qui, 9 julho 2020 10:44
Reaprender para ensinar, ensinando e aprendendo
Investimentos em softwares e infraestrutura de rede asseguraram a manutenção das atividades da Unifor, promovendo inovação mesmo na adversidade
A partir do isolamento social provocado pelo novo coronavírus, talvez tenhamos chegado ao que o filósofo francês Michel Serres chamou de geração de “polegarzinhas” — não a Polegarzinha do conto de fadas de Hans Christian Andersen, mas os adolescentes e jovens adultos que, cada vez mais, utilizam os dedos polegares para rolar conteúdos, filmar, repaginar o autorretrato (mais conhecida como selfie) e entesar quatro ou cinco conversas ao mesmo tempo. Dispositivos móveis como os smartphones são a nova ágora, onde é possível ser criador e criatura. Tudo com altíssimo trânsito de dados, simultâneo, numa velocidade de fazer inveja aos datilógrafos e digitadores das gerações passadas.
E onde fica a educação nisso tudo, levando-se em conta as realidades econômica, social e mesmo tecnológica de um país periférico como o Brasil, enfrentando uma crise de saúde pública? Muito já se falava em digitalização, mas a dúvida que pairou entre muitos alunos, num primeiro momento, foi a seguinte: será que a estrutura comportaria alterações tão bruscas e demandas tão aumentadas por tecnologia? Como atender demandas de áreas do conhecimento tão distintas, bem como manter as atividades administrativas até então realizadas no campus?
Com a palavra, o professor Eurico Vasconcelos, diretor de Tecnologia da Informação da Universidade de Fortaleza. “Antes da pandemia, a Unifor já entendia a importância do espaço virtual, no sentido de facilitar a vida do aluno. A universidade já há um bom tempo vem investido em serviços na nuvem para alunos e professores, como exemplo temos o Office 365, da Microsoft e o Google cloud, que ofertam juntos uma série de recursos como o Microsoft Teams e o Google Meet, software para reuniões, e de trabalho em equipe e várias outras ferramentas que já permitiam ao aluno trabalhar remotamente com o professor, como Word, Excel, Power Point, além de espaço de armazenamento individualizado na nuvem. Isso facilitou a transição para nós, permitindo, por exemplo, a continuidade das aulas de forma síncrona e segura”.
Uma nuvem pra chamar de sua
Além dos softwares, a instituição também havia feito um investimento em infraestrutura, adquirindo o serviço de cloud at customer, ou seja, uma nuvem privada dentro da universidade. Essa infraestrutura de vanguarda permite potencializar o armazenamento e processamento de dados de forma escalável e segura. Foi graças a ela que evitamos que houvesse uma sobrecarga nos serviços hoje ofertados através do Unifor Online e do Unifor Mobile.
Além de continuar as atividades letivas, o professor Eurico destaca que a visão de longo prazo da instituição também permitiu a grande parte aos funcionários que mantivessem as atividades de casa, de forma segura e estável. Isso foi fundamental para que, além de manter as atividades cotidianas de uma instituição de ensino, fosse possível traçar uma comunicação rápida e uma resposta eficaz à medida que surgissem dúvidas e demandas a serem sanadas por conta das contingências do isolamento social.
“Funcionários de setores administrativos, incluindo todo nosso time de TI que precisavam utilizar a infraestrutura da Unifor foram para casa em regime de home office. Nós estabelecemos de modo seguro a conexão de todos esses funcionários com nossa infraestrutura por meio de Virtual Private Network (VPN, ou Rede Privada Virtual, infraestrutura da internet para conectar dispositivos distantes e remotos a partir de certas credenciais). Então nós também conseguimos colocar a nossa equipe administrativa em casa trabalhando, acessando a infraestrutura da universidade de forma segura nesse processo de virtualização”.
Outras formas de dar aula
O espírito de antecipação também fez com que, antes da pandemia, estudos promovidos pela Diretoria de Tecnologia da Informação mostrassem a necessidade de substituição do Ambiente Aulas, ambiente virtual de aprendizagem utilizado em situações específicas. “Já no final de 2019, entendemos que o Aulas não era o ambiente ideal para nosso aluno e já, antes da pandemia, iniciou-se a implantação do Moodle (acrônimo de Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment, ou Ambiente de Aprendizado Modular Orientado ao Objeto), que será o nosso novo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). O Moodle está em fase de implantação e já estará disponível para o próximo semestre. A opção pelo Moodle foi feita por ser considerado hoje um dos melhores ambientes virtuais de aprendizagem do mercado, bem avaliado por várias empresas especializadas”, explica.
Por mais que o processo de virtualização estivesse em pauta na Unifor, nada poderia evitar que se enfrentasse alguns desafios ao longo de um processo em constante mutação e reavaliação por conta da quarentena. “Num primeiro momento, todos fomos pegos de surpresa. Não tivemos a oportunidade de dar um treinamento prévio pata todo o nosso corpo docente, nós deixamos os professores mais à vontade em escolher que ferramenta ele queria usar para dar suas aulas. Mas já do meio do semestre em diante, por questões de padronização, segurança e de licenciamento, a Diretoria de Tecnologia da Informação fez algumas avaliações e alguns tutoriais, exatamente no sentido de padronizar o uso das ferramentas. Então nós estabelecemos por exemplo, nesse momento do final do semestre, o uso do Google Meet como ferramenta para videoaulas, o uso do Aulas como ambiente repositório de materiais, isso visando um conforto maior para o aluno e uma segurança maior para a Universidade. Agora, para o próximo semestre, novos padrões já estarão implementados, incluindo a plataforma Moodle. Os nossos laboratórios do Núcleo de Aplicação em Tecnologia da Informação (NATI) e do Núcleo de Tecnologias Educacionais (NTE) continuam a pleno vapor no estudo de tecnologias de apoio a esse novo espaço de sala de aula virtualizada, logo mais teremos novidades para nossos alunos e professores, tornando nossa universidade cada vez mais inovadora”.