null Entrevista Nota 10: Ana Paula Abdon e os bons resultados da Fisioterapia

Ter, 1 Dezembro 2020 14:58

Entrevista Nota 10: Ana Paula Abdon e os bons resultados da Fisioterapia

Pesquisadora e professora do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Unifor destaca como as novas tecnologias podem contribuir para tratamentos eficazes


Ana Paula Abdon é professora do curso de graduação em Fisioterapia da Unifor e também do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da instituição (Foto: Ares Soares)
Ana Paula Abdon é professora do curso de graduação em Fisioterapia da Unifor e também do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da instituição (Foto: Ares Soares)

De aluna a professora do curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, o caminho percorrido por Ana Paula Abdon envolveu, sobretudo, a inspiração vinda dos mestres. Doutora em Biotecnologia, ela construiu sua afinidade com a pesquisa científica já nos primeiros experimentos e hoje lidera o Grupo de Pesquisa em Fisioterapia e Desempenho Humano. 

Com exclusividade ao Entrevista Nota 10, a professora do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Unifor (PPGSC) destaca como as novas tecnologias podem contribuir para tratar a população e fala também sobre os avanços científicos na área. Confira a seguir: 

Entrevista Nota 10 - Professora, como surgiu seu interesse pelo campo da pesquisa dentro da sua formação como fisioterapeuta? 

Ana Paula Abdon - Na época que me formei não tínhamos o incentivo tão institucionalizado como hoje. A universidade tem um tripé sólido de pesquisa, possui corpo docente com pesquisadores que se destacam em suas áreas e na área da saúde oferta 5 pós-graduações stricto sensu. Isso gera um impacto benéfico também no tripé educação. Além disso, a universidade conta com programas de bolsas de iniciação científica com apoio próprio e das agências de fomento local e nacional, Funcap e CNPq. Por meio da iniciação científica descobrimento e incentivamos talentos. Mas voltando para o meu interesse de recém formada, sempre gostei de estudar e de desafios. Meus professores da época, hoje meus amigos na docência, nos incentivaram também. Queria crescer! Mas a paixão pela pesquisa, surgiu de fato quando iniciei meus primeiros experimentos. Aí foi um caminho sem volta! Nunca mais abandonei. E assim que fui selecionada para o corpo docente da Unifor, em 2001, uma dupla de alunas me convidou para orientá-las.

Entrevista Nota 10 - A área da Fisioterapia acompanhou grandes mudanças e transformações, com profissionais que souberam agregar técnicas à profissão. De que forma esse caminho segue avançando com as novas tecnologias?

Ana Paula Abdon - Estamos evoluindo para melhor nossa capacidade de detectar alterações funcionais e melhor compreendê-las para ofertar a população os tratamentos eficazes. As novas tecnologias serão nossas ferramentas valiosas para alcançar esses objetivos. Hoje o teleatendimento é um fato, algo que parecia longe há meses. Hoje temos equipamentos nos consultórios que nos auxiliam na avaliação funcional, como a termografia ou imageamento infravermelho que por meio de uma câmera possibilita avaliar a temperatura dos tecidos. Temos também experiências de inteligência artificial no diagnóstico de algias na coluna sendo desenvolvido por um grupo de fisioterapeutas, liderado por competente profissional.

Entrevista Nota 10 - A formação dos fisioterapeutas tem acompanhado esse ritmo? No curso da Unifor, por exemplo, quais são os principais diferenciais oferecidos aos futuros profissionais? 

Ana Paula Abdon - O curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza tem a pesquisa como um dos seus eixos de formação. Oferta para os alunos módulos de ensino e discutem a ciência e o método científico. Estimula os alunos a serem profissionais proativos, questionadores e pautarem sua atuação nas evidências científicas. Para além da sala de aula, temos professores engajados na pesquisa, e em particular, um grupo formado por 10 professores doutores, cadastrado no CNPq. Há outros grupos de estudo que colaboram com a formação do aluno em diversos campo do saber. Tenho que mencionar outras atividades promovidas pelo curso, como eventos científicos e palestras. Nossos laboratórios também se destacam pela existência de equipamentos de avaliação e de tratamento de ponta. Durante a pandemia, inovamos também oferecendo aos nossos alunos diversas oportunidades de aprimoramento através das lives, convidando pesquisadores internacionais.

Entrevista Nota 10 - Professora, que trabalhos vêm sendo desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Fisioterapia e Desempenho Humano, o qual você lidera?

Ana Paula Abdon - Desenvolvemos vários projetos na área da saúde e da tecnologia, como aplicativos para pessoas com TEA (Transtornos do Espectro Autista) e para avaliação de rugas faciais. Há professores envolvidos com pesquisa na área desportiva. Também realizamos pesquisas na área de promoção da saúde investigando os impactos do uso do smartphone na saúde física de adolescentes, adultos e idosos em parceria com outras instituições.

Entrevista Nota 10 - Agora falando sobre a pandemia: recentemente, você participou, junto a pesquisadores nacionais e internacionais, do estudo “Risk of hospitalization for covid-19 outpatients treated with various drug regimens in Brazil: comparative analysis”, que foi publicado pela revista europeia Travel Medicine and Infectious Disease recentemente. O que a pesquisa constatou e o que representa a publicação internacional?

Ana Paula Abdon - Neste estudo de coorte com mais de 700 pessoas, analisamos os fatores de risco para internação constatando que as doenças cardíacas aumentavam o risco em 1,7 vezes; diabetes e obesidade aumentavam o risco de internação em duas vezes, e a cada década de idade (a partir de 40 anos), dobrava também. Além disso, constatamos que o tratamento precoce com hidroxicloroquina (HCQ), prednisona ou ambos causaram redução do quantitativo de hospitalização em 50-60%. A publicação em revista internacional e bem conceituada é um parâmetro importantíssimo da qualidade da produção científica por ela publicada. Isto é, quando melhor avaliada uma revista, mais exigente ela será para avaliar o artigo e publicá-lo.