null Graduação superior tecnológica: tudo o que você precisa saber

Seg, 24 Junho 2019 09:30

Graduação superior tecnológica: tudo o que você precisa saber

Em entrevista, o vice-reitor de Graduação da Universidade de Fortaleza, professor Henrique Sá, explica os detalhes dessa modalidade de formação (Foto: Ares Soares)
Em entrevista, o vice-reitor de Graduação da Universidade de Fortaleza, professor Henrique Sá, explica os detalhes dessa modalidade de formação (Foto: Ares Soares)

A possibilidade de reduzir pela metade o tempo de conclusão de um curso atrai uma significativa parcela de estudantes que optam pelas graduações superiores tecnológicas. Em média, esses cursos duram de dois a três anos e concedem ao egresso as mesmas prerrogativas na hora de concorrer a uma pós-graduação, seja stricto sensu ou lato sensu. Sobre o assunto, conversamos com o professor Henrique Sá, vice-reitor de Graduação da Universidade de Fortaleza, que explicou a sistemática dessa modalidade. 

Unifor: Os cursos superiores tecnólogos têm a mesma relevância de um curso bacharelado?

Professor Henrique Sá: Sim, o curso de graduação tecnológica, também chamado de curso superior de tecnologia, é um curso de graduação com uma duração menor, e esse é, talvez, um dos principais diferenciais. É um curso que tem, para fins de titulação de grau, o mesmo valor, o mesmo grau de graduação. A diferença entre eles, essencialmente, é o foco. Enquanto que no bacharelado o enfoque é a capacitação mais conceitual, a fundamentação, é o embasamento mais teórico, obviamente com uma aplicação a posteriori (uma vez que o curso é mais longo), na graduação tecnológica o foco é a aplicação. Desde as primeiras disciplinas, desde os primeiros semestres, o aluno trabalha com os problemas concretos daquela área de estudo, já aplica os conhecimentos de uma forma mais estruturada.

Unifor: Quais são as vantagens de se fazer um curso tecnólogo em relação ao bacharelado tradicional?

Professor Henrique Sá: Uma das vantagens é justamente a duração. Em um período menor de tempo, o aluno adquire uma formação que concede um grau, um título de graduação e passa a ter uma capacidade de aplicar saberes em campos profissionais específicos muito mais rapidamente. Em programas como os nossos, da Unifor, o aluno acelera muito rapidamente esses conhecimentos. Nós temos como um dos diferenciais da Unifor, inclusive, a certificação intermediária. Como esses cursos são montados em formatos de “competências”, quando o aluno conclui um determinado conjunto de práticas, geralmente no final do primeiro ano, ele já recebe uma certificação que tem um título para o mercado. Ele já atesta para o mercado a aquisição desse conjunto de competências que permite àquele aluno aplicar ainda antes da conclusão do curso para o desenvolvimento da sua carreira. Isso pode permitir a ascensão na sua empresa ou pode permitir já iniciar um processo de empreendimento. É uma forma de acelerar a inserção do aluno no mercado de trabalho. 

Unifor: É verdade que a pessoa pode fazer um mestrado assim que terminar, bastando passar no processo de seleção? Isso é de fato um diferencial? Porque também é possível fazer o mesmo após o bacharelado.

Professor Henrique Sá: Sim. Como qualquer outra titulação que confere grau, bacharelado ou licenciatura, a graduação tecnológica também confere o grau de graduação. Mestrado e doutorado são considerados Stricto Sensu, enquanto que especializações e MBAs são considerados Lato Sensu. O curso de graduação tecnológica permite, tanto quanto um bacharelado quanto uma licenciatura, que o aluno concludente possa tanto aplicar esses conhecimentos para um mestrado quanto para um doutorado no seu tempo. Não há nenhuma diferença. Muito rapidamente, no caso do curso de Design de Moda da Unifor, o aluno pode concluir a sua graduação e o mestrado em cinco anos e meio. Em dois anos e meio ele conclui a graduação tecnológica e em mais dois anos ele termina o mestrado. Então, ele pode acelerar o seu percurso formativo, uma vez que uma das etapas, a graduação, acaba sendo mais curta. 

Unifor: Por que esses cursos têm duração mais curta?

Professor Henrique Sá: Os tecnólogos, geralmente, enfocam um campo de conhecimento de uma área maior. Por exemplo, o curso de Gestão de Marketing é uma sub-área da grande área de Administração. Ele não pode ser considerado uma especialização, uma vez que esta pressupõe conhecimentos prévios que você aprofunda depois. Por isso é uma graduação, que acontece em uma área específica, por isso é mais curta. Ao invés de o aluno desenvolver todo um conjunto de conhecimentos na área de Administração como um todo, como recursos humanos, liderança, processos gerenciais, finanças, etc, ele focaliza em uma área, que é a de Marketing, por exemplo. Design de Moda, por sua vez, é uma área do Design. O curso de Design, geralmente, é um bacharelado de quatro anos. O Design de Moda é uma graduação tecnológica de dois anos e meio que obviamente focaliza os princípios do Design ao estilo, à moda. Essa é uma das principais características, a focalização. Ele concentra uma área de conhecimento e aprofunda, aplicando muitos conhecimentos naquele campo. 

Unifor: O curso de tecnólogo é o mesmo que curso técnico?

Professor Henrique Sá: O curso tecnológico é um curso de graduação. Os cursos técnicos podem ter nível médio ou até fundamental. Você pode fazer um curso técnico de manicure. É completamente diferente de um curso de graduação em Estética e Cosmética. O nível de complexidade é completamente diferente. Ele confere um grau de nível superior, um grau de aprofundamento, de reflexão e de apropriação de conhecimentos muito maior do que em uma formação técnica. Às vezes, você tem formações técnicas até com maior duração do que um curso tecnológico. Você pode ter a formação de um curso técnico de prático, uma profissão que envolve o manuseio de navios nos portos e atracamentos, uma profissão altamente especializada. É considerado um curso técnico, não é superior. E é um curso longo. A duração não é necessariamente um diferencial entre esses dois tipos de cursos. O que caracteriza é o nível e a complexidade, o grau de aprofundamento da formação. No caso do tecnológico, é de fato um curso aprofundado com um grau de complexidade maior. 

Unifor: Há uma diferença salarial significativa para quem se forma na graduação tecnológica?

Professor Henrique Sá: As pesquisas de mercado têm apresentado um diferencial salarial significativo da graduação em relação ao profissional de nível médio e assim sucessivamente. Do mestrado em relação à graduação e etc. Não há uma diferença muito significativa entre o salário de um bacharel para o salário de um tecnólogo, dependendo da área, do campo de prática, do centro profissional em que esse aluno está inserido, se em uma grande cidade ou um município do interior. Realmente, se você isolar esses efeitos, as diferenças salariais não são significativas. Pelo menos é o que as pesquisas de mercado apontam aqui no Brasil. O que pode diferenciar o salário, talvez, é o campo de atuação. Uma graduação tecnológica em Moda confere um diferencial salarial para outras graduações tecnológicas, assim como uma graduação tecnológica em Estética e Cosmética pode apresentar, dependendo se você vai desenvolver uma atividade empreendedora ou se vai ser o funcionário de uma grande empresa. Isso vai variar muito de acordo com a inserção e o tipo de trabalho que o profissional vai desenvolver a partir da sua formação. 

Unifor: Quais são os cuidados que o futuro aluno deve tomar? Verificar se o curso é reconhecido pelo MEC é um deles?

Professor Henrique Sá: No Brasil, a graduação universitária é uma formação regulada. O Ministério da Educação (MEC) só permite o funcionamento de um curso de graduação em qualquer instância, federal, municipal ou estadual, se ela estiver devidamente autorizada. Uma universidade tem autonomia para lançar seus cursos de graduação, seja no nível de bacharelado ou na graduação tecnológica, cabendo, então, depois, a universidade apresentar ao MEC, após determinado período de funcionamento daquele curso para reconhecimento. A Unifor tem autorização para lançar novos cursos que precisam, depois, ser reconhecidos pelo MEC. Uma faculdade precisa da autorização do MEC para começar a funcionar e para lançar seus cursos. Essa é uma das diferenças entre faculdades e Universidades. Estas têm autonomia. De uma forma geral, se o curso está em oferta, é porque já foi autorizado e talvez reconhecido, dependendo do tempo de duração. O que é importante reconhecer é o conceito de avaliação que aquele curso tem perante o Ministério. Em ciclos regulares, o MEC conceitua os cursos de graduação. O nosso curso de graduação em Design de Moda, o curso de graduação em Estética e Cosmética, o curso de graduação em Processo Gerenciais e em Gestão de Marketing, por exemplo, nossas graduações tecnológicas, têm conceito de curso 5, que é a nota máxima dada pelo MEC. Então, esse conceito sim é um grande diferencial e confere ao curso uma característica de qualidade e excelência da sua formação. Esse conceito é renovado a cada três anos quando esses alunos fazem o Enade, ocasiões em que podem ser desenvolvidas visitas de comissões do MEC para reconhecimento.