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Seg, 12 Junho 2023 15:19

Da Unifor para toda a vida

Neste Dia dos Namorados, egressos e colaboradores abrem o coração para narrar romances que nasceram na Universidade de Fortaleza e seguem firmes pela vida


São amores à primeira vista, barreiras a serem superadas e causos para rir e se emocionar (Foto: Ares Soares)
São amores à primeira vista, barreiras a serem superadas e causos para rir e se emocionar (Foto: Ares Soares)

Como nasce um amor? Um olhar arrebatador em um dia comum, a gentileza de oferecer uma ajuda despretensiosa, um match em um aplicativo de paquera ou mesmo uma palpitação inexplicável em um primeiro encontro podem ser o início de grandes histórias. 

E não há lugar certo para acontecer. Nos charmosos e arborizados bosques ou nos mais variados blocos da Universidade de Fortaleza (Unifor), instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, a paixão nasce aos montes — e de forma singela. São sementes que florescem até hoje com a promessa de durar uma vida inteira.

Por isso, em celebração a este Dia dos Namorados (12 de junho) nos 50 anos da instituição, egressos e colaboradores da Universidade abrem o coração para narrar o romance que construíram no campus. Os relatos que vêm a seguir são de amores à primeira vista, barreiras a serem superadas e muitos causos para rir e se emocionar.

O amor está “no ar”, ao vivo na TV

Luiz Esteves e Rita Brito faziam o curso de Jornalismo na Unifor, quando se conheceram, no início dos anos 2000. De semestres diferentes na Universidade, cursaram juntos pelo menos duas disciplinas: a de Telejornalismo e a de Projeto Experimental. Mas há controvérsias de como nasceu o amor entre eles, de quem se interessou primeiro por quem.


Luiz Esteves e Rita Brito são egressos do curso de Jornalismo da Unifor (Foto: Arquivo pessoal)

Se Luiz é capaz de lembrar até mesmo do blazer branco que a então colega usava em um evento que cobriram juntos na época em que eram estagiários — ele da Rádio Universitária e ela da TV Ceará —, Rita costumava ouvir rádio sempre na hora do almoço para ouví-lo dar as notícias com aquela voz que lhe chamava tanto atenção.

“Era minha única ouvinte”, diz o apresentador, aos risos. “Eu brinco que ela se apaixonou pela minha voz”. “Mas a iniciativa mesmo eu acho que foi dele”, garante a jornalista.

No início, era só amizade. Mas aí, anos depois, em 2005, a Unifor criou sua TV universitária, e os dois se reencontraram na seleção. Ambos passaram no teste e foram apresentar juntos o programa Panorama.


Rita e Luiz apresentavam juntos o programa Panorama da TV Unifor (Foto: Acervo Unifor)

“A TV Unifor foi a oportunidade para me aproximar”, conta Luiz, que desde o encontro naquele evento já estava fascinado pela mulher alta que vestia branco. “[Na TV Unifor], foram muitas vivências apresentando o programa, fazendo marcação de pauta”, conta Rita.

O primeiro “ao vivo” que Luiz Esteves — hoje nome reconhecido no telejornalismo cearense — fez foi justamente na colação de grau da Rita. Estava tão nervoso com aquele momento que chamou de “bombinhas” os “fogos de artifício” que abrilhantaram a ocasião. Só soube da trapalhada quando amigos que acompanhavam a transmissão pela televisão lhe contaram, ele recorda rindo.


“A Unifor tem uma parcela significativa na minha trajetória profissional. Foi lá que eu me encontrei no Jornalismo depois de fazer outros cursos. (...) Fora isso, tive a felicidade de ter encontrado a Rita, mãe dos meus filhos e amor da minha vida. É uma companheirona, uma mulher espetacular”Luiz Esteves, egresso do curso de Jornalismo

O primeiro beijo aconteceu em um dos bancos próximos à Reitoria da Universidade. E se não contou com a tradicional chuva cenográfica dos filmes, teve o sistema de irrigação do jardim acionado bem na hora, molhando o casal. Eles riem contando a própria história, que rendeu um casamento e os filhos Luiza, de oito anos, e Rafael, de oito meses.


De um “amor universitário”, Luiz e Rita construíram uma família (Foto: Arquivo pessoal)

Rita se encantou pela voz e pelo sorriso do então colega no início da paquera, mas o que chamou atenção do Luiz? “A beleza”, interrompe a filha. Não há como passar em frente à Universidade hoje e não explicar à Luiza: “Aqui é a escola de adultos onde o papai e a mamãe se conheceram”. O carinho pela Unifor, aliás, faz a família voltar rotineiramente para usufruir do Espaço Cultural e do charmoso Café das Artes no campus.


“A Unifor é o cenário de tudo. Foi o palco onde a gente se conheceu, onde amadureceu nosso amor. Toda vida que a gente passa na Universidade, a gente lembra do nosso banquinho, daquele sistema de irrigação que molhou a gente. A gente passa por ali e já fala para a Luiza, nossa filha: aqui foi o início de tudo”Rita Brito, egressa do curso de Jornalismo

Um date no cinema e o ensaio de casamento no campus

Os olhares de Camila Veras Castelo Branco, 32, e Pedro Henrique Cavalcante Castelo Branco, 28, se cruzaram pela primeira vez na Central de Atendimento da Unifor, mas naquele primeiro momento não houve aquela emoção arrebatadora dos amores à primeira vista. Os dois trabalhavam na Universidade em 2018 e, às vezes, dividiam o mesmo setor.


Pedro e Camila são egressos dos cursos de Eventos e de Estética e Cosmética, respectivamente (Foto: Ares Soares)

Todo ano, quando junho começava a apontar no calendário, a Central ganhava um mural dos casais. Naquele 2018, houve protestos: “não é justo porque os solteiros nunca entram”. E então, em uma brincadeira de reunir casais de solteiros para incluí-los no mural, veio a famigerada primeira foto de Camila e Pedro.

“Começou uma campanha [dos colegas] para sairmos juntos, mas eu dizia que não queria me envolver com alguém do trabalho, não queria que isso me atrapalhasse lá”, conta Camila. Àquela altura, Pedro já estava interessado. “Desde os primeiros dias que meu olhar se cruzou com o dela que sinto algo diferente”, conta ele.

De tanto insistir para levá-la ao cinema, Pedro a convenceu. E a afinidade era tanta entre os dois que, naquele primeiro filme juntos em um dia 16 de junho, já sentiram como se namorassem há anos. Por via das dúvidas, resolveram deixar o relacionamento em segredo para não chamar atenção no trabalho.

O incentivo dos colegas continuava a todo vapor, e eles acabaram protagonizando o casamento junino do setor naquele ano. “Aí foi que a campanha aumentou mesmo”, lembra Camila, contando que eles sempre optaram por manter a discrição.


Pedro e Camila fizeram a sessão de fotos pré-casamento no campus da Universidade de Fortaleza, onde se conheceram (Foto: Arquivo pessoal)

Depois, em fevereiro deste ano, veio o casamento “real oficial”, e adivinha o lugar que eles escolheram para fazer o ensaio de pré wedding? O campus da Unifor. Nem isso veio sem emoção. No dia marcado para as fotos, choveu tanto que quase tiveram que adiar, mas, no fim da tarde, o sol acabou abrindo para brindar o casal. “Hoje a gente ri desse dia”, conta Camila.

A Unifor, para eles, é lugar de desenhar novos caminhos. Não apenas pela decisão de viver em dupla pelo matrimônio, mas por despertar o interesse de buscar conhecimento para desbravar novas áreas. Nos últimos anos, foi lá que Camila concluiu o curso de Estética e Cosmética e Pedro o de Eventos.


“A Universidade tem uma importância que nunca vou conseguir descrever. Lá foi onde eu me formei, trabalhei, conheci meu marido. Temos um carinho imenso pela instituição. E sempre que vamos à Unifor tem que ser com tempo para visitar as pessoas e os lugares que gostamos”Camila Veras, egressa do curso de Estética e Cosmética


“Eu e minha esposa tivemos nossa vida acadêmica formada na Universidade. A Unifor é um dos meus lugares preferidos de Fortaleza porque possui cada pedacinho do mundo ali dentro. Parece que você está vivendo em uma outra cidade, em outro país”Pedro Henrique Castelo Branco, egresso do curso de Eventos

Existe amor na repartição

Entre muitos livros e prateleiras da Unifor, surgiu o amor entre Raquel Oliveira, 47, e Dárcio Moura, 55. Foi assim de supetão, à primeira vista. Brotou nos anos 1990, quando ele, então funcionário do Grupo Edson Queiroz, foi prestar um serviço na Unifor e consertar algo no sistema da Biblioteca Central, onde ela trabalhava.

Ele estava com o pé machucado e se encantou com a gentileza daquela moça tão bonita, que lhe ofereceu o braço para ajudá-lo a caminhar melhor. “Perguntei se estava tudo bem. E esse tudo bem foi para sempre”, conta Raquel, hoje funcionária da Gerência Financeira da Universidade.


Dárcio e Raquel se conheceram na Unifor e estão juntos há 26 anos (Foto: Ares Soares)

“A Raquel foi muito simpática comigo. Achei ela interessante”, lembra Dárcio, que hoje faz parte da Diretoria de Tecnologia (DTec) da instituição. Mas o interesse mútuo daquele dia ficou adormecido por dois anos, até ele ir trabalhar também na Universidade de Fortaleza. Era 1997. Com o reencontro, ambos passaram a trocar mensagens pela internet.

Os nicks — apelido nas redes — eram, coincidentemente, nomes de personagens do filme de ficção científica “O Quinto Elemento”. Assim como os fictícios Leelo e Korben, eles acabariam ficando juntos no final, após superar algumas barreiras. 

Apesar do sentimento que já nutriam um pelo outro, havia uma preocupação muito grande para que o relacionamento não atrapalhasse o profissionalismo. Era uma barreira a ser superada. Como não queriam que os colegas soubessem, decidiram então marcar uma viagem para Canoa Quebrada para se conhecerem melhor.

“Fomos escondidos. Quando chegamos lá, só o que tinha era funcionário da Unifor”, gargalha Raquel. Descobertos, começaram a namorar oficialmente. Ainda hoje a ordem em casa é evitar discutir coisas da Universidade para não pôr em risco a confiança de seus cargos. Deu tudo certo.


“A minha ida para a Unifor foi importante em todos os sentidos da minha vida. Tudo mudou: o clima de trabalho ficou mais tranquilo com o contato com a natureza. (...) Aqui conheci a Raquel, e nós temos um filho. A Universidade está presente no nosso dia a dia, não só pelo trabalho, mas porque a gente gosta de estar aqui. Muitos amigos da gente são daqui. Foi uma grande melhoria na minha condição de vida”Dárcio Moura, funcionário da DTec

Dárcio e Raquel casaram e seguem juntos há 26 anos. Ele, um homem das exatas e do rock. Ela, amante da leitura e vinda de uma formação rígida. “Dizem que os opostos se atraem, né?”, brinca Raquel. Do relacionamento, tiveram um filho, hoje com 14 anos. E a Unifor segue como parte da vida deles.

Foi lá que Dárcio depois concluiu a graduação em Informática e em Engenharia Elétrica, e que Raquel cursou Pedagogia. Também vêm de lá vários amigos pessoais que os acompanham hoje nesta jornada. E é para lá que o filho do casal costuma levar os amigos, seja para curtir o campus nas férias ou até para comemorar seu aniversário.

É por isso que há lugares na Universidade que até mudaram ao longo das décadas, mas que seguem na memória afetiva do casal. É o caso da pracinha entre os blocos M e N, onde costumavam conversar nos intervalos do almoço e desfrutar o clima mais ameno pelas árvores do local.


“A Unifor faz parte da nossa família. Foi onde a gente se conheceu, onde buscamos nossa formação acadêmica e crescemos profissionalmente. Eu comecei a trabalhar aqui com 19 anos. Nunca trabalhei em outro lugar. Eu constituí minha família através da Unifor”Raquel Oliveira, funcionária da Gerência Financeira e egressa da Pedagogia

Foram muitas as vezes em que trocaram mensagens para compartilhar encantamentos com o que viam pelo campus. “Lembro quando vi um pica-pau perto da biblioteca e me emocionei. Mandei uma foto pra ele na hora”, conta Raquel.

Para ela, encontrar Dárcio na vida foi uma forma de viver coisas que seu pai, de educação rígida, não lhe permitia. Foi com ele que aprendeu a gostar de rock e de ver o dia nascer. Um amor à primeira vista que ela acredita que vai durar uma vida, como tantos que floresceram na Unifor.