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Seg, 8 Maio 2023 17:16

Pesquisa Unifor: Artigo analisa motivações de quem faz empreendedorismo social

Estudo buscou compreender como uma experiência antiga de pessoas com o voluntariado influenciariam elas a se tornarem empreendedores sociais


Os pesquisadores fizeram uma análise com 423 voluntários para coletar os resultados do artigo (Foto: Getty Images)
Os pesquisadores fizeram uma análise com 423 voluntários para coletar os resultados do artigo (Foto: Getty Images)

Apesar de terem sentidos próximos, há uma diferença entre voluntariado e empreendedorismo social. O primeiro é definido como aquele que trabalha apenas por solidariedade. Já o segundo forma um modelo de negócios e aplica metodologias de mercado para obter êxito em determinado problema existente na sociedade.

É o que explica o artigo “Do Volunteers Intend to Become Social Entrepreneurs? The Influence of Pro-Social Behavior on Social Entrepreneurial Intentions” (“Voluntários Pretendem Tornar-se Empreendedores Sociais? A Influência do Comportamento Pró-Social em Intenções Empreendedoras Sociais”, em tradução livre), que abre uma discussão relevante sobre o comportamento de agentes do empreendedorismo social.

A equipe responsável pela pesquisa é formada por Samara Trajano, egressa do Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade de Fortaleza; Bruno Lessa, pós-doutor em Administração e professor da Unifor; Milton Sousa, Vice-Reitor de Pesquisa e orientador do trabalho; e Stelvia Matos, docente da Universidade de Surrey, na Inglaterra.

Por meio de uma pesquisa de influência do comportamento social, o estudo visa compreender como uma experiência antiga com voluntariado poderia influenciar pessoas a se tornarem empreendedoras sociais. A equipe analisou as atuações de 423 voluntários para compreender o que estimula as pessoas a praticarem iniciativas relacionadas ao tema.

A prática do empreendedorismo social desempenha um importante papel para a sociedade, pois atua como fator colaborativo no auxílio a pessoas em vulnerabilidade social e/ou que tenham dificuldade em se inserirem no mercado de trabalho. Além disso, utiliza a tendência ao altruísmo de muitos para o benefício coletivo.

Bruno Lessa, que pesquisa empreendedorismo social há dez anos, comenta que a prática não atua para solucionar problemas estruturais, mas desafios específicos, locais e pontuais. Questões estruturais precisam de políticas públicas para que possam ter uma resolução adequada.


“O nosso trabalho é completo, pois trata de três camadas: políticas públicas; contribuição teórica, citando a questão das características; e a prática, para quem já está no meio realizando cursos de empreendedorismo” Bruno Lessa, pós-doutor em Administração e professor da Universidade de Fortaleza

Sobre a pesquisa 

De maneira inovadora, o estudo buscou analisar questões pouco abordadas em trabalhos antigos, como o altruísmo dos voluntários e a religião. Com isso, a equipe conseguiu obter resultados interessantes acerca dos motivos dos voluntários atuarem com o empreendedorismo social.

Foram produzidos questionários estruturados e escalas do tipo Likert de sete pontos relacionadas à empatia, auto eficácia, suporte social percebido e intenções de empreendedorismo social, reconhecimento de oportunidades, religião e altruísmo.

Após a análise das pesquisas, a equipe concluiu que características como obrigação moral, influência religiosa e empatia, por exemplo, são fatores que não contribuem significativamente como um estímulo para levarem as pessoas a entrarem no mundo do empreendedorismo social. 

Por outro lado, observou-se, até de forma surpreendente, que os principais elementos de influência são aqueles já vistos no empreendedorismo tradicional, como a autoeficácia, apoio social percebido, reconhecimento de oportunidades e, sobretudo, o altruísmo.

Ou seja, o empreendedor social possui o mesmo perfil de quem empreende com foco em retornos financeiros, porém com o acréscimo do altruísmo.

Publicação Internacional


“O jornal é bem conceituado para pessoas que estudam o voluntariado, terceiro setor, empreendedorismo social e área afins”, comenta Bruno Lessa (Imagem: Divulgação)

Com a relevância do assunto, o artigo foi publicado no jornal "Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly", em junho de 2022. No entanto, o conteúdo saiu com as informações oficiais e se tornou uma publicação instituída apenas no mês de março deste ano.

O jornal possui fator de impacto 3.348, não tem fins lucrativos e se dedica em aprimorar o conhecimento em organizações sem fins lucrativos, filantropia e voluntariado, fornecendo pesquisa de ponta, discussão e análise de campo.