seg, 3 julho 2023 10:25
Do Ceará para o Mundo: Egressa compartilha experiência em universidade e hospital canadenses
Graduada em Fisioterapia pela Unifor, Luana Torres fala sobre trajetória acadêmica e profissional na Universidade de Toronto e no St. Michael’s Hospital

Existem momentos tão decisivos que acabam desenhando trajetórias a serem percorridas durante toda uma vida. Para Luana Torres, uma dessas situações aconteceu em 2001, quando a então adolescente acompanhava uma amiga em sessões de fisioterapia.
A jovem encantou-se pela atividade e, dali em diante, soube que encontrara sua vocação. E 17 anos depois, já egressa do curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza — mantida pela Fundação Edson Queiroz —, ela concluía o pós-doutorado no exterior, realizando o sonho de trabalhar com pesquisa científica na Universidade de Toronto.
Entre os dois pontos dessa história existe uma jornada de estudo, trabalho e, acima de tudo, determinação. Hoje a fisioterapeuta é Gerente de Pesquisa do departamento de ortopedia e artroplastia do St. Michael’s Hospital, no Canadá, e revela como se preparou para a carreira internacional.
Jornada acadêmica
Luana conta que planejava fazer pós-graduação fora do país tão logo concluísse o bacharelado, porém adiou os planos quando passou para a Residência Multiprofissional em 2010. Logo após, entrou no doutorado em Biotecnologia da Renorbio pela Unifor e mudou-se para o Rio Grande do Norte, onde dava aulas na pós de Fisioterapia na Universidade Potiguar (UnP).
Em paralelo à vida acadêmica, Luana aprimorava o inglês para o futuro no exterior. Enquanto produzia sua tese, vislumbrou a possibilidade de fazer parte da formação fora do país: “Resolvi fazer um ano do meu doutorado no Canadá com Barry Sessle, pesquisador e criador da técnica que eu usaria na minha pesquisa”.
Adriana Rolim e Barry Sessle ao lado de Luana Torres, em Toronto (Foto: Arquivo pessoal)
A orientadora e coordenadora de Pesquisa da Unifor, Adriana Rolim, foi fundamental nesse período, pois além de a ajudar e supervisionar, também a assistiu na decisão de fazer o doutorado sanduíche em Toronto. “Sou eternamente grata”, enfatiza Luana.
Em 2015, logo após defender a tese, Luana iniciou o pós-doutorado, tendo como orientador o Dr. Laurent Brochard, um dos líderes mundiais em inovação em ventilação mecânica e assistência ventilatória em terapia intensiva. Durante o período, foi uma das supervisoras dos estudantes de mestrado em Fisioterapia e professora assistente da universidade.
“Tive a oportunidade de trabalhar com projetos e tecnologias de ponta, conhecer e colaborar com pesquisadores, estudantes e pós-doutorandos de todos os lugares do mundo. Foi uma experiência única”, afirma.
Luana Torres e estudantes do pós-doutorado com Laurent Brochard [ao centro], na Universidade de Toronto (Foto: Arquivo pessoal)
Ao final da formação, em 2018, foi contratada como Research Associate (pesquisadora associada) do departamento de cirurgia ortopédica do St. Michael’s Hospital, onde trabalha atualmente.
Inspirações da vida para a carreira
A carreira internacional de sucesso tem raízes profundas. Segundo Luana, sua mãe, Leda Torres, sempre foi inspiração para estudar e correr atrás dos sonhos. “Ela também me mostrou o quão importante é ser feliz na carreira e nas escolhas profissionais”, pontua.
Leda Torres, mãe de Luana, é uma incentivadora dos projetos da fisioterapeuta (Foto: Arquivo pessoal)
Outra influência positiva é Ana Paula Abdon, professora da Unifor. A egressa conta que a docente a inspirou na busca pela carreira acadêmica e por sempre estar envolvida no desenvolvimento científico: “Foi com ela que aprendi a avaliar e analisar os primeiros artigos científicos, além de fazer os primeiros experimentos”.
Primeiros passos
Os anos na Unifor são lembrados com carinho. Aulas práticas e eventos científicos também estão nas recordações de Luana, que participou de inúmeras atividades acadêmicas, como monitoria, iniciação científica e feiras de pesquisa. Chegou, inclusive, a fundar o grupo Pesquisa Experimental na Fisioterapia (PEF) com outros alunos, dirigido pela professora Ana Paula.
A fisioterapeuta destaca a importância da Unifor em sua carreira ao lembrar que foi na instituição onde teve os primeiros contatos com a pesquisa. “Durante meu doutorado em Biotecnologia, desenvolvi experimentos no Núcleo de Biologia Experimental (NUBEX), o que me permitiu fazer testes importantes para a minha tese”, ressalta.
“Na Unifor, tive a oportunidade de participar de encontros científicos, desenvolver pesquisas e experimentos pré-clínicos e realizar pesquisas clínicas no Núcleo de Assistência Médica Integrada (NAMI), além de me conectar com professores que me ajudaram na minha trajetória profissional” — Luana Torres, egressa do curso de Fisioterapia da Unifor
Desafios e conselhos
Para quem quer investir na carreira internacional e não pretende perder oportunidades, Luana aconselha firmemente a estudar inglês. Ela conta que o idioma foi uma barreira difícil, principalmente quando teve que ministrar a primeira aula para uma turma grande de estudantes e precisou fazer apresentações em conferências e reuniões.
Além da língua, a cultura também é um fator desafiante. “Só a vivência faz com que a gente entenda de fato como se comportar, se comunicar e o que esperar nas diferentes situações do dia a dia”, observa. Por isso, ela acredita na importância de dedicar-se a aprender um pouco sobre os costumes do local onde deseja morar.
No cargo de Gerente de Pesquisa — coordenando dois grandes projetos que envolvem 40 hospitais ao redor do mundo, trabalhando no desenvolvimento de pesquisas clínicas e supervisionando outros profissionais —, Luana afirma ter alcançado muitos de seus sonhos, o que não a impede de enxergar horizontes além.