Você come rápido? Velocidade da refeição pode ter ligação com deficiências nutricionais e ganho de peso

Confira dicas para controlar hábito de comer rápido e melhorar a absorção de nutrientes 

Nutrientes, proteínas, carboidratos e fibras são termos conhecidos por quem se preocupa em manter uma boa alimentação. No entanto, pouco se fala em outro fator também importante no momento de comer: a velocidade de ingestão dos alimentos.

Diante do desafio de conciliar compromissos de trabalho, familiares e pessoais, não é incomum que as refeições aconteçam ao mesmo tempo em que outras atividades, como trabalhar ao computador, conversar ao celular e até mesmo se deslocar de um ponto a outro.

Essas situações podem influenciar a saúde, prejudicando a absorção de nutrientes pelo corpo e contribuindo para o ganho de peso. Comer rápido ainda pode desencadear problemas gastrointestinais, como hérnia ou refluxo gastroesofágico.

Baixa absorção de nutrientes e ganho de peso

Segundo a Dra. Marília Porto, docente do curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza — instituição da Fundação Edson Queiroz —, a digestão é composta por vários processos em que os alimentos são reduzidos até moléculas mais simples, para que estas possam ser absorvidas pelo organismo. 

“Quando comemos muito rápido, o alimento passa mais tempo no estômago, o que gera uma dificuldade de ser digerido, quebrado em partículas mais simples. E chegando ao intestino, onde acontece a maior porção da absorção, os nutrientes podem ter uma absorção reduzida”, explica a nutricionista, que atende pessoas com distúrbios do TGI, alergias e doenças autoimunes.

"Pessoas que têm um consumo mais rápido das refeições tendem a sentir uma saciedade tardia por conta do descontrole hormonal.” — Marília Porto, nutricionista e docente do curso de Nutrição da Unifor

Além da baixa absorção de nutrientes, Marília destaca o ganho de peso como outra consequência ligada ao hábito de comer rápido. “O estômago é composto por músculos que são elásticos. Então quanto maior esse volume de ingestão, mais dilatado fica o estômago, o que possibilita um futuro aumento de peso”, alerta.

 

Fome e saciedade

Existem hormônios que estão ligados às sensações de fome e saciedade: a grelina e a leptina, respectivamente. Quando a primeira está em níveis altos, é necessário um tempo para que ela diminua e a segunda aumente. No entanto, comer muito rápido quando a grelina está alta favorece o consumo excessivo devido à sensação de fome gerada pelo hormônio.

Assim, quando a leptina começa a aumentar, já existe um volume grande de alimento no estômago e ocorre a sensação de empachamento. Esse volume resulta em mais tempo para a digestão, uma vez que esses alimentos passam para o intestino gradativamente.

Comer rápido afeta produção de hormônios que regulam a absorção de nutrientes pelo organismo (Foto: Getty Images)

“O estômago funciona como uma bolsa para que os alimentos passem gradativamente para o intestino e assim aconteça o restante da digestão e absorção dos nutrientes. Todo esse processo é prejudicado quando o consumo dos alimentos acontece de forma acelerada”, sintetiza Marília.

Saúde cardiovascular e glicemia

Quanto mais se come rápido, mais calorias são ingeridas. Esse excesso corrobora para que o indivíduo ganhe gordura e tenha aumento de tecido adiposo, muitas vezes concentrado na área abdominal, região que tem forte ligação com doenças cardiovasculares.

A própria Sociedade Brasileira de Cardiologia utiliza a circunferência da cintura como parâmetro de risco para o desenvolvimento desse tipo de doenças. O mesmo raciocínio vale para os níveis de glicose no sangue.

O acúmulo de gordura corporal pode ocasionar em doenças cardiovasculares (Ilustração: Getty Images)

“Quando temos uma pessoa consumindo alimentos em uma velocidade mais rápida, temos também aumento do volume alimentar. Com o aumento do volume, maior será a quantidade de carboidratos consumidos pela pessoa. Se existe aumento do consumo de carboidratos, temos então aumento da glicemia”, conclui Marília.

Dicas para controlar a velocidade da alimentação

Levando em consideração que o ato de alimentar-se é de vital importância, vale a pena o esforço para realizar essa ação cotidiana de forma adequada. A nutricionista Marília Porto ressalta ainda o aumento do risco de engasgos quando se faz uma refeição apressadamente e sugere formas de controlar o hábito de comer rápido:

  • Escolher um local que seja agradável;
  • Manter-se longe do celular e de outras formas de distração;
  • Estar ao lado de pessoas de quem se gosta, para demorar mais à mesa;
  • Descansar os talheres;
  • Prestar atenção ao prato, olhando o que se está comendo. 

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