consulta executivos em posição de Chief Data Officers (CDOs) nos principais mercados da IBM, empresa global de tecnologia e inovação —, 51% dos CDOs brasileiros utilizam IA e dados para tomar decisões melhores e mais dinâmicas.

E o mercado mundial vem respondendo a essa transformação de postura na gestão executiva ao reestruturar seus processos internos. Para Marcus Miranda, especialista em Gestão Empresarial, Gestão de Projetos e Governança de Tecnologia da Informação, é essencial realizar essa reconfiguração por algumas razões.

“Em primeiro lugar, os processos que envolvem IA exigem novos indicadores-chave de desempenho (KPIs). É necessário desenvolver métricas adequadas para medir o sucesso e o impacto dessas tecnologias em diferentes contextos”, diz o coordenador do MBA em Gestão Analítica com Business Intelligence e Big Data da Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz.

Marcus é coordenador de Portfólio, Projetos e Pessoas na regional Nordeste da Totvs Brasil — multinacional líder em sistemas e plataformas e a primeira empresa brasileira de tecnologia a integrar o Índice Bovespa. Ele trabalha desde 2006 com implantação de software, gestão de projetos e de processos.

Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, o professor possui MBA em Governança de Tecnologia da Informação pela Estácio. É mestrando em Ciências de Dados e Inteligência Artificial na Unifor, instituição onde também cursou os MBAs em Gestão de Projetos e em Gestão Empresarial.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, Marcus fala sobre o uso de IA pela gestão executiva de empresas na tomada de decisões, além de explicar como as novas ferramentas estão afetando o mercado e analisar o papel do ambiente acadêmico no estudo e desenvolvimento dessa tecnologia.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — De que forma a Inteligência Artificial tem afetado a estrutura das organizações e suas demandas internas? Poderia dar exemplos? 

Marcus Miranda — A Inteligência Artificial tem causado impacto na estrutura das organizações e em suas demandas internas. Profissionais que atuam no corte de cana-de-açúcar não precisam mais utilizar uma impressão digital para registrar sua presença. A inteligência artificial auxilia na detecção facial, permitindo que a batida de ponto seja feita de forma mais eficiente e precisa.

Profissionais envolvidos na detecção de fraudes em balanços contábeis enfrentam desafios significativos ao lidar com grandes volumes de dados. Hoje em dia, algumas empresas já utilizam inteligência artificial para realizar essas análises e identificar possíveis fraudes de forma mais eficaz.

Esses são apenas alguns exemplos de como a inteligência artificial está transformando diferentes setores e trazendo soluções inovadoras para questões específicas. O avanço dessas tecnologias oferece oportunidades para aumentar a eficiência e melhorar os processos internos das organizações.

Entrevista Nota 10 — O mercado global, não só o de tecnologia, também tem respondido às inovações tecnológicas com uma mudança de postura na gestão executiva. Mas além da mudança de visão dos profissionais que tomam decisões, também se faz necessária uma reconfiguração dos processos internos para chegar a resultados melhores e mais rentáveis?

Marcus Miranda — Sem dúvida, é essencial realizar essa reconfiguração por dois motivos que identifiquei. Em primeiro lugar, os processos que envolvem inteligência artificial exigem novos indicadores-chave de desempenho (KPIs). É necessário desenvolver métricas adequadas para medir o sucesso e o impacto dessas tecnologias em diferentes contextos.

Em segundo lugar, o processo de formação desses profissionais exige habilidades distintas, alinhadas com um mundo impulsionado pela inteligência artificial. Para se manterem competitivos no mercado de trabalho em constante evolução, todos devem investir em desenvolvimento profissional e capacitação, adquirindo as competências necessárias para trabalhar efetivamente com essas tecnologias avançadas.

Um exemplo prático disso é o sucesso do ChatGPT, que demonstra como a correta formulação de perguntas é crucial para aproveitar ao máximo essa ferramenta. Embora possa parecer simples à primeira vista, dominar a habilidade de fazer as perguntas certas exige prática e conhecimento.

Outro exemplo importante é a inclusão da inteligência artificial nos sistemas de gestão. Essa integração traz mudanças significativas no processo de utilização desses sistemas, tornando a reconfiguração fundamental para aproveitar plenamente os benefícios da IA nesse contexto específico.

Entrevista Nota 10 — Qual o papel das instituições acadêmicas na discussão e no desenvolvimento de novas tecnologias? E na construção de um mercado de trabalho mais atualizado e preparado para lidar com essas transformações?

Marcus Miranda — A instituição de ensino desempenha um papel fundamental no processo de desenvolvimento dessas tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial, Ciência de Dados, Python, Deep Learning, entre outras. Além disso, desempenha um papel crucial na disseminação dos aspectos éticos envolvidos, um tema que está sempre presente quando se trata de Inteligência Artificial.

Construir uma Inteligência Artificial livre de vieses é, na minha opinião, um desafio significativo. Em nossa instituição, incentivamos nossos alunos a pensarem em soluções inovadoras e também enfatizamos o desenvolvimento de habilidades interpessoais (soft skills).

Entrevista Nota 10 — A Universidade de Fortaleza tem uma forte presença na formação profissional e na pesquisa em tecnologia, contando com cursos de especialização, MBA, mestrado e doutorado na área. Como a Unifor tem preparado seus estudantes para atuarem na gestão e na liderança corporativa utilizando IA e demais ferramentas digitais?

Marcus Miranda — Temos o curso de Gestão Analítica com BI e Big Data (Turma 7 com matrículas abertas), com foco em Business Intelligence. Os alunos são preparados para auxiliar as empresas na tomada de decisões. Ao final do curso, eles realizam um trabalho prático que envolve a criação de um projeto de Business Intelligence completo, desde o início até o fim. Utilizamos tecnologias como Power BI, Tableau e Python.

No MBA em Ciência de Dados (Turma 7 com matrículas abertas), oferecemos um grande diferencial ao elaborar um projeto real junto com os alunos durante o curso. A abordagem prática é uma constante ao longo de todas as disciplinas, com desafios e trabalhos orientados por projetos. Esse aspecto é um diferencial significativo na formação dos alunos, que saem do curso com um portfólio aplicável em entrevistas na área.

Acabamos de lançar a Especialização em Engenharia de Dados, em resposta à alta demanda por profissionais com esse perfil no mercado. Acreditamos que, com nossa expertise, podemos formar profissionais altamente qualificados e tecnicamente competentes. Nosso corpo docente é composto por grandes nomes da área de dados no Brasil. Todos os cursos incluem projetos práticos reais, nos quais resolvemos problemas de empresas, saindo da zona de conforto e pensando fora da caixa.

Eu sou aluno do Mestrado em Informática Aplicada, com ênfase em Ciência de Dados e Inteligência Artificial, e posso afirmar que o curso tem um grande diferencial. É extremamente prático e conta com professores que possuem um vasto conhecimento em Inteligência Artificial e Ciência de Dados. Além disso, realizamos projetos reais no Laboratório de Ciência de Dados e Inteligência Artificial (LCDIA).

Também oferecemos um programa de Doutorado na mesma linha, Ciência de Dados e Inteligência Artificial, o que faz da Universidade de Fortaleza um grande polo nacional nessa área, com especializações, mestrado e doutorado disponíveis.