null Mulheres na Ciência: professora Rafaela Lisboa conta sua trajetória na pesquisa científica

Sex, 28 Fevereiro 2020 17:51

Mulheres na Ciência: professora Rafaela Lisboa conta sua trajetória na pesquisa científica

A cientista explica como uniu as competências do jornalismo e pedagogia, suas duas formações, e aplicou na carreira acadêmica


Professora Rafaela Lisboa (Foto: Ares Soares)
Professora Rafaela Lisboa (Foto: Ares Soares)

Em 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. Comemorado há 45 anos, essa data simboliza a luta histórica das mulheres que reivindicam a igualdade de gênero e que são contra a desigualdade salarial, machismo e violência.

Para homenagear essa data e todas as mulheres, escolhemos algumas das ciências que estão em nosso campus diariamente, contribuindo para o crescimento da pesquisa e inovação. Nossa entrevistada é a jornalista e pedagoga Rafaela Ponte Lisboa, que já estudou sobre a representatividade do Ombudsman e Informática na Educação.

Atualmente, Rafaela é professora dos cursos de graduação do Centro de Ciências Tecnológicas e do Mestrado Profissional em Ciências da Cidade na Universidade de Fortaleza. Confira a entrevista:

UNIFOR: Conta um pouco da sua trajetória profissional? Onde a pesquisa entrou na sua vida?

PROFA. RAFAELA LISBOA: “Tenho formação em Jornalismo e em Pedagogia, e eu entrei no mundo acadêmico com as minhas duas áreas de formação. Desde as duas graduações, nas quais cursei concomitantemente, tive oportunidades de enveredar no mundo da pesquisa. Recebi o convite para ser bolsista CNPq, onde eu desenvolvia todo um trabalho de fazer curadoria de objetos educacionais dentro de sites na França, Espanha e outros países, onde fazíamos uma triagem desses conteúdos e disponibilizávamos no banco internacional de objetos educacionais que era do Ministério da Educação”.

UNIFOR: Em algum momento da sua carreira, conseguiu unir as competências das suas duas áreas de formação?

PROFA. RAFAELA LISBOA: “Entrei na Unifor como pesquisadora e bolsista Capes, e durante o mestrado recebi um convite para participar de um projeto chamado RHTVD. Eu tinha que casar as minhas duas graduações, no qual conseguimos fazer esse link entre comunicação e computação, para desenvolver recursos que pudessem ser interativos, que favorecessem para que os telespectadores pudessem querer interagir com esses recursos a partir de aplicativos, cliques no controle remoto, entre outros. Então, a minha experiência nas duas graduações foi muito importante para o crescimento da minha vida na pesquisa”.

UNIFOR: E durante o seu doutorado, para qual área enveredou?

PROFA. RAFAELA LISBOA: “Cheguei no doutorado com o desafio de transformar um pouco o meu campo de pesquisa. Desenvolvemos um processo metodológico, tendo um modelo de referência a metodologia Sequência Fedathi, desenvolvida pelo professor Hermínio Borges Neto. E começamos a transformar a produção de roteiros e formação de professores, tendo como premissa quem é o aluno, o que quero mudar na vida dele, o que é preciso trazer para esse protocolo de processo de aprendizagem, que estratégias podemos fazer para que isso auxilie na aprendizagem. E no doutorado, a minha relação com a computação foi ampliada, com algumas orientações da Engenharia de Software, chegamos a desenvolver várias áreas, como a produção de conteúdo”.

UNIFOR: Como é ser uma mulher cientista em um campo predominantemente masculino?

PROFA. RAFAELA LISBOA: “Muitas vezes me perguntam isso, como é trabalhar em uma área predominantemente masculina, ainda mais quando falamos do contexto tecnológico. Mas eu tive a sorte de sempre ter muitas mulheres trabalhando comigo na pesquisa, no meu primeiro laboratório haviam várias mulheres pedagogas, haviam sim matemáticos e físicos, mas a predominância era de mulheres. E aqui na Universidade de Fortaleza, isso continuou. Comecei trabalhando com a professora Maria Elizabeth Furtado, uma mulher que tinha várias outras mulheres trabalhando com ela, e eu nunca consegui ver um campo tão só de homens, porque via as mulheres dominando, criando problemática e investigações, sempre discutindo sobre. Então, me considero sortuda por viver em um contexto tão heterogêneo, com pessoas com sede de conhecimento e inovação. A ciência sempre me trouxe tanto crescimento e me agregou tantas coisas boas, que para mim é dolorido quando vejo essas distinções que ainda vemos dentro do contexto acadêmico. Eu vivenciei essa diversidade, o que mostra que a ciência está para trazer novos conhecimentos, transformar a vida das pessoas e resolver problemas”.

UNIFOR: Qual o papel da ciência na sua vida?

PROFA. RAFAELA LISBOA: “A ciência transformou a minha vida, desde o momento em que eu comecei a pesquisar, tudo se transformou. Eu era uma simples jornalista e uma simples pedagoga, tive a experiência de estar no mercado de trabalho, e quando as portas se abriram para a pesquisa científica, eu tive oportunidades que eu nem conseguia imaginar que um dia poderia ter. Eu digo que hoje sou professora universitária, porque a ciência abriu esse caminho para mim. E enquanto professora da graduação e do mestrado da Unifor, eu vejo o quanto contribuímos quando trazemos essa fala de olhar as coisas de forma mais crítica, com um olhar de cientista mesmo, aquele que nunca se conforma muito com o que está vendo e sempre está indo atrás de outras possibilidades e caminhos. Com a ciência transformamos a vida de professores, alunos e todo mundo que está em volta”.