ter, 28 abril 2020 18:58
"Lives do Conhecimento": André Lemos dialoga sobre a relação entre Tecnologias Digitais e Pandemia
A conversa levou os espectadores a refletirem sobre a globalização, fenômenos midiáticos, embates políticos, ciência e cultura digital.
A Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, promoveu no dia 28 de abril um debate, em mais uma “Live do Conhecimento” sobre a relação entre tecnologias digitais e pandemia, com a presença de André Lemos, engenheiro e professor da Faculdade de Comunicação da UFBA.
A conversa levou os espectadores a refletirem sobre a globalização, fenômenos midiáticos, embates políticos, ciência e cultura digital, sendo a Covid-19 pano de fundo para a discussão. A mediação ficou por conta da professora do curso de Publicidade e Propaganda da Unifor, Alessandra Oliveira.
Durante a conversa, Lemos fez duas ponderações que chamam atenção, a primeira é “o isolamento não significa perda de conexão”, ou seja, continuamos distantes uns dos outros fisicamente, mas a partir das tecnologias podemos continuar tendo contatos externos, através do que ele chama por P.D.PA (Plataformização, Datagitação e Performaticidade Algorítima), que são pilares para a Cultura Digital.
Nesse contexto, entendemos que a tecnologia, durante o isolamento social, atua como agente de proximidade para as relações interpessoais, continuidade de rotinas de trabalhos, estudos e lazer. Porém, este uso demasiado por causar uma dependência das mídias digitais. Logo, conseguimos entender que a Covid-19 também se tornou um fenômeno midiático, incentivado a uma circulação massiva, também geradora de fake news, que é considerada pelo convidado como “Processo de dupla infecção”.
O segundo ponto de destaque foi a colocação “as mídias digitais estão funcionando como janelas do mundo externo”, que nos fez refletir também sobre a possibilidade de mantermos os laços mesmo que a distância, através da tecnologia. Mas, que a relação tecnologia versus pandemia nos fez observar as falhas de infraestrutura básica que possuímos, já que em nosso país nem todos têm o privilégio de sair do “exílio” pelo PDPA. Muitos não têm acesso, já que 11 milhões vivem em favelas. Assim, o agenciamento vírus e tecnologia esbarram nas diferenças sociais, levando a embates políticos.
Por fim, o convidado expõe sua visão sobre o futuro, o que acredita que acontecerá no pós-pandemia, e destacou algumas tendências “Posso pontuar algumas novidades que poderão fazer parte de nosso futuro depois dessa pandemia, e outras ferramentas já existentes mas que irão se popularizar. Primeiro: acredito que passaremos a ter número de identificação digital, bem como haverá uma maior vigilância eletrônica; acredito também que iremos melhorar as nossas competências de trabalho e educação através de sistemas online, e em um primeiro momento pós pandemia as pessoas irão procurar um maior contato físico, o que pode ocasionar uma queda nas redes sociais. Sendo otimista, acredito também que o processo de globalização irá sofrer, as pessoas podem ter uma ação comunitária em comprar dos menores e não das grandes companhias”, afirma.
O engenheiro ainda complementa: “a humanidade é dividida entre o antes e depois da internet, e após a experiência da pandemia o acesso a essa ferramenta será expandido. No campo da saúde, será implementada inteligência artificial em diversos métodos para termos melhores resultados e processos mais eficazes, em especial na medicina, que atualmente utiliza, em sua maioria, de sistemas obsoletos. E finalizando, acredito que o isolamento social também pode ser uma tendência”, conclui André Lemos.
O evento foi aberto para alunos, professores e o público em geral, e a transmissão ocorreu nas mídias sociais da Universidade: Facebook; YouTube e na Tv Unifor, pelo canal 181 da NET. O projeto “Lives do Conhecimento” reúne especialistas para discutir assuntos de relevância em ambientes virtuais.