null Trabalho autônomo: inovação e espírito empreendedor são as chaves para se tornar um freelancer de sucesso

Qui, 20 Agosto 2020 14:43

Trabalho autônomo: inovação e espírito empreendedor são as chaves para se tornar um freelancer de sucesso

Profissionais buscam novas oportunidades para se reinventar e construir um negócio de qualidade. Confira dicas!


Trabalhadores no mundo inteiro optam pelo trabalho autônomo como meio para ter mais liberdade e empreender (Foto: Arquivo pessoal/Vitória Nascimento)
Trabalhadores no mundo inteiro optam pelo trabalho autônomo como meio para ter mais liberdade e empreender (Foto: Arquivo pessoal/Vitória Nascimento)

Mais do que uma consequência dos tempos de crise econômica, o trabalho autônomo se tornou uma das principais formas de contribuir com a sociedade para quem deseja gerir seu próprio negócio com qualidade e de forma independente. 

De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ocupa a terceira posição entre os países com mais profissionais autônomos do mundo. Essas pessoas, que somam mais de 1,3 milhões, representam 39% da força de trabalho remoto nacional e enfrentam o desafio de se destacar em meio a alta concorrência do mercado. 

A empresária Vitória Nascimento, graduada em Jornalismo pela Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, atualmente comanda as marcas Vitória Glamoda e Glamoda Plus, com roupas voltados para o público feminino. A paixão pelo jornalismo de moda, que surgiu durante a adolescência, fez com que ela descobrisse as diversas possibilidades que o trabalho autônomo poderia oferecer. 

“Eu amo trabalhar como autônoma, já tive trabalhos no mercado formal e eu não me sentia feliz vivendo aquilo. Todo dia é um desafio, empreender é ter altos e baixos, no começo é realizar cinco funções sozinha na empresa, é na maioria das vezes ser julgado por não trabalhar de carteira assinada, mas também tem a possibilidade de você trabalhar de casa mais perto da sua família ou até mesmo de forma remota, podendo estar em qualquer lugar do mundo. Ser autônomo te proporciona uma flexibilidade maior de horários, mas exige muita organização e disciplina para dar certo”, destaca. 

Ela relembra que essa “identidade empreendedora” sempre esteve presente em sua vida. “Assim como sempre fui comunicativa, desde pequena o espírito de empreendedora habitava em mim, eu era daquelas crianças que alugava dvd junto com minha irmã na locadora, fazia pipoca e montava um cinema em casa para os vizinhos, cobrando 50 centavos a entrada”, comenta rindo. 

De acordo com a professora Karol Mota, coordenadora da Central de Carreiras da Unifor, as diferenças entre um trabalhador autônomo e aquele que possui vínculo empregatício com empresa são várias. “Em ambos os casos, tem-se os aspectos positivos e negativos. Não ter um salário fixo e benefícios típicos de quem é funcionário é uma diferença que vem logo à mente. Já a liberdade de atuação e a flexibilidade de horários são pontos levantados por quem é autônomo”, explica. 

Para enriquecer o currículo e oferecer um serviço ou produto diferenciado, Karol destaca: “é importante buscar experiências diversas relacionadas à sua área de atuação, fazer cursos de capacitação em instituições sérias, dialogar muito com quem já viveu, fortalecer a sua rede de relações”.

Construir uma trajetória sólida destinada a uma proposta de qualidade tem o empenho cotidiano de Vitória, que atua há mais de sete anos no ramo da moda. Antes de ingressar na universidade, ela fez um blog na internet como uma forma de exercitar o ofício jornalístico e até mesmo ter sua própria revista. “Descobri existir pessoas que trabalhavam com aquilo, passei a me dedicar mais a ele como se fosse um emprego convencional e hoje trabalho há mais de sete anos com isso”, afirma.

A visão estratégica da jovem empresária foi certeira para montar suas marcas, que transformam de forma positiva a realidade de muitas mulheres. “Depois de construir todos esses anos de história na internet e audiência, resolvi abrir uma loja que esteja atrelada ao meu nicho nas redes sociais, falar de moda plus, autoestima e empoderamento. Minhas marcas proporcionam à mulheres gordas uma reconexão com a moda. Não vendemos apenas tecidos costurados e sim a oportunidade de ser quem quiserem, poderem usar o que tem vontade se amando cada vez mais e estando na moda”, ressalta. 

Tendência que traz benefícios

Em alta nos últimos anos, o mercado freelancer tem cativado inúmeros adeptos ao redor do mundo. Embora pareça atual, o termo “freelancers” foi originado na Idade Média por meio dos “lanceiros livres”, homens que lutavam para proteger os nobres e eram pagos por esse serviço específico. Com o passar do tempo, as guerras levaram ao esquecimento da palavra. 

De acordo com Renata Regueira, mestre em Administração e professora do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão da Unifor, “o fato é que nas últimas décadas, o trabalho freelancer virou um estilo de vida. É mudar um mindset antigo, clássico, burocrático, para algo mais dinâmico e disruptivo. O mercado freelancer conquista cada vez mais adeptos. Como também, empresas viram no freelancer a oportunidade de contar com profissionais qualificados para projetos específicos”, pontua. 

Entre os desafios que o trabalhador freelancer enfrenta estão garantir uma receita média mensal, levando em consideração que possuem uma renda variável para administrar contas fixas, e aprender responder aos prazos das demandas. “Isso gera uma certa instabilidade, em particular quando os projetos são escassos. Mas se você está em um setor de crescimento da demanda, terá outros complexos desafios, a sua capacidade de gerenciar o seu tempo, otimizando a entrega dos serviços e competência de precificá-los”, afirma Renata, que é sócia diretora da empresa G Marketing Comunicação. 

Ainda de acordo com ela, o planejamento financeiro e a disciplina são importantes para gerir a carreira. “No mercado freelancer, você é sua própria empresa. É necessário também reservar um valor para reciclar conhecimentos e se manter conectado com as inovações da área. E ainda, divulgar o seu trabalho, cases, facilitando a visibilidade do serviço prestado”, afirma Renata.

As vantagens de um trabalho com mais liberdade são preferência principalmente para os jovens. Um estudo realizado pela consultoria Kelly Service, mostra que 31% dos profissionais do mundo têm essa predileção, os millennials, por exemplo, nascidos na década de 80 até os anos 2.000, veem como uma oportunidade para equilibrar carreira e vida pessoal. “Eles tentam fazer a diferença muitas vezes usando a tecnologia com o qual está mais habituado. Gostam de desafios diferentes, trabalhos sem rígida formalidade e sem rotina. E isso se encaixa perfeitamente com o profissional freelancer”, destaca Renata Regueira. 

As competências e habilidades como criatividade, compromisso, proatividade e sugestões de soluções assertivas são valorizadas cada vez mais pelo mercado. Ter habilidade de comunicação e relacionamento com outros profissionais do mercado que também serão seus aliados na indicação dos serviços. Estar atualizado com as mudanças do mercado e suas evoluções, por isso, o desafio de reservar um valor da receita para isso”, a professora deixa a dica. 

Para quem deseja empreender, estar atento ao posicionamento da marca é um dos caminhos do sucesso. “Seu nome é a sua marca. Investir em Marketing pessoal é cuidar não apenas do produto entregue, mas da sua promoção pessoal. Muitos são aqueles que disputam o espaço com você no mercado. Promover sua imagem e alcançar credibilidade no mercado é um exercício diário e contínuo”, enfatiza Renata Regueira. 

Direitos assegurados 

Ao exercer trabalho autônomo, os profissionais devem também buscar assegurar os seus direitos trabalhistas, como a aposentadoria, por exemplo. A advogada Brena Késsia Bonfim, coordenadora da Especialização em Direito e Processo do Trabalho, curso do Programa de Pós-graduação da Universidade de Fortaleza, esclarece: “tanto o trabalhador autônomo quanto o empregado são segurados obrigatórios do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), sistema que assegura proteção jurídica às pessoas economicamente ativas no Brasil”.

A especialista destaca que, no caso dos autônomos, essas obrigações devem ser observadas pelo próprio trabalhador. “Neste caso, recomendo que o autônomo busque os canais do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) para que formalize sua filiação ao RGPS e inicie o recolhimento das contribuições mensais obrigatórias para fins de percepção dos direitos socialmente assegurados quando oportuno”, explica. 

Ainda segundo Brena Bonfim, os trabalhadores autônomos que desejam empreender precisam ter ciência das diversas obrigações legais que fazem parte da abertura de uma empresa. “Sugiro que procurem profissionais qualificados no Direito e na Contabilidade para conhecer, principalmente, os custos desses deveres legais. No mais, todo o cuidado deve ser tomado quando for exigida a abertura de uma empresa para a prestação de serviço de um profissional autônomo”, afirma. 

A advogada também complementa que nesse processo algumas especificações devem ser consideradas. “Se o serviço apenas puder ser prestado pela pessoa contratada; se houver uma regularidade na realização da atividade; se há direcionamento de como se realizará a tarefa, bem como como ela será paga, pode-se estar diante de uma fraude trabalhista denominada ‘pejotização’. Nestes casos, a Justiça do Trabalho pode ser acionada e, verificando que há vínculo de emprego, condenará o contratante a pagar todos os direitos trabalhistas assegurados ao profissional contratado”, finaliza. 

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