Entrevista Nota 10: Kiarelle Penaforte e o papel essencial da Enfermagem

seg, 23 agosto 2021 10:18

Entrevista Nota 10: Kiarelle Penaforte e o papel essencial da Enfermagem

Coordenadora do curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza destaca a importância do profissional da área na promoção da saúde 


A professora Kiarelle Penaforte é também especialista em Enfermagem do Trabalho e docente do curso de especialização em Terapia Intensiva da Unifor (Foto: Ares Soares)
A professora Kiarelle Penaforte é também especialista em Enfermagem do Trabalho e docente do curso de especialização em Terapia Intensiva da Unifor (Foto: Ares Soares)

Para Kiarelle Penaforte, coordenadora da graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza, o cuidado dedicado ao outro transforma realidades. Mestra em Saúde Pública e doutoranda em Enfermagem, sua trajetória docente começou ainda na juventude, quando lecionava como professora particular de crianças com necessidades de aprendizagem diversas. 

Graduada pela Unifor, instituição da qual hoje faz parte como profissional e inspiração para as futuras enfermeiras e futuros enfermeiros, ela acredita que essa é uma vocação guiada com zelo e responsabilidade, como mostra o curso da Unifor que, desde os primeiros semestres, possibilita aos alunos a vivência de atividades práticas.

Com exclusividade ao Entrevista Nota 10, Kiarelle Penaforte fala sobre o perfil do profissional de Enfermagem no mundo contemporâneo, aborda os desafios da atuação que ganhou destaque no front contra a Covid-19 e compartilha ainda as oportunidades para o futuro da carreira. Confira a seguir: 

Entrevista Nota 10 - Professora, como surgiu seu interesse pela Enfermagem e pela docência? 

Kiarelle Penaforte - Escolhi a Enfermagem pela diversidade de possibilidades, ainda não tinha noção de sua magnitude, mas no decorrer do curso conheci as peculiaridades do cuidar. Iniciei a universidade cheia de sonhos e com muita gratidão, visto que essa era uma conquista acompanhada de superação, responsabilidade e renúncias. O desejo de aprender e transformar realidades me fez perceber a grandiosidade do ensino, pois através dele vislumbrei a possibilidade de trilhar caminhos singulares. 

Durante o segundo semestre da graduação percebi que tinha uma habilidade para o ensino a partir do desenvolvimento de seminários da disciplina de Fisiologia, dessa forma, comecei a investir na docência a partir desse período. Minha trajetória como docente deu-se início nesse momento, em que desenvolvia atividades como professora particular de três crianças, onde aprendi a conviver com as necessidades de aprendizagem diversas e a lidar com as especificidades das metodologias de ensino. Foi um período de troca de saberes, inclusive uma dessas, à época, criança, se graduou em Enfermagem pela Unifor neste semestre. 

Concomitante aos estágios curriculares realizei atividades extracurriculares como Monitoria da Disciplina de Semiologia e Semiotécnica em Enfermagem, fui integrante do Grupo de Pesquisa em gerontologia e bolsista voluntária da instituição Hospital Gonzaguinha de Messejana. Cada semestre com suas peculiaridades me proporcionou a aquisição de conhecimentos teóricos, habilidades práticas, desenvolvimento da comunicação, assim, essas novas experiências com cada disciplina, culminaram em uma formação acadêmica completa.  Posso afirmar que essa sensação me acompanha durante todos esses anos, em que o ato de (re)construir o processo de ensino, a relação entre pares, o vínculo com os alunos, me proporcionam uma motivação diária para o ensino. Ter sido aluna desta renomada instituição e ter a oportunidade de retornar como docente me impulsiona a exercer cada dia mais essa vocação com zelo e responsabilidade.

Entrevista Nota - Sabemos que ao longo da sua história como profissão, o campo da Enfermagem passou por mudanças. A evolução tecnológica, por exemplo, tem grande influência nisso. Qual perfil o mercado de trabalho espera do profissional da atualidade? 

Kiarelle Penaforte - Para atender as demandas do mercado de trabalho, é primordial o compromisso com a formação de egressos com um perfil profissional capaz de acompanhar as inovações tecnológicas, com embasamento científico, apto na resolução de problemas e com habilidades específicas. Nesse contexto, a formação do enfermeiro torna-se importante para proporcionar ao profissional a capacidade de pensar o conhecimento como forma de desenvolver as competências demandadas na atualidade, com senso de responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania e da dignidade humana, apto a exercer a gestão dos serviços de saúde e de enfermagem e a gerência do cuidado de enfermagem, para exercer a profissão, com base no rigor técnico, científico e intelectual. Com as mudanças evidenciadas no mercado de trabalho para o Enfermeiro, faz-se necessário a busca por conhecimentos através do saber e fazer crítico com a finalidade de formar um profissional com capacidade de adaptar-se ao cotidiano e  propõe-se que esses egressos sejam críticos, reflexivos, dinâmicos e ativos diante das demandas desse mercado. Dessa forma, torna-se imperioso o empenho em capacitar nossos discentes na resolução de conflitos, problemas, argumentação, diálogo, visando o alcance de metas e mudança de cenário, sendo necessário desenvolver e implementar estratégias que contribuam para a qualidade do cuidado. 

Entrevista Nota 10 - Como o curso de Enfermagem da Unifor prepara os alunos para essa realidade? Quais são os diferenciais oferecidos pela graduação?

Kiaralle Penaforte - Compromisso com a formação generalista, humanista, crítica, reflexiva, política e ético-legal do discente, para exercer atividades nos diferentes níveis de atenção à saúde. Incentivo à pesquisa em associação a atividades que estimulam a observação da prática profissional, com oportunidades de participação em Liga Acadêmicas, Grupos de Pesquisa, Grupos de Estudo, Monitoria Acadêmica e atividades extracurriculares. Permitindo ao discente o desenvolvimento de habilidades singulares para a posterior atuação profissional.

Laboratórios que permitem a simulação de ações de enfermagem através de manequins multifuncionais. Através desta tecnologia, pode-se observar e realizar técnicas como exame físico, reanimação cardiopulmonar, parto, prevenção do câncer ginecológico e mama e procedimentos básicos de enfermagem, entre outros. Possibilitando o desenvolvimento de aptidões que são primordiais para a segurança na realização de procedimentos com o paciente na academia, bem como no campo profissional.

Possibilitar a inserção dos alunos precocemente em campos de estágio. A partir do quarto semestre todas as práticas ocorrem em campos de estágio, com relação de um professor para cada seis alunos. Os docentes são mestres e doutores, com vasto conhecimento teórico e atuação em áreas específicas. 

Entrevista Nota 10 - E as experiências práticas, como são desenvolvidas durante o curso?

Kiarelle Penaforte -  A partir do quarto semestre todas as práticas ocorrem em campos de estágio, sendo um diferencial, visto que o desenvolvimento de estágios em campo logo no começo do curso, permite uma maior possibilidade de oportunidades de aprendizagem, e a relação aluno-professor assegura um acompanhamento individual capaz de identificar as principais necessidades dos mesmos. 

Entrevista Nota 10 - Professora, para quem quer ser um pesquisador ou seguir carreira acadêmica, como o contato com as iniciativas científicas é estimulado? 

Kiarelle Penaforte - O envolvimento com a pesquisa é proporcionado a partir do incentivo na participação em grupo de pesquisa, ligas acadêmicas, com possibilidades de bolsas de pesquisa. O programa acadêmico de monitoria, configura-se como um importante agregador ao aluno, aproximando-o da docência. Além de atividades extracurriculares, permitindo ao discente o desenvolvimento de habilidades singulares para a posterior atuação profissional.

Entrevista Nota 10 - Falando um pouco sobre a pandemia de Covid-19… Sabemos que os profissionais de Enfermagem têm se mostrado indispensáveis nessa jornada e que a profissão tem ganhado muita visibilidade. Quais são os principais desafios desses profissionais durante a crise sanitária mundial?

Kiarelle Penaforte - A enfermagem está desenvolvendo uma atuação impactante no combate à Covid-19. Os enfermeiros tornaram-se atores principais dessa trágica pandemia. Esse protagonismo se deve pela atuação baseada em aspectos científicos, de forma efetiva e ininterrupta. Considero desafiador o fato da permanência por 24 horas no cuidado direto, tornando esses profissionais mais expostos a contaminação e colocando diariamente em risco sua saúde para salvar a vida do outro. 

Entrevista Nota 10 - Para o futuro, o que podemos esperar da Enfermagem, na sua avaliação? Será uma carreira cada vez mais valorizada e com amplas oportunidades de atuação? 

Kiarelle Penaforte - Antes do início da pandemia, já existia um movimento em favor do reconhecimento da profissão. Em 2019, a Assembleia Mundial da Saúde elegeu 2020 como o ano dos profissionais de enfermagem. É importante destacar que ainda há vários desafios pela frente, sendo fundamental o reconhecimento da essencialidade da categoria na saúde global da população. Entretanto, tenho a convicção do sucesso da profissão, visto que exercer funções diferentes das tradicionalmente conhecidas traz um futuro cheio de possibilidades para os profissionais de enfermagem.