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Seg, 19 Junho 2023 11:28

Pesquisa Unifor: Artigo investiga instabilidade hemodinâmica em pacientes de hemodiálise

Realizado por Cláudia Nascimento, egressa do Mestrado em Ciências Médicas da Universidade de Fortaleza, o estudo utilizou biomarcadores para predizer a condição dos pacientes


O trabalho visou desvendar um problema ainda pouco explorado no campo de estudo da hemodiálise (Foto: Getty Images)
O trabalho visou desvendar um problema ainda pouco explorado no campo de estudo da hemodiálise (Foto: Getty Images)

Os rins são órgãos fundamentais para a manutenção adequada do corpo, sendo responsáveis pela filtragem do sangue, eliminação de toxinas, além de outras funções igualmente importantes. Quando eles não funcionam devidamente, surge a necessidade de realização da hemodiálise, procedimento que atua como um rim artificial.

No entanto, alguns pacientes apresentam instabilidade hemodinâmica, uma anormalidade da pressão arterial, durante a sua realização. Por isso, a enfermeira Antônia Cláudia Nascimento, mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (PPGCM) da Universidade de Fortaleza — instituição da Fundação Edson Queiroz —, produziu o artigo “Syndecan-1 predicts hemodynamic instability in critically ill patients under intermittent hemodialysis”.

A pesquisa (“Syndecan-1 prediz instabilidade hemodinâmica em pacientes criticamente enfermos em hemodiálise intermitente”, em tradução livre) da egressa teve a participação de Alexandre Braga Libório, professor da graduação em Medicina e do PPGCM da Unifor.

Seu objetivo foi avaliar se biomarcadores de endotélio (tecido que reveste a superfície interna dos vasos sanguíneos e linfáticos) e/ou glicocálix (revestimento externo da membrana plasmática) são capazes de prever episódios de hipotensão (pressão baixa) durante a hemodiálise em pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

De acordo com o artigo, cerca de 70% das sessões do procedimento intermitente em pacientes críticos são complicadas por instabilidade hemodinâmica. Várias características clínicas são associadas a pressão arterial instável ou anormal de forma contínua. Entretanto, a capacidade de predizer tais eventos durante a hemodiálise é bem menos definida, o que levou à produção do trabalho.

“A hipotensão durante a diálise é um evento comum, principalmente em pacientes críticos, e de difícil previsão, só que isso pode trazer muitos danos [a eles]. Dessa forma, tentamos analisar se o endotélio teria participação nesses eventos”Alexandre Braga, professor de medicina da Unifor e participante da pesquisa

O estudo contou com o apoio do laboratório do Instituto Doutor José Frota (IJF), onde Cláudia trabalha, e da Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Métodos da pesquisa 

Durante a realização da pesquisa, a equipe fez um estudo prospectivo observacional nas UTIs do IJF. Com isso, foram incluídos pacientes gravemente enfermos com lesão renal aguda e que necessitavam de cuidados por meio de hemodiálise intermitente.


A pesquisa coletou o monitoramento de pacientes gravemente enfermos com lesão renal aguda na UTI do IJF (Foto: Getty Images)

Assim, foi realizado o rastreio de pacientes e a coleta de 5ml de sangue 30 minutos antes de cada sessão para mediação de biomarcadores endoteliais. VCAM-1, angiopoietina -1 e -2 e Syndecan-1 foram os biomarcadores utilizados pelos pesquisadores para a realização do trabalho.

Os biomarcadores são utilizados como indicadores de algum estado de doença particular ou alguma outra situação fisiológica de um organismo, auxiliando no diagnóstico de alguma enfermidade. 

Resultados

Com os métodos aplicados, Cláudia e sua equipe chegaram à conclusão de que o único biomarcador capaz de predizer a instabilidade hemodinâmica em pacientes críticos foi o Syndecan-1 plasmático. Ele tem, portanto, o valor clínico necessário para prever episódios de hipotensão durante a hemodiálise.

O recurso apresentou números de precisão moderada para predizer a instabilidade hemodinâmica, com área sob a curva característica de operação do receptor 0,78. O intervalo de confiança foi de 0,95%, entre 0,68 e 0,89.

Além disso, a adição do Syndecan-1 melhorou a capacidade de discriminação de um modelo clínico de 0,67 para 0,82 e otimizou a previsão de risco, medida pela melhoria da reclassificação líquida.


“O Syndecan-1 está associado a instabilidade hemodinâmica durante a hemodiálise intermitente em pacientes criticamente enfermos, podendo ser útil para identificar quem tem risco aumentado para tais eventos. Dessa forma, pode favorecer o desenvolvimento de estratégias capazes de predizer a hipotensão intradialítica com o objetivo de intervir precocemente”Cláudia Nascimento, enfermeira e egressa do Mestrado em Ciências Médicas da Unifor

Publicação Internacional

Dada a importância da abordagem do artigo, ele foi publicado na revista científica internacional Clinical Kidney Journal, da Oxford Academy. O periódico é um recurso educacional e de treinamento essencial voltado para pesquisas clínicas, translacionais e educacionais clínicas.

A revista expõe pesquisas com o intuito de contribuir para os profissionais de saúde que trabalham na área da nefrologia e da patologia renal com informações  relevantes sobre os temas tratados nela, além de trazer inovação para os campos estudados.