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Seg, 9 Janeiro 2023 16:31

Entrevista Nota 10: Randal Pompeu e um novo futuro à vista

Doutor em Gestão e mais novo Reitor da Unifor, Randal Pompeu comenta sobre o papel da tradição em responsabilidade social como força transformadora e de ensino, além de compartilhar as perspectivas para o futuro da instituição


Por 18 anos, Randal esteve à frente da Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária da Universidade de Fortaleza (Foto: Ares Soares)
Por 18 anos, Randal esteve à frente da Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária da Universidade de Fortaleza (Foto: Ares Soares)

A partir do dia 9 de janeiro de 2023, a Universidade de Fortaleza — instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz — tem um novo nome na Reitoria: o professor Dr. Randal Martins Pompeu. Após 18 anos como Vice-Reitor de Extensão e Comunidade Universitária, ele assume o mais alto cargo do campus ao qual já dedicou três décadas de compromisso e resultados de destaque.

“Assumir a Unifor é um orgulho enorme porque é uma instituição muito importante, robusta, consolidada, reconhecida nacional e internacionalmente e que tem muitas áreas. Como a própria definição diz, é uma Universidade, um universo de conhecimentos que estão aqui, todos agrupados. Gerenciar esta instituição é bastante desafiador, e eu fico feliz por encarar esse novo desafio na minha vida profissional”, declara.

Graduado em Engenharia Civil e mestre em Informática Aplicada, professor Randal conquistou seu título de doutor em Gestão pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Portugal. Em 2011, sua tese “A Responsabilidade Social da Universidade na Formação de Capital Humano e como Ferramenta de Desenvolvimento Local Sustentável” explorou os casos da Unifor e da UTAD, reforçando sua trajetória e competência no assunto.

É docente do Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas (PPGA) da Unifor, onde ministra a disciplina Responsabilidade Social Corporativa. Além da docência, ele acumula experiência em cargos de gestão na Universidade: foi coordenador do curso de Informática, chefe de gabinete da Reitoria e diretor de Extensão, antes do setor virar Vice-Reitoria.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, o professor Randal Pompeu compartilha sua experiência profissional e jornada na Unifor, além de falar sobre o papel transformador da responsabilidade social e as perspectivas para o futuro da Universidade. 

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 – Desde muito cedo sua vida foi permeada pelo mundo acadêmico, tendo sua família seguido um longo histórico universitário. Seu avô Antônio Martins Filho, inclusive, foi um dos fundadores e primeiro reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC). De que forma essa tradição familiar influenciou sua paixão e trajetória profissional em instituições de ensino superior?

Randal Pompeu – Tive essa influência universitária desde criança. Meus pais são ligados à universidade: meu pai foi procurador, minha mãe foi procuradora e professora universitária e meu avô, Antônio Martins Filho, um visionário do ensino superior, foi fundador da Universidade Federal do Ceará, com quem eu tinha muita proximidade. E sou casado com Gina Pompeu, também professora universitária, assim como meu filho Victor Pompeu.

Fiz graduação aqui na Unifor, onde cursei Engenharia Civil. Trabalhei oito anos no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), onde fui engenheiro. Eu havia morado um período na França, trabalhando com computação, e estava migrando da área de engenharia e construção para a de informática. Quando voltei, em 1993, fui convidado pelo chanceler Airton Queiroz para ser professor e coordenador do curso de Informática. Fiquei lá por sete anos, quando tive a oportunidade de reestruturar a matriz curricular do curso. Fiz mestrado em Informática Aplicada, com área de concentração em educação a distância. Era um campo que estava ainda nascendo naquele momento, com os primórdios da informática e da popularização do computador. Lembro que promovemos vários cursos de capacitação aqui para ensinar a usar o Windows, o Word, o Excel – que ainda era algo distante da realidade das pessoas.

Depois fui chefe de gabinete do Reitor Antônio Colaço, quando passei mais para a parte administrativa, continuando a dar aula. Em seguida, exerci a função de diretor de Extensão durante alguns anos e depois de Vice-Reitor de Extensão. Nesse momento, pude desenvolver e aliar a minha prática profissional, de trabalhar com empresas e ter uma visão empresarial, com o meu conhecimento universitário. Acumulei experiências nos anos em que morei fora, na Itália e na França, e isso me deu vivência e abertura internacionais, que eu pude implementar na Universidade de Fortaleza. Exemplo disso foi a criação da Assessoria Internacional da Unifor.

Entrevista Nota 10 – Professor, o senhor tem uma formação profissional abrangente, que vai dos campos da engenharia civil, passando pela informática aplicada e a área de gestão. Como esses conhecimentos e experiências interdisciplinares se complementam em sua atuação enquanto dirigente de uma universidade?

Randal Pompeu – Essa interdisciplinaridade é muito importante na vida de um profissional. Eu tive a oportunidade de ter uma formação bem eclética, passando por várias áreas do conhecimento. Fiz alguns cursos de pós-graduação, dentre eles um na Itália sobre recursos hídricos. Na minha dissertação de mestrado, meu projeto foi sobre educação a distância para a Unifor. Depois fiz doutorado em Gestão, na Universidade de Trás-os-Montes, em Portugal.

Todas essas áreas, aparentemente diferentes, acabam se complementando. E, para mim, essa experiência foi muito positiva porque todos os campos se encaixaram e me complementaram como profissional. Vivenciar o mundo empresarial como engenheiro e construtor foi uma experiência muito relevante. Trabalhar em órgão público, como no DNOCS, já me propiciou a expertise da gestão pública. Portanto, são visões que vão se completando, e isso vai fortalecendo a trajetória profissional. É fundamental essa experiência com formações diferenciadas, mas que tenham uma complementaridade, uma transversalidade dos saberes.

Entrevista Nota 10 – Durante os quase 20 anos em que esteve à frente da Vice-Reitoria de Extensão de Comunidade Universitária, a Unifor foi certificada com o "Selo Instituição Socialmente Responsável" por 18 vezes consecutivas. Em sua tese de doutorado, você tratou sobre a responsabilidade social da universidade na formação de capital humano, além de ser uma ferramenta para o desenvolvimento local sustentável. De que forma enxerga o papel da instituição na transformação da sociedade e na melhoria da realidade em que vivemos?

Randal Pompeu – A Universidade de Fortaleza, desde a sua criação, por meio do apoio da Fundação Edson Queiroz, é uma instituição comprometida com o social. Veja aqui a realidade do próprio Dendê, que é a comunidade aqui ao lado e onde a Universidade sempre foi muito presente na vida dos moradores. A Escola Yolanda Queiroz, que funciona no campus da Universidade de Fortaleza há 40 anos, é um dos maiores projetos de responsabilidade social da Fundação Edson Queiroz. A responsabilidade social faz parte do DNA da Unifor. Isso gera uma mudança e faz com que a Universidade tenha um perfil diferenciado porque forma não só um profissional de excelência em todas as áreas do conhecimento, com perfil cidadão.

A Unifor tem uma particularidade porque já nasceu como Universidade, com o compromisso da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Esse compromisso da responsabilidade social que a Unifor possui é exemplar. Posso afirmar isso, pois sou professor do Mestrado e Doutorado em Administração da Unifor na disciplina de Responsabilidade Social Corporativa e sou pesquisador na área de responsabilidade social universitária.

Uma evidência desse compromisso é a conquista, por 18 anos consecutivos pela Unifor, do “Selo Instituição Socialmente Responsável”, outorgado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Vejo isso como um elemento agregador à formação do nosso aluno e futuro profissional. Em 2020, foi criada a disciplina Responsabilidade Social e Ambiental, ofertada como disciplina optativa para cursos de graduação de todas as áreas do conhecimento, com o objetivo de vivenciar a responsabilidade social universitária.

Entrevista Nota 10 – Em seu novo cargo como Reitor, o senhor pretende seguir e expandir o trabalho com a responsabilidade social na Unifor? Como esse tópico será alinhado aos demais objetivos e compromissos da Universidade de Fortaleza?

Randal Pompeu –  Trata-se de um compromisso que a Universidade de Fortaleza possui ao manter projetos nessa área, pois é crescente a demanda por projetos de responsabilidade social e ambiental. A Universidade está sempre se adaptando às novas realidades e demandas e, com certeza, a responsabilidade social é um dos eixos que a Unifor vai implementar cada vez mais.

Entrevista Nota 10 – O senhor entra na Reitoria da Unifor no ano em que se celebra os 50 anos da instituição, uma data que marca meio século de tradição em excelência de ensino, pesquisa e extensão. Como tem se preparado para assumir a responsabilidade de guiar uma Universidade reconhecida nacional e internacionalmente?

Randal Pompeu – Meu preparo, além da minha formação acadêmica, vem da minha experiência profissional. Eu acredito que o trabalho só funciona com dedicação, estando empenhado no que se quer fazer, junto das pessoas que possam ajudar na gestão e na tomada de decisões. E é muito importante gostar do que faz. Um dos fatores primordiais do trabalho é estar realmente comprometido, integrado e gostar do que faz. Eu me sinto preparado.

É claro que, como o próprio lema da Unifor diz, “ensinando e aprendendo”, todo dia se ensina, mas todo dia se aprende alguma coisa, e eu espero aprender sempre. Espero contar com o apoio do corpo docente, discente e colaboradores para juntos seguirmos promovendo o crescimento da Universidade de Fortaleza.

Estar presente neste momento de celebração dos 50 anos é uma honra e uma alegria para mim, tendo em vista as várias experiências exitosas no ensino, na pesquisa e na extensão, com credibilidade e reconhecimento nacional e internacional.

Estamos vivenciando uma nova realidade. O ensino a distância tende a ser marcante nos próximos anos. Principalmente depois dessa pandemia, quando aprendemos que a educação a distância é uma poderosa ferramenta e que pode ser naturalmente utilizada e desenvolvida.

Entrevista Nota 10 – Para finalizar, o senhor poderia compartilhar quais são os principais desafios para essa nova era da Universidade? Quais os planos futuros para alcançar tanto as metas novas quanto as recorrentes da missão e dos valores da instituição?

Randal Pompeu – A maior missão da Unifor é formar profissionais comprometidos com o meio onde vivem e onde atuarão. Esse compromisso pode ser presencial ou a distância, e de outras maneiras que possam surgir, mas sempre com o objetivo de formar profissionais de excelência. Essa é a grande meta da Universidade ao trazer novas tecnologias, fazer novas parcerias com empresas, com outras universidades e desenvolver projetos de pesquisa e de extensão.