null Parece ficção, mas é tecnologia: descubra mais sobre a aplicação da inteligência artificial no cotidiano

Seg, 9 Maio 2022 11:26

Parece ficção, mas é tecnologia: descubra mais sobre a aplicação da inteligência artificial no cotidiano

O sonho de um futuro distante se tornou realidade e pode estar ao alcance de um toque


A Inteligência Artificial é algo comum no cotidiano social, mas ela permeia o imaginário popular há décadas (Foto: Getty Images)
A Inteligência Artificial é algo comum no cotidiano social, mas ela permeia o imaginário popular há décadas (Foto: Getty Images)

Em 1927, as salas de cinema ao redor do mundo projetavam “Metrópolis”, longa icônico do cinema preto e branco. A produção se passa um século depois, em 2026, e traz elementos e críticas relativos à época de seu lançamento misturados às conjecturas acerca de como o futuro seria na época retratada. Em meio a inseguranças políticas e robôs se transformando em pessoas, o filme foi o primeiro a retratar, ainda que superficialmente, a Inteligência Artificial nas telonas, quando o artifício ainda nem dava indícios de se tornar realidade.

O termo “Inteligência Artificial” (IA) foi cunhado por volta da década de 1970, e se refere a um ramo da Ciência da Computação que tem como objetivo desenvolver máquinas inteligentes com a capacidade de realizar tarefas que normalmente só humanos poderiam fazer. Essa tecnologia permite aos sistemas computacionais a habilidade de efetuar essas atividades com um maior potencial de repetição, eficiência e agilidade.

De acordo com Vládia Pinheiro, professora do curso de Ciência da Computação da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, e membro do Laboratório de Ciência de Dados e Inteligência Artificial (LCDIA) da instituição, algumas dessas tarefas envolvem tomadas de decisões, classificação de textos, reconhecimento de falas, observação e identificação de padrões, entre outras. 

Vasco Furtado, coordenador do LCDIA e docente da Unifor, explica que, para um programa envolver IA, é necessário a presença de três características: autonomia, racionalidade e aprendizagem. “Autonomia refere-se ao fato de que o programa deve decidir por si só e não somente seguir comandos de um programador. A racionalidade refere-se à medida de qualidade das ações/decisões tomadas pelo programa inteligente. [...] Por fim, o aprendizado refere-se à capacidade do programa de criar novos conhecimentos por si só”, esclarece ele.

Onde a Inteligência Artificial pode ser encontrada?

A Inteligência Artificial é, atualmente, um importante componente tecnológico do mercado. Entretanto, seu conceito está em constante evolução, conforme o desenvolvimento de suas aplicações. Dessa forma, ao propiciar máquinas inteligentes que substituem a necessidade do “fazer humano'', a IA pode ser encontrada em diversos formatos, e sua aplicação está, muitas vezes, ao alcance da mão.


A professora Vládia Pinheiro também é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor, e desenvolve pesquisas na área de Inteligência Artificial
(Foto: Ares Soares)

Para Vládia Pinheiro, os humanos já são, de certa forma, meio-robôs: “Nossa memória está no celular. Não precisamos aprender os números de telefone nem o nome das ruas de nossa cidade, e toda a tecnologia que facilita nossa vida nos coloca a um clique da informação. Não temos que pensar muito, apenas reagimos e somos guiados. O fato é que a IA não é mais ficção científica. É real e está recomendando nossas músicas e filmes, recrutando pessoas, assistindo pacientes crônicos, dirigindo carros autônomos, recomendando julgamentos e selecionando o que vemos em nossas redes sociais”, sustenta a docente.

Em relação às vantagens desse artifício, o professor Vasco Furtado assegura que são inúmeras. O coordenador afirma que muitas atividades consideradas “tediosas” pelas pessoas, já começam a ser realizadas pela IA. Um grande exemplo é o reconhecimento de imagens em câmeras de videomonitoramento, que, ao ser realizado por máquinas, consegue identificar pessoas em multidões muito mais rápido.

O futuro dos sistemas inteligentes

A esse ponto, já ficou claro que, em termos de transformação, a IA tem um potencial enorme. Entretanto, ainda que auxilie diversos setores e facilite a vida do ser humano, ela carrega um lado sombrio e cheio de conspirações e preocupações com o que pode vir a se tornar. A autonomia das máquinas é algo muito discutido atualmente, e seus avanços são temas de diversos estudos e especulações.

O crescimento da importância e visibilidade desse artifício colocam, ao mesmo tempo, um holofote nos benefícios de suas aplicações e nas possíveis consequências negativas de sua utilização. De acordo com Vasco, o futuro da IA é estar cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, o que deve gerar um aumento de produtividade na realização de tarefas e, como resultado, implicar em uma melhor qualidade de vida para as pessoas.

“O ônus a pagar é uma completa reestruturação do trabalho e dos empregos, o que pode aumentar o desemprego, principalmente para pessoas que tenham pouca qualificação para se adaptar a novas formas de trabalho”, pontua. O coordenador da LCDIA menciona também que, ao fornecer autonomia às máquinas, criam-se novas questões de caráter ético que precisam ser discutidas pela sociedade.

Para Vládia, a humanidade não tem mais como fugir dos sistemas de IA. Assim, se torna necessário colocar esses sistemas a serviço do homem, ou seja, para a melhoria da vida em sociedade. Porém, as preocupações com a justiça, a responsabilidade e a transparência dos resultados desses sistemas devem guiar o desenvolvimento futuro da área.

“Como a IA aprende a partir de dados históricos, corre-se um risco de que ela aprenda de forma enviesada ou tendenciosa. Ou seja, ao desenvolver uma IA, seu projetista deve se preocupar em inserir nos sistemas a capacidade não somente de realizar a tarefa com inteligência, mas de explicar o porquê tomou cada decisão, quais os critérios utilizados, de forma a permitir a verificação da imparcialidade ou parcialidade dos resultados”, finaliza a professora.

Nas telonas

Após a estreia de “Metrópolis”, diversas outras produções televisivas e cinematográficas trouxeram a Inteligência Artificial como protagonista de suas histórias. Como forma de despertar o debate acerca do assunto, confira abaixo algumas indicações de obras que trazem elementos e representações relativos à IA.

É válido lembrar que muitos desses títulos são de décadas passadas, onde a IA não era tão presente como hoje. Porém, ainda que muitas de suas especulações não tenham se tornado realidade no presente, os assuntos tratados ainda podem ser considerados uma possibilidade em um futuro próximo. 

  • O Exterminador do Futuro (1984) - Um clássico do universo cinematográfico. O longa traz a representação de um futuro no qual a guerra entre humanos e máquinas se torna realidade, e tem como antagonista a Skynet, uma inteligência artificial que opera principalmente por meio de robótica e sistemas de computador. A trama gira em torno de um plano arquitetado pelas máquinas para impedir o nascimento do homem que viria a se tornar o líder da rebelião humana contra a tecnologia.  
  • Wall-E (2009) - Um dos filmes mais amados da Pixar mostra o futuro poluído da Terra e uma humanidade que, para fugir de seus próprios feitos, passam a viver em uma nave espacial enquanto robôs limpam o planeta. Wall-E, o protagonista, e o último destes robôs, se apaixona por Eva, uma máquina moderna que surge repentinamente na Terra. Juntos, os dois embarcam em uma aventura para salvar o planeta.  
  • Ela (2013) - Um escritor solitário decide comprar um novo sistema operacional para o seu computador, mas, para sua surpresa, acaba se apaixonando pela voz por trás do programa informático, dando início a uma relação amorosa, e com um “quê” de dependência emocional por parte do protagonista. A trama discorre sobre as relações entre o homem contemporâneo e as tecnologias, ao mesmo tempo que expõe as fragilidades humanas perante às máquinas. 
  • Black Mirror (2011) - A série de televisão britânica é uma antologia de ficção científica centrada em temas obscuros e satíricos que examinam a sociedade moderna e fazem previsões para um futuro próximo, colocando as tecnologias e suas diversas aplicações (inteligência artificial) como protagonistas. 
  • Westworld (2016) - O seriado, derivado do filme homônimo de 1973, gira em torno de um parque de diversões futurista para adultos, onde seus visitantes, utilizando uma inteligência artificial, podem viver suas fantasias mais profundas sem sofrer nenhuma consequência. Porém, tudo começa perder o controle quando uma atualização no sistema das máquinas dá errado.