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Qui, 15 Outubro 2020 14:43

Entrevista Nota 10: Sandra Falcão e a medicina do coração

Professora da Universidade de Fortaleza explica como a pandemia de Covid-19 tem afetado o campo da cardiologia


Sandra Falcão é Doutora em Cardiologia pela USP e leciona no curso de Medicina da Universidade de Fortaleza (Foto: Arquivo pessoal/Edição: Felipe Ferreira)
Sandra Falcão é Doutora em Cardiologia pela USP e leciona no curso de Medicina da Universidade de Fortaleza (Foto: Arquivo pessoal/Edição: Felipe Ferreira)

Foi na residência de clínica médica que a cardiologista Sandra Falcão encontrou sua especialidade. Professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, ela partilha junto aos alunos o saberes referentes aos cuidados do coração e desperta neles o entusiasmo para exercer sua profissão com afeto e olhar humanizado. 

Doutora em Cardiologia (USP), a médica fala com exclusividade ao Entrevista Nota 10 sobre como a pandemia do novo coronavírus tem afetado a área da saúde e destaca a importância da atenção com o bem-estar físico e mental nesse momento. Confira a seguir: 

Entrevista Nota 10 - Professora, como o interesse pela área da Cardiologia encontrou sua trajetória médica? 

Sandra Falcão - Na graduação, me identifiquei com diferentes áreas da medicina, gostava de estudar e entender vários aspectos que são área de atuação de diversas especialidades. Entretanto, por ter sido monitora de fisiologia, a dinâmica do coração me encantou desde o princípio; todavia, a decisão de seguir a especialidade de cardiologia só aconteceu anos depois, na residência de clínica médica.

Entrevista Nota 10 - Você considera que as escolas de medicina do Brasil mudaram em relação ao contexto de quando você era estudante, por exemplo? 

Sandra Falcão - As escolas de medicina, como quase tudo nos últimos anos, passaram por uma grande revolução na educação, metodologias ativas, acesso rápido e fácil a informações, visão mais holística do paciente, possibilidade de treinamento em ambientes de simulação.

Entrevista Nota 10 - E os alunos da Unifor? Como eles exercem esse contato com a área que promove a saúde do coração? 

Sandra Falcão - No curso de medicina da Unifor, a matriz curricular é pautada em competências e aquisição de habilidades. O contato com a saúde do coração ocorre durante todo o curso, de forma integrativa, a exemplo também das outras áreas da medicina. O aluno vivencia desde os cuidados de prevenção das doenças cardiovasculares, passando pelos tratamentos das patologias e dos impactos do adoecimento na vida dos pacientes.

Entrevista Nota 10 - Falando agora sobre a pandemia que estamos vivenciando, como o campo da Cardiologia tem reagido aos impactos da Covid-19? 

Sandra Falcão - A saúde do coração em várias facetas tem sido muito afetada nesse momento de pandemia e isolamento social. A ansiedade, o estresse e a solidão, impostos pelo momento, são fatores de grande influência sobre a saúde cardiovascular, levando a alterações da pressão arterial, distúrbios alimentares com descontrole das taxas de colesterol e glicemia, e até mesmo descompensações dos quadros de insuficiência cardíaca e coronária. Outro aspecto relevante é que o receio de ir às unidades de saúde e consultórios, teve como consequência significativo atraso nos diagnósticos, o que em certos casos pode gerar desfechos desfavoráveis. O impacto da pandemia na saúde tem sido observada no dia a dia dos cardiologistas, quando avaliamos nossos pacientes que mesmo não tendo adoecido pelo vírus da pandemia, tiveram a saúde (entendida como bem-estar físico e mental) comprometida nesse período.

Entrevista Nota 10 - E a rotina hospitalar, já sente menos as alterações daquele pico de contaminação que se deu nos primeiros momentos? 

Sandra Falcão - Ainda estamos em momento que exige cautela e cuidado, pois o vírus não desapareceu. Houve uma grande redução no número de casos. Entretanto, temos que aprender a lidar com a situação, e incorporar os cuidados de prevenção no nosso dia a dia.

Entrevista Nota 10 - Poderia falar sobre o trabalho que vem desenvolvendo junto aos estudantes de medicina da Unifor?  

Sandra Falcão - O período de pandemia trouxe um desafio especial a educação e nesse contexto, veio a acelerar a tendência de inclusão de estratégias com utilização de mídias e virtualização do conhecimento. Juntos com grupo de monitores dos módulos de emergência do curso de medicina da Unifor, eu e outras duas professoras do módulo de emergências (Thatyanne Chaves e Marcia Souto Maior) iniciamos um projeto que já há anos vinha de forma embrionária sendo cultivado, um podcast com conteúdos de emergências que pudesse ser utilizado não apenas por nossos alunos, mas também pelos egressos e alunos de outras instituições. 

Nos últimos meses, percebemos que quando as gravações eram realizadas por jovens colegas que são nossos egressos, tínhamos um ganho significativo no entusiasmo dos discentes do módulo que se identificavam e de forma empática participavam mais ativamente. Passamos a uma nova etapa do projeto, uma sequência especial de episódios gravadas por egressos da unifor, sempre com temas de emergências, entretanto, nas diferentes áreas que eles seguiram.

Entrevista Nota 10 - Para finalizar, que mensagem deixar para a sociedade nesse momento que a Saúde global enfrenta? 

Sandra Falcão - Devemos tirar um aprendizado desse momento que vivemos,  e priorizar nossa saúde e cuidados de prevenção e  entendermos a importância de manter os laços de amor e amizade, mesmo que com cuidados de prevenção de contaminação pela Covid.