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Seg, 3 Julho 2023 11:02

Pesquisa Unifor: Artigo analisa influência do empreendedorismo social no ensino superior

O estudo coletou dados de 220 universitários de todo o Brasil que participaram de projetos socioambientais e faziam parte do programa Enactus


A pesquisa avaliou o impacto de programas sociais nas intenções e comportamento dos alunos, questão pouco abordada em outros estudos da área (Foto: Freepik)
A pesquisa avaliou o impacto de programas sociais nas intenções e comportamento dos alunos, questão pouco abordada em outros estudos da área (Foto: Freepik)

O empreendedorismo social é uma prática que vem se popularizando nos últimos anos. Destaca-se por ser uma área em que atividades de impacto positivo são desenvolvidas na sociedade para enfrentar desafios sociais, econômicos e ambientais por meio de negócios sustentáveis e de valor para a população.

Nessa conjuntura, o professor Milton Sousa, Vice-Reitor de Pesquisa da Universidade de Fortaleza — instituição da Fundação Edson Queiroz —, produziu o artigo “Social entrepreneurial intention: educating, experiencing and believing” junto a Maria Granados, docente da Universidade de Westminster, e José Augusto Lacerda, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O estudo (“Intenção empreendedora social: educar, experimentar e acreditar”, em tradução livre) visa compreender os principais pretextos que levam à caracterização da intenção empreendedora social em estudantes de instituições de ensino superior (IES), tanto públicas quanto privadas, pelo Brasil.

Com isso, a pesquisa buscou enfatizar a necessidade de integrar oportunidades baseadas em experiências de programas do ensino superior, contribuindo para a literatura da educação em empreendedorismo social.


“A partir do que nós descobrimos, as políticas públicas podem ser formuladas com foco em desenvolver essas características nos estudantes e entender quais são os principais fatores que mais influenciam nessa decisão do aluno e, desse modo, promover projetos e capacitações que possam focar nas qualidades abordadas no artigo, que são as que mais instigam os indivíduos a terem uma intenção de empreender no social” — Milton Sousa, Vice-Reitor de Pesquisa da Universidade de Fortaleza e autor do estudo

Desenvolvimento da pesquisa

Durante o estudo, a equipe de pesquisadores realizou uma abordagem com estudantes que estavam participando ou participaram de projetos socioambientais e faziam parte do programa Enactus durante suas formações acadêmicas em diferentes IES no Brasil. 

O Enactus é uma iniciativa internacional que atua em mais de 120 instituições de ensino superior — incluindo a Unifor — nas cinco grandes regiões do país, promovendo a aplicação do conhecimento científico a favor de processos de transformação social e alcançando mais de 3.000 alunos.


O programa Enactus também conta com um braço ativo na Universidade de Fortaleza, promovendo a transformação social por meio da ciência (Imagem: Divulgação)

A partir da análise realizada junto à organização, o grupo de cientistas obteve um contexto satisfatório para explorar o papel da educação empreendedora e da experiência social nos empreendimentos sociais.

Um questionário foi aplicado a 220 estudantes — sendo esses majoritariamente do sexo feminino, na faixa de 21 a 25 anos, de diferentes cursos —, visando captar as principais características de alunos do ensino superior que se engajam em atividades de empreendedorismo social.

Resultados

A partir dos métodos, foi possível avaliar o impacto de programas socioambientais na intenção e comportamento dos alunos, o que ainda não havia sido abordado na maioria dos outros estudos sobre o mesmo tema. Também foram encontradas estatísticas significativas entre:

  • educação empreendedora e autoeficácia,
  • reconhecimento de oportunidades,
  • experiência anterior com empreendedorismo social,
  • empatia.

Por meio do artigo, acredita-se que a relação entre a educação e a vivência em programas baseados na experiência de educar e experimentar podem ajudar os estudantes a desenvolverem as características citadas acima, o que motivaria os discentes a comandarem negócios focados no social.

Um dos itens mais importantes que influenciam o aluno a se engajar nesse tipo de atividade é o reconhecimento de oportunidades. “Um ponto importante dessa característica é que ela pode ser ensinada, treinada e trabalhada com o estudante durante o ensino superior”, comenta o professor Milton Sousa.


Segundo pesquisadores, o reconhecimento de oportunidades é uma característica que pode ser ensinada no ensino superior (Foto: Freepik)

A autoeficácia, outro traço relevante abordado na pesquisa, é uma qualidade que se caracteriza quando o indivíduo tem certeza que consegue executar uma tarefa. O artigo mostra que quanto mais segurança o estudante tem sobre executar uma atividade, mais interesse ele terá em empreender socialmente.

Já a empatia, atributo também significativo no trabalho, é definida como a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa e compreender as questões de outros indivíduos. Isto é, aqueles que se identificam com uma realidade social possuem mais intenção de atuar para reduzir determinado problema existente. Além disso, a empatia influencia no desenvolvimento da autoeficácia.

“Quanto mais empatia esse aluno tem, mais ele vai criando autoeficácia, ou seja, ele desenvolve mais segurança em conseguir propor um projeto que é capaz de resolver um problema social’’
Milton Sousa, Vice-Reitor de Pesquisa da Universidade de Fortaleza e autor do estudo

Além disso, de acordo com o artigo, a educação empreendedora é fundamental para a construção de negócios sociais. No entanto, ela precisa se aliar com a prática para que surjam os efeitos necessários e o estudante possa ter condições de investir em um trabalho comunitário, por exemplo.

Publicação Internacional

Com a importância do tema, que vem se tornando crescente nos últimos anos, o artigo foi publicado online em fevereiro deste ano na revista internacional Studies in Higher Education, que possui um fator de impacto de 4.0 e CiteScore em 7.2.

O periódico é voltado para questões do ensino superior, publicando pesquisas que partem de uma perspectiva disciplinar ou multidisciplinar. Além disso, ele acolhe contribuições que visam melhorar a compreensão política de ensino superior, gestão e desempenho institucional, entre outros.