null O impacto do prolongamento da pandemia nos relacionamentos amorosos

Qua, 3 Março 2021 17:59

O impacto do prolongamento da pandemia nos relacionamentos amorosos

Jovens contam como estão lidando com a situação atual e o que planejam fazer quando a pandemia acabar


O casal José Bessa e Beatriz Pimenta vive os desafios da pandemia de Covid-19 (Foto: Arquivo pessoal)
O casal José Bessa e Beatriz Pimenta vive os desafios da pandemia de Covid-19 (Foto: Arquivo pessoal)

Em 2020, as pessoas precisaram se reinventar. O conceito de adaptação e resiliência nunca foi tão falado antes. Idosos, adultos, adolescentes e crianças, não importa a idade, todos tiveram que criar novas formas de viver e conviver. A tecnologia foi a grande aliada daqueles que a dispõem. De início, quando ainda não se tinha muitas informações sobre o novo coronavírus, todos acharam que iriam passar algumas semanas em casa, e que logo voltariam às suas rotinas. Certamente, não foi o que aconteceu. 

O isolamento social acabou se tornando um grande desafio para os casais de namorados. Para os que se viam todos os dias na faculdade ou no trabalho, ou se encontravam apenas aos fins de semana, a pandemia é uma grande prova de resistência que parece estar longe de acabar. Ainda que o lockdown total tenha cessado por enquanto, os casais aprendem, juntos, a enfrentar quem insiste em os separar. Para isso, eles criam estratégias que os ajudem a manter a chama do amor viva e os lembrem sempre o porquê de escolherem ficar juntos. 

Mas, após um ano de pandemia, principalmente no momento em que o Brasil passa pela segunda onda do coronavírus, o que a continuação do isolamento social representa para os jovens casais? Três alunos da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, comentam sobre o impacto do prolongamento da pandemia em seus relacionamentos com seus respectivos pares, e o que pretendem fazer quando a pandemia acabar. Confira a seguir: 

Saber ficar distante 

José Bessa, 22 anos, estudante de Jornalismo da Universidade de Fortaleza, namora há quase dois anos a egressa Beatriz Pimenta. Para o estudante, a pandemia, principalmente no período de lockdown, impactou muito no quesito da preocupação com a namorada, e vice-versa, além de intensificar o medo e a ansiedade. “É o medo de acontecer uma coisa. Eu tenho medo de acontecer alguma coisa com ela, e ela comigo, com as nossas famílias.”, afirma Bessa. 

Uma das válvulas de escape do casal, para acalmar o turbilhão de sentimentos causados pela pandemia, foi assistir a filmes e séries juntos por chamada de vídeo. Ainda assim, as preocupações da vida cotidiana, como responsabilidades da graduação, entravam no caminho. Para José Bessa, isso acabava por desgastar a paciência de ambos. “Então isso afetou muito, a gente acabou em vários dias não tendo paciência um com o outro. Foi muito complicado”, comenta o estudante. 

Porém, ainda que a situação esteja longe de ser uma das melhores, ela criou uma barreira de proteção em seu relacionamento. “A gente saber ficar distante do outro, porque minha família é grupo de risco, e ela também, e ficar bem com isso. A gente pode estar morrendo de saudade, mas sabe que está fazendo a coisa certa e não deixa isso nos abalar”, afirma Bessa. Após um ano muito desafiador, os dois também aprenderam a se conhecer ainda mais, a ponto de saber se havia algo errado só pelo jeito de falar, mesmo que fosse pelo aplicativo WhatsApp. 

Para o casal, os planos são de voltar à vida normal quando a pandemia acabar. “A gente sente muita falta de ir ao cinema, de andar no shopping, fazer qualquer besteira, de poder ir num lugar tranquilo e comer. Mas, a gente pretende ainda incorporar essas coisas. Aprender também a ficar em casa. E a gente começou a curtir ficar em casa. Mas também regrar com a saída”, afirma o estudante de jornalismo. 

A união faz a força 

Brenda dos Santos, 21 anos, aluna do curso de Direito da Unifor, namora há três anos e dez meses Luis Fernando Serpa. Reinventar o relacionamento foi necessário para que o casal conseguisse atravessar o período de isolamento. Mensagens deram lugar a chamadas de vídeo e ligações, e assistir a filmes juntos, ainda que separados pela distância, trouxe uma sensação de proximidade ao casal. 

O afrouxamento do distanciamento social no segundo semestre de 2020 permitiu que muitos casais de namorados se encontrassem e matassem um pouco da saudade acumulada durante todos aqueles meses de confinamento. Segundo Brenda, “apesar de ser por menos tempo do que a gente gostaria, já é melhor do que não se ver, e com certeza nos fez dar valor a esse tempo e aproveitá-lo da melhor forma”, afirma a estudante. 

O início da segunda onda da pandemia no Brasil, e, como consequência, o prolongamento do distanciamento social (ainda que parcial), coloca muitas questões em perspectiva novamente. Para os jovens casais, o momento atual é a tradução da frase “a união faz a força”. “Com certeza fez a gente ficar mais unido e também ajudou um a entender mais o outro. Foi um período difícil, então muitas vezes um precisava ser forte para o outro, e isso fortaleceu o nosso relacionamento”, afirma Brenda. 

Seja em contexto de pandemia ou não, os planos futuros fazem parte de todo relacionamento. Para Brenda e seu namorado, uma viagem está nos projetos para quando tudo isso passar. Além disso, eles pretendem continuar a maratonar sagas de filmes, hábito desenvolvido durante o período de lockdown. 

Uma prova de paciência e companheirismo

A adaptação ao novo cenário mundial, em decorrência da pandemia, foi complicada para a estudante de Jornalismo da Unifor, Gabriela Ferreira, 24 anos, e seu namorado Tomaz Morais, 23 anos, jornalista egresso da universidade. Mas, como dizem, “o tempo é o melhor remédio”. “Eu acho que os casais que estão resistindo a essa pandemia não se separam mais, porque está sendo realmente uma prova não só de paciência, mas de companheirismo, né? (...) Agora, depois de um ano de pandemia, sei que a gente está junto pro que der e vier realmente”, afirma a estudante. 

Mesmo com a certeza de querer estar junto de quem ama, a pandemia ainda traz novos desafios para os namorados. Para Gabriela, o pior do prolongamento é ter que quebrar e/ou prolongar os planejamentos do casal, devido à incerteza da situação atual. Além disso, para a estudante, conciliar os afazeres do dia a dia com o novo cenário da pandemia é outro obstáculo que os casais enfrentam atualmente. 

A pandemia, por um lado, aumentou a ansiedade e trouxe o medo para mais perto, porém, para muitos casais de namorados, a situação atual aumentou a conexão da relação de uma forma significativa. “Foi um momento até para se conhecer de uma maneira que a gente ainda não tinha se mostrado, talvez. (...) A gente também se tornou mais compreensivo, porque a gente está tendo mais contato com a realidade um do outro”, conta Gabriela. 

A estudante relata que um dos hábitos desenvolvidos por ela e Tomaz foi a “noite do cinema”, já que um dos costumes do casal antes da pandemia era ir ao cinema nos finais de semana. "É um momento que a gente esquece que tem universidade, que tem emprego, que tem pandemia, que tem, sei lá, coisas ruins e foca só na gente, sabe?” diz Gabriela. Para o pós-pandemia, Gabriela e Tomaz pretendem viajar. “Inclusive, a gente já planeja algumas coisas, já está fazendo meio que um roteirinho que a gente quer seguir”, conta a estudante.