null Curso de Cinema e Audiovisual da Unifor realiza mais de 60 produções neste semestre

Ter, 10 Julho 2018 17:32

Curso de Cinema e Audiovisual da Unifor realiza mais de 60 produções neste semestre

Completando dez anos, graduação da Unifor incentiva a criação cinematográfica dos estudantes.


A prática proporciona o contato dos alunos com o mercado de trabalho (Foto: Arquivo pessoal)
A prática proporciona o contato dos alunos com o mercado de trabalho (Foto: Arquivo pessoal)

Luz, câmera, ação: é tempo de produzir no curso de Cinema e Audiovisual da Unifor. Os alunos das disciplinas de Cine Experiência I, II e III, Documentário e Tutoria I e II passaram por um intenso ritmo de criação audiovisual, nos últimos meses. 

O período entre de maio e junho é o momento para realizar os trabalhos finais das disciplinas, que provocam uma verdadeira efervescência nos sets de filmagem. E, mais do que isso: de ideias. Em julho, muitos dos alunos preferem não entrar de férias e permanecem na Unifor concluindo trabalhos e iniciando novos projetos.

A coordenadora do curso de Cinema, Bete Jaguaribe, observa que o período é instigante. "Uma mobilização extraordinária, um vai e vem de ideias e equipamentos, a euforia dos desafios do set. A turma respira produção, troca experiências, trabalha coletivamente", ressalta coordenadora, que se mostra muito feliz com os resultados dos trabalhos. 

Apenas durante este semestre (2018.1) foram produzidos mais de 60 trabalhos, entre experiências iniciais e produções maiores. “No início do próximo semestre, faremos uma exibição pública, reunindo o melhor desta produção. Será um momento de debate com alunos, professores e profissionais do campo audiovisual do estado", adianta Bete Jaguaribe. 

Por meio do diálogo permanente com as demandas de experimentações e de consumo do mercado, os alunos têm contato com a prática. Em Cine Experiência I, por exemplo, disciplina ministrada pelo professor Marcelo Müller, os alunos exploram o diálogo entre a arte e a cidade. Já foram realizado cerca de 40 trabalhos, entre eles, “Além da Salina”, de Pedro Ulee, que lida com conflitos relacionados à reserva ecológica do Cocó, e “Raso”, de Esther Arruda, que convida o público a conhecer uma nova Fortaleza.

“A gente propõe uma discussão sobre a cidade e todas as questões que a envolvem, desde a moradia à violência, o espaço público e o privado. A apropriação desse espaço de maneira artística é a primeira porta que eles têm de abrir, para se colocar diante do mundo como cineastas”, explica Müller.

Ficção e narrativas artísticas 

Na disciplina Cine Experiência II, são trabalhadas narrativas ficcionais, e nela surge o primeiro contato com um set de filmagem. 

Neste semestre, os alunos foram divididos em quatro equipes, sob o tema norteador “Modernidade Líquida”, conceito do filósofo polonês Zygmunt Bauman. Ao decorrer das etapas de planejamento dos curtas, o assunto foi discutido na sala de aula, com a presença de diversos artistas de Fortaleza. Os encontros também têm o intuito de compartilhar experiências estéticas do Cinema e, assim, auxiliar as realizações dos estudantes.

De acordo com Glauber Paiva Filho, professor da disciplina, “tem essa questão da experiência de saber lidar com um trabalho em equipe. Nas produções, obviamente, se vivenciam obstáculos, choques e afetos. Também tem a questão da formação, dos procedimentos, da hierarquia que tem que ser seguida, que é algo mais da função técnica da produção de uma ficção”, destaca. 

Quatro curtas-metragens foram realizados: “Apego”, “Entre Paredes”, “O Messias” e  “Laço Pixelado”. 

Primeiro curta do estudante Thomaz Cavalcante, “Laço Pixelado” conta a história de um relacionamento que, apesar de ter sido prazeroso por algum tempo, passa por um momento desgastante e, até mesmo, tóxico. “O principal desafio, além de terminar o filme, foi escutar a opinião de todos e tentar fazer o grupo trabalhar junto. A disciplina me proporcionou experiência prática, tem coisas que eu não teria aprendido de outro jeito”, declara Thomaz. 

Troca de experiências estéticas

Para Tiago Therrien, professor de Cine Experiência III, que explora as narrativas documentais, os encontros entre alunos e profissionais do ramo são essenciais. 

Ao decorrer deste semestre, egressos da Unifor participaram de rodas de conversa. Foram elas: com Tiago Pedro, recém-formado em Documentário pela Escuela Internacional de Cine y Televisión de Cuba, Pedro Cela e Eduardo Cunha, ex-alunos da Unifor e realizadores do documentário “Becco do Cotovelo”, além do Coletivo Nigéria, produtora cearense de cinema independente, e do professor Valdo Siqueira, especialista no assunto.

“O cinema diz questões que não têm nome, que são complexas de se falar em poucas palavras. Isso tudo gera uma imensa partilha de experiências e de percepções. Foi ótimo conversar com eles, para entender a trajetória de cada um. Porque, também, é uma aproximação dos alunos com a relação de mercado, de expectativas e de medos”, conta Therrien. 

Após muitas discussões sobre os estilos existentes de “retratações do real”, a turma de Cine Experiência III foi dividida em equipes, totalizando sete produções.

Produção documental 

“É uma paquera com o estudo do real”, afirma o professor Valdo Siqueira sobre a prática documental no cinema. Segundo ele, a disciplina de Documentário, por ser uma instância teórica e prática do curso, é dividida em dois momentos. “A gente vê praticamente toda a trajetória do documentário, como ele se constituiu, desde a etnografia, passando pelas escolas. Escola americana, inglesa, alemã, francesa e contemporânea. Eles estudam tudo isso e entendem como é a mecânica de cada escola. Eu peço que, ao final desse processo, eles se unam em grupos e façam, cada grupo, um documentário”, explica. 

Neste semestre, os alunos produziram oito documentários. Entre eles, “Maria Maculada”, de Bruno Bressam e Leão Neto, selecionado para a “Mostra Olhar do Ceará”, do 28° Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema, que ocorre de 4 a 11 de agosto, em Fortaleza. 

De acordo com Bressam, “o documentário relembra o passado de uma Maria, uma mulher de histórias, com muitas marcas e perdas em sua vida. Maria foi levada para o ponto mais íntimo de sua vida, onde foram resgatadas memórias que a atormentam até hoje”, afirma. 

Entre as produções realizadas, quatro irão compor a programação da TV Unifor em 2018.2.

Tutorias

As disciplinas de Tutoria são espaços de aprofundamento dos processos de realização audiovisual ministradas nos últimos semestres do curso. 

Na nova matriz curricular, cujo processo de implementação iniciou em 2017.2, elas permanecem na grade com o mesmo conceito, mas com o nome de Cine Experiência V, VI e VII, respectivamente distribuídas em uma sequência de três cadeiras: as Tutorias I, II e III.

Em Tutoria I, os alunos compreendem as práticas da produção cinematográfica. Os debates são articulados pelo professor da disciplina, Marcelo Müller, e um professor convidado. No primeiro semestre de 2018, foi a convidada foi Glaucia Barbosa, especialista em produção executiva, narrativa audiovisual e gestão cultural e educacional. Neste semestre, foi produzido o curta-metragem “Desconhecido”, dirigido pelo estudante Marcelo Machado.

Na disciplina de Tutoria II, ministrada pelo professor Valdo Siqueira, os alunos têm um contato mais aprofundado com fotografia, som, preparação de elenco e direção. 

De acordo com Siqueira, “o produto final são dois curtas, com o maior rigor técnico dentro da academia. É nessa instância que os alunos têm de provar que sabem fazer cinema no mais alto nível”. Este semestre foram realizados os curtas “Lado A, Lado B”, de Rafael Santana, e “Oração ao corpo desconhecido”, de Sávio Fernandes. As duas produções serão editadas próximo semestre, na disciplina de Tutoria III, ministrada pelo professor Tiago Therrien.

E foi em Tutoria III que, este semestre, os alunos montaram os curtas “NVTA -  Não Vai Te Atrapalhar”, de Julia Rabay, “O Direito de Dublar”, de Jailson Tavares, e “A História do Gordo”, de Glauber Brandon. Todos produzidos anteriormente, em Tutoria II.

De acordo com Julia, as experiências, proporcionadas pela união da teoria e da prática cinematográfica, são instigantes, apesar das dificuldades próprias da realizadora. “É extremamente gratificante ver minha história se tornando real, depois de ver o trabalho duro que todo mundo deu”, celebra. O curta “NVTA -  Não Vai Te Atrapalhar” foi o seu primeiro roteiro e a sua primeira direção.