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Seg, 9 Agosto 2021 10:42

Entrevista Nota 10: Camila Coutinho e o mundo de oportunidades do Marketing

Diretora de Marketing da Minalba Brasil enfatiza a importância da geração de valor por meio de estratégias inovadoras e atentas à experiência do consumidor 


Camila Coutinho tem larga atuação na estruturação, implantação e gestão das áreas de Marketing, Pricing e Trade (Foto: Divulgação)
Camila Coutinho tem larga atuação na estruturação, implantação e gestão das áreas de Marketing, Pricing e Trade (Foto: Divulgação)

A paixão pelos movimentos do mercado levou Camila Coutinho, atual diretora de Marketing da Minalba Brasil, a iniciar sua trajetória na seara da inventividade. Formada em Publicidade e Propaganda e especializada em Marketing, ela é dona de uma sólida carreira com mais de 20 anos de experiência em empresas, agências de comunicação e veículos. 

Os resultados positivos têm lugar garantido em sua assinatura profissional, por meio da visão clara de que eles só podem ser construídos em conjunto, com pessoas. Além disso, acreditar na importância da troca de conhecimentos encontrou ainda mais significado na docência: Camila atua como professora convidada dos MBAs em Administração e Marketing da Universidade de Fortaleza.  

Com exclusividade ao Entrevista Nota 10, a executiva aborda os desdobramentos da transformação digital e reflete sobre como os setores de Marketing devem atuar no mundo pós-pandemia. Confira na íntegra: 

Entrevista Nota 10 - Camila, você é formada em Publicidade e Propaganda e especializada em Marketing. De que forma essas áreas convergem e por que escolheu seguir carreira? Sempre foi um desejo seu? 

Camila Coutinho - Eu acredito que nós somos o resultado de uma grande mistura, que vem do somatório de muitas experiências, contatos e momentos distintos e que nos influenciam de várias formas. Não lembro exatamente quando eu soube que queria Publicidade, mas disso tudo eu recordo que, na época do vestibular, escolhi com muita propriedade o curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, apesar de ter afinidade com outros cursos também, como Direito, Jornalismo, Arquitetura, Filosofia - este eu inclusive cursei, concomitantemente ao curso de Publicidade. Uma vez na Publicidade, lembro que me apaixonei pelo Marketing na primeira disciplina que cursei na área. A possibilidade de construir a estratégia do negócio, com visão holística de todo o ecossistema, é talvez o que mais me atraía no Marketing até hoje. Costumo dizer que a Publicidade, que é uma das ferramentas do Mkt, entra como a “cereja do bolo”, mas o Marketing é esse conjunto, esse todo que idealiza o bolo, escolhe os ingredientes, produz e direciona pra quem e onde o bolo será vendido, entrando aí a Comunicação, como ferramenta de construção de marca e diferenciação. 

Entrevista Nota 10 - Você tem lecionado como professora convidada dos cursos de Comunicação e Gestão da Pós-Unifor. Como tem sido a experiência? A aproximação entre mercado e academia pode trazer bons resultados?

Camila Coutinho - Olha, até 2010 eu lecionava na graduação, com as disciplinas de Atendimento Publicitário e Redação Publicitária. Era uma atividade que me dava enorme prazer; sou filha de professora, sempre gostei, mas a agenda começou a não permitir que eu continuasse. Decorridos dez anos, em 2020 tive a honra de retornar à Academia como professora convidada no MBA da Unifor e não parei mais. Brinco que é só chamar, que eu vou, mesmo em meio a uma agenda atribulada como é a minha. Para além da minha satisfação pessoal, faz parte do meu propósito contribuir para o mercado no qual eu atuo e entendo que auxiliar na formação de profissionais, colocar gente boa, bem formada no mercado, seja um caminho e a docência me permite essa realização. Atuar como executiva e como professora me traz essa visão de quais perfis e skills o mercado busca nos profissionais. 

Mas acredito fortemente que nem só de teoria ou nem só de experiência se faz um bom docente. Mesmo no caso dos MBAs, onde as turmas em geral já estão no mercado de trabalho, é importante fundamentar, expor a boa literatura, fomentar nos alunos a busca pelos variados tipos de conhecimento. Meu coordenador no Mestrado, professor Milton Sousa, compartilhou conosco uma citação de autor desconhecido que acredito ilustrar bem o ponto que estou colocando aqui: “nada pode ser tão prático quanto uma boa teoria”. Nessa linha, a cada nova disciplina eu vou facilitar, em cada plano de ensino e material que vou elaborar, busco na Academia os fundamentos, os clássicos, e também bebo da fonte da experiência de mercado, trazendo cases práticos da bagagem acumulada em diversas experiências. 

Entrevista Nota 10 - Ao longo da sua trajetória profissional, você já atuou em diversas empresas e veículos de comunicação. Quais mudanças aconteceram no mundo do Marketing de lá para cá, olhando para a transformação digital? 

Camila Coutinho - Já aconteceu tanta evolução e cada vez mais rapidamente! Se olharmos para as chamadas “Ondas de Inovação”, percebemos intervalos cada vez menores. Entre a primeira onda, lá no final dos anos 1700, e a segunda onda, na metade de 1800, foram 60 anos. Hoje estamos vivendo a quinta onda de inovação, com intervalo de apenas 30 anos entre a anterior e, certamente, um espaço de tempo muito menor entre a sexta onda que já está batendo à porta. Covid, 5G são alguns exemplos de fatores que atuam como aceleradores dessas ondas. Nesse contexto, necessidades que o consumidor nem sabia que tinha e agora já não sabemos como viver sem, como no caso das redes sociais, delivery’s, serão apresentadas à nós em maior número e com muito mais velocidade daqui pra frente. Enquanto profissional de Marketing, na minha visão, a sacada está em trabalhar estratégias “One Line”, porque não existe mais on e off - talvez nunca tenha existido, o indivíduo é único e transita nesses universos o tempo todo, já não dissociando mais um, do outro. 

Entrevista Nota 10 - Falando nisso, como essa transformação tem levado as empresas a repensarem sua imagem e suas práticas, na sua análise? 

Camila Coutinho - A humanidade tem derivado muros e aberto fronteiras, encurtando as distâncias e abrindo oportunidades. Hoje já é possível que uma marca de pequeno porte, com produtos fabricados localmente, seja consumida até em outro país. Da mesma forma, a exposição também cresceu, a visibilidade foi ampliada e os consumidores estão mais informados, plurais e conscientes. Nesse contexto, nunca se falou tanto em construção de valor e reputação de imagem positiva. Há que se trabalhar o ecossistema no qual a marca está inserida. Não é apenas uma relação de compra e venda como já fora num passado não muito distante. A Ana Couto traz isso muito claramente quando fala das Ondas de Branding. Empresas dos mais variados portes e segmentos têm implantado iniciativas sustentáveis, com práticas ESG e ganhando credibilidade entre todos os stakeholders envolvidos na cadeia de valor do negócio. 

Entrevista Nota 10 - E a experiência do cliente, como fica? Qual é a importância de “criar mais pontes” entre público e produto, por exemplo? Muito temos ouvido falar em Marketing de Influência…

Camila Coutinho - Essa é uma pergunta que poderia ser respondida por publicitári@s, psicólog@s, antropólog@s e por aí segue. A experiência é uma frente encantadora para quem trabalha com Marketing. De algum modo, ela sempre esteve no radar, mas hoje olhamos a jornada do consumidor com mais método, indicadores e mais complexidade também, porque os canais de venda expandiram e, com eles, expandimos também as interações que os consumidores têm com as marcas, os pontos de contato. Foram abertas janelas de comunicação diferentes, passiva e ativamente. Essa expansão sem dúvida teve seu ápice fomentado pela explosão do Digital, que permitiu trocas mais democráticas e ágeis entre os negócios e seus públicos. Nessas trocas também foi possível entender melhor quem são as pessoas “do outro lado do balcão”, suas preferências, rejeições, identidades, e aí o marketing de influência se apropria muito bem dessas informações, tocando o consumidor por meio de uma audiência qualificada, mais nichada, que é impactada pelo influencer. 

Entrevista Nota 10 - Em razão da pandemia de Covid-19, estamos passando por um momento que requer resiliência e uma postura ainda mais inventiva no mundo dos negócios. Qual é o papel do Marketing, neste sentido? 

Camila Coutinho - Atuar com Marketing pede um olhar atento para o consumidor. Consumidor é gente, gente é comportamento e comportamento é dinâmico, ou seja, não existe zona de conforto no Marketing. De tempos em tempos, observamos diversas mudanças no comportamento de consumo e com a pandemia muitos desses padrões foram modificados. Com sensibilidade e informação, baseado também em números, cabe ao profissional de Marketing enxergar as oportunidades que estão surgindo e aproveitá-las, ou mesmo fomentar inovações que trarão novos hábitos de consumir e relacionar-se com as marcas.

Entrevista Nota 10 - E no pós-pandemia, como você acredita que os setores de Marketing deverão atuar, em meio a tantas mudanças? 

Camila Coutinho - Acredito na área de Marketing que atua em conjunto com as demais áreas do negócio, gerando valor para toda a organização. Pós-pandemia essa postura será ainda mais necessária. O Marketing que olha para resultado, pra última linha,  que se envolve com o todo para o sucesso de um produto ou serviço. Desse modo, acredito, tornamos a nossa área cada vez mais relevante e demandada pelo mercado. 

Entrevista Nota 10 - Camila, para finalizar, que mensagem você deixa para quem quer seguir a carreira na área de Marketing? Ser amante da inovação e curioso é pré-requisito? 

Camila Coutinho - Sempre comento que, para atuar com Marketing, o requisito principal é gostar de gente! Assim mesmo, com exclamação. Inovar e ser um eterno curioso são comportamentos importantes, sem dúvida, mas é fundamental gostar de gente, porque toda e qualquer estratégia, seja em que segmento for, é feita para pessoas. Falávamos em relações BtB, BtC e hoje entendemos que é PtP, person to person, então, para mim, é sobre comportamento, sobre gente. É sobre conhecer pessoas, hábitos, lugares, viver o mercado. Não se constrói estratégia sentado em cadeira no ar condicionado e trancado em escritório, desconectado das experiências. O profissional de Marketing respira o mercado, ele vive. Depois disso, desse 1% de inspiração que vem do mercado, é preciso repertório e bagagem, que somados à uma visão sistêmica permitirão ao profissional entregar resultados positivos. É nisso que eu acredito.