qua, 29 julho 2020 10:32
Hábitos simples podem ajudar na prevenção contra o câncer de mama
Diante da pandemia, a procura por assistência médica caiu em todo o Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Saiba como se prevenir.
A chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus levou o sistema de saúde do mundo inteiro a voltar seus serviços de assistência médica para o enfrentamento à Covid-19. Com isso, o check-up que era rotineiro para muitas mulheres, foi adiado pelo receio de contaminação nos consultórios médicos e salas de exame.
Mesmo com as medidas de biossegurança adotadas nas clínicas, hospitais e laboratórios especializados no tratamento oncológico, o INCA (Instituto Nacional do Câncer) registrou 66.280 novos casos de câncer de mama no Brasil em relação aos números estimados para 2020. O Ceará tem, em média, 2.510 novos casos, sendo cerca de 1.230 só na capital.
A médica ginecologista Paulla Vasconcelos, especialista em mastologia e professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, faz um balanço do declínio na busca por consultas médicas: “infelizmente, durante a pandemia a procura pela assistência caiu em quase 60%”, afirma.
Essa porcentagem apontada pela especialista revela a necessidade ainda mais forte de que as mulheres busquem exercer hábitos saudáveis no dia a dia, além de adotar o acompanhamento ginecológico anual, como forma de ajudar na prevenção contra o câncer de mama que, se diagnosticado precocemente, tem grande chance de cura.
O autoexame das mamas é uma medida educativa importante para que a mulher conheça seu próprio corpo e possa identificar possíveis alterações nos seios. “Em geral, não existe uma idade ideal para iniciar o autoexame das mamas. Costumamos orientar que a partir da menarca (primeira menstruação da menina), a mulher pode examinar suas mamas uma vez ao mês, 7 dias após o primeiro dia da menstruação. Deve-se enfatizar que o autoexame das mamas é meramente educativo, não sendo capaz de impactar na taxa de mortalidade por câncer de mama e por isso não serve como rastreio”, destaca Paulla.
A médica alerta para os sinais observados durante o autoexame que pedem atendimento médico. “Os sinais e sintomas que a mulher deve perceber ao se examinar são: nódulo único duro, irritação ou abaulamento de uma parte da mama, edema da pele da mama, eritema (vermelhidão) na pele, inversão mamilar, espessamento ou retração da pele ou mamilo, descarga papilar sanguinolenta ou tipo 'água de rocha', sensação de nódulo duro na axila e lesão eczematosa (descamativa e pruriginosa) da pele da mama que não responde a tratamento com corticoide tópico”, esclarece.
O principal exame de impacto na taxa de mortalidade do câncer de mama é a mamografia, que deve ser realizado a partir dos 40 anos de idade, anualmente, como indica a Sociedade Brasileira de Mastologia. De acordo com a ginecologista, a mamografia consegue detectar alterações antes mesmo de o nódulo se formar, por exemplo. Ela complementa: “o exame será realizado antes dessa idade, caso tenha um parente de primeiro grau que tenha tido câncer de mama. Se isso tiver ocorrido, ela irá iniciar mamografia 10 anos antes do parente de primeiro grau. Por exemplo, mãe teve câncer de mama aos 40 anos, ela irá iniciar mamografia com 30 anos”, frisa.
Além da mamografia, que tem papel fundamental na prevenção e no diagnóstico do câncer de mama, Paulla aponta uma série de hábitos que podem ajudar a reduzir o risco da doença. “Por meio da alimentação saudável, manutenção do peso e atividade física, evitar consumo de bebidas alcoólicas, amamentar e evitar uso de hormônios sintéticos, pode-se reduzir cerca de 30% do risco de câncer de mama”, orienta.
Autoexame das mamas
O autoexame das mamas é uma ação educativa para que a mulher entre em contato e se familiarize com seu próprio corpo, não substituindo a consulta médica ou a mamografia. A Dra. Paulla Vasconcelos ensina alguns passos para a realização. “O autoexame deve ser feito no banho ou com a pessoa deitada e os braços atrás da cabeça. No banho, enquanto a pessoa se ensaboa, ela ‘dedilha’ com as polpas digitais do segundo e terceiro quirodáctilos (dedos das mãos) todos os quadrantes das mamas”, instrui.
Ela explica também sobre a posição das mãos. “Deve usar a mão direita para examinar a mama esquerda e a mão esquerda para examinar a mama direita. Da mesma forma, se a pessoa preferir examinar-se deitada”, pontua.
A especialista em mastologia ainda elucida que “o autoexame não é capaz de impactar na taxa de mortalidade por câncer de mama e por isso não serve como rastreio”, encerra Paulla.
Passo a passo:
1 - No espelho, com os braços ao longo do corpo, olhe para as suas mamas e tente notar se há algo de anormal em suas aparências.
2 - Agora faça o mesmo procedimento com os braços levantados.
3 - Com as mãos nos quadris, observe mais uma vez se há algo de diferente com os seus seios. Incline-se ainda olhando para o espelho.
4 - Deite-se com a barriga para cima e apoie-se em um travesseiro. Com a mão direita, examine toda a mama esquerda. Com a mão esquerda, examine toda a mama direita.
5 - Esticando os dedos em cima dos seu seio, pressione firmemente de modo delicado, depois médio e por fim, forte. Realize a pressão muscular, primeiro, em movimentos circulares pequenos e, depois, maiores.
6 - Durante o banho, apalpe suas mamas e axilas a fim de indicar caroços ou alterações. A forma de pressionar também deve ser firme e delicada, depois média e forte, em movimentos circulares.