null Inflação resiliente e mercado de trabalho em alta são os destaques do mês

Sex, 10 Maio 2024 10:00

Inflação resiliente e mercado de trabalho em alta são os destaques do mês

(Imagem: Getty Images)
(Imagem: Getty Images)

O Boletim de Mercado de Capitais, elaborado pelo curso de Finanças da Universidade de Fortaleza, tem como propósito trazer informações da seara financeira e análises dos principais fatos do mundo dos investimentos, em escala global, nacional, e especialmente do mercado financeiro cearense.

Mercado de Capitais Internacional

A economia norte-americana, no primeiro trimestre do ano, apresentou desaceleração no crescimento, ao registrar 1,6% no período, interrompendo sequência de seis trimestres consecutivos de avanço na economia superior a 2%. Diante dos números apresentados da atividade econômica, o Federal Reserve (FED) deixou evidente sua cautela no início da redução dos juros, sobretudo pelos dados do núcleo da inflação, que permanecem ainda fortes no país. Adicionalmente, o FED também considera a curva de desemprego, que registrou 3,8% em março, indicando um mercado de trabalho robusto e um vetor de pressão salarial inflacionária. As expectativas de cenários, nos quais o FED anuncia o corte de juros ainda em 2024 reduziu drasticamente e, assim, os mercados apresentaram quedas relevantes de 4,2% e 4,4% do S&P 500 e Nasdaq, respectivamente, enquanto o VIX, mais conhecido por índice do medo, apresentou alta de 20,3%. 

Na Zona do Euro, durante reunião de abril, o BCE (Banco Central Europeu) manteve a política monetária conservadora, enquanto os dados ainda indicam pressões sobre os preços. A taxa de desemprego permaneceu em 6,5% em março, de acordo com a Agência Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia; enquanto, a inflação subjacente, que o BCE monitora de perto para avaliar a sustentabilidade das pressões sobre os preços, registrou uma queda para 2,9% em março, vindo de 3,1%, ficando abaixo das expectativas de 3,0%. Com o mercado americano e europeu apresentando manutenções das taxas de juros no território da política contracionista, a bolsa europeia não resistiu, de maneira que o DAX, um dos principais índices da bolsa europeia, apresentou queda de 3% no mês de abril. 

A economia chinesa superou as expectativas em razão do crescimento robusto de 5,3% do PIB no primeiro trimestre de 2024. No entanto, a queda no índice de gerentes de compras do setor manufatureiro (PMI) em abril levantou preocupações sobre uma possível desaceleração, mantendo os mercados cautelosos em relação ao futuro econômico do país.

Quadro 1 - Comportamento dos principais índices e ativos pelo mundo (Abril/2024)

Índice / Ativo

País / Mercado

Variação (%)

Mês

Ano

12 meses

DJI

EUA

-5,00

0,34

10,90

S&P 500

EUA

-4,16

5,57

20,77

Nasdaq 

EUA

-4,41

4,31

28,06

Dólar

Forex

3,55

7,03

4,15

Bitcoin

Investing.com

-15,00

43,50

107,40

Fonte: Valor Data; Investing.com

Mercado de Capitais Nacional

No contexto brasileiro, a volatilidade dos mercados internacionais em decorrência da manutenção dos juros nos Estados Unidos e na Europa e o “barulho fiscal”, em função de alterações nas metas fiscais, exerceram pressão sobre o câmbio, resultando em um aumento de 2% no dólar, enquanto a bolsa registrou trajetória de queda com o Ibovespa apontando uma baixa de 1,7%. 

No âmbito da inflação, o índice de março encerrou em 0,16%, com os principais impactos advindos do setor de alimentação, contribuindo com 0,11 ponto percentual, e transporte, com -0,07 ponto percentual, conforme medido pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Esses números representam uma desaceleração em comparação com fevereiro e março, quando os preços subiram 0,83% e 0,71%, respectivamente, favorecendo um corte de juros na próxima reunião do Copom que acontecerá neste mês de maio. Nos últimos doze meses, o IPCA, indicador oficial de inflação do País, registrou 3,93%, o que indica o fortalecimento do processo de desinflação no País.


No mercado de trabalho, a taxa de desemprego atingiu 7,9%, evidenciando um aumento de 0,5 ponto percentual em comparação ao trimestre anterior, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o índice permaneceu abaixo dos 8,8% registrados no mesmo período móvel de 2023.

Quadro 2 - Comportamento dos índices no Brasil (Abril/2024)

Índice

Variação (%)

Mês Ano 12 meses

IBOV

-1,70

-6,00

21,00

IFIX

-0,77

2,12

18,32

IEE

-3,79

-10,18

6,77

SMLL

-7,76

-11,53

12,36

ISE

-6,02

-7,80

14,74

Fonte: Valor Data; Investing.com



 

Quadro 3 – Melhor desempenho no Ibovespa (Abril/2024)

Ação

Ticker

Variação

Preço

Petrobras ON

PETR3

18,65%

R$ 44,26

Petrobras PN

PETR4

15,57%

R$ 42,02

IRB

IRBR3

13,73%

R$ 42,48

JBS

JBSS3

9,02%

R$ 23,44

Petz

PETZ3

8,28%

R$ 4,71

Fonte: Infomoney.com


Quadro 4 – Pior desempenho no Ibovespa (Abril/2024)

Ação

Ticker

Variação

Preço

CVC

CVCB3

-30,69%

R$ 2,01

Magazine Luiza

MGLU3

-25,23%

R$ 9,75

Azul

AZUL4

-24,44%

R$ 1,36

LWSA

LWSA3

-21,23%

R$ 4,60

Grupo Soma

SOMA3

-20,24%

R$ 6,07

Fonte: Infomoney.com

Ação estudada do mês: COELCE (COCE5)

a) Análise fundamentalista

Quadro 5 – Indicadores fundamentalistas

Indicador

Resultado

Índice P/L

5,04

Índice P/VP

0,65

DY - Dividend Yield

0,00%

Fonte: TradeMap 
Posição: 02.04.2024

Índice P/L é calculado a partir do preço da ação dividido pelo lucro por ação anual do ativo. Ele representa o quanto o mercado está disposto a pagar pelos ganhos de uma empresa. No caso de COCE5, o P/L é igual a 5,04.

O índice P/VP é obtido após a divisão entre o preço do ativo e o valor patrimonial da empresa. No caso de COCE5, o valor do P/VP de 0,65 indica que o preço de negociação do ativo está abaixo do seu valor patrimonial.

Para se obter o cálculo percentual do Dividend Yield de uma empresa deve-se dividir o valor de dividendos pagos durante um determinado período pelo preço da ação, antes da distribuição de dividendos e multiplicar por 100. Através do DY é possível entender a relação entre os dividendos que a empresa distribuiu e o preço atual da ação da companhia. O DY de COCE5 é 0,00%.

Importante ressaltar que a empresa abriu capital no segundo semestre de 1995, sendo pertencente à lista de ativos do Mercado Tradicional da bolsa. A empresa atua em todo o estado cearense com distribuição de energia elétrica, se situando como a terceira maior distribuidora da Região Nordeste. A companhia havia sido colocada à venda pela Enel (empresa controladora), mas que veio a cancelar a operação de venda em novembro de 2023.

b) Análise técnica

Gráfico 1 – Gráfico diário COCE5


Posição: 03.05.2024

Na edição de agosto de 2023, comentamos que o papel havia testado a resistência na faixa de R$ 56.00 (linha vermelha tracejada) sem sucesso. A formação do topo do HMACD e o IFR descendente e próximo a 50 já indicavam uma queda nos preços. 

Ao longo do segundo semestre de 2023 a queda foi confirmada e o preço testou um suporte na faixa de R$ 40,00 (linha verde tracejada) várias vezes sem êxito, até que no primeiro trimestre de 2024 o suporte foi perdido enquanto o HMACD mostrava pouca força. Atualmente o preço segue em queda com probabilidade de ir testar novo suporte na faixa de R$ 30,00 (linha verde). 

O HACMD no campo negativo reforça a continuação da queda até o suporte. Já o IFR descendente, se aproximando da zona de sobrevenda, indica uma perda de força que pode gerar alguma correção no curto prazo, mas que ainda não pode ser considerada reversão da tendência de queda nos preços.

Equipe de elaboração

Professores

  • Prof. Luiz Fernando Gonçalves Viana
    Economista - Corecon-CE n. 2.718-9
    CNPI-P – n. 3122
     
  • Prof. Allisson David de Oliveira Martins
    Economista - Corecon-Ce n. 3221
    CNPI – n. 3810
     
  • Prof. Ricardo Aquino Coimbra
    Economista - Corecon-Ce n. 2575
    CNPI – n. 101/00 

Alunos

  • Artur Sampaio Pereira - Ciências Econômicas
  • Matheus Santiago de Oliveira Tavares - Ciências Econômicas
  • Vicente Aníbal da Silva Neto - Ciências Econômicas