null Como manter o convívio familiar em harmonia após meses de isolamento?

Qui, 3 Setembro 2020 14:40

Como manter o convívio familiar em harmonia após meses de isolamento?

Especialista em desenvolvimento humano e famílias explica as mudanças e experiências vivenciadas neste período


Professora Normanda Araújo, coordenadora do Laboratório de Estudos dos Sistemas Complexos: casais, famílias e comunidades (Lesplexos) (Foto: Ares Soares)
Professora Normanda Araújo, coordenadora do Laboratório de Estudos dos Sistemas Complexos: casais, famílias e comunidades (Lesplexos) (Foto: Ares Soares)

O período de isolamento social ocasionado pela Covid-19 trouxe mudanças significativas em diferentes âmbitos da vida. Um novo cenário de constante proximidade surge no contexto familiar, em que jovens e adultos são postos sob o mesmo ambiente durante todas as horas do dia. 

Tal aproximação pode ser benéfica para firmar laços, entretanto, situações de desgaste e dificuldade de convivência podem ser frequentes. Por isso, é necessário não generalizar a experiência do isolamento. Assim afirma a professora Normanda Araújo, docente do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz. “O isolamento não foi uma boa experiência para todas as pessoas e famílias. Vide os casos de violência contra a mulher, contra crianças e adolescentes e contra os membros da família LGBTQI+, por exemplo, estão aí aos montes para nos mostrar o contrário. Falando de diferenças menores, daquelas fruto do convívio intenso e reveses dele decorrentes, algumas atitudes poderiam agir minimizando problemas de convivência”, comenta.

Segundo a professora e também coordenadora do Laboratório de Estudos dos Sistemas Complexos: casais, famílias e comunidades (Lesplexos), pequenas atitudes podem melhorar os problemas de convívio, como a maior equidade na divisão de tarefas domésticas. “A divisão é essencial para não sobrecarregar ninguém. Além do respeito às individualidades e aos espaços pessoais de cada um; diálogo sobre sentimentos e experiências vividas neste tempo de isolamento; e realização de atividades prazerosas em família”, completa ela. 

O Lesplexos é um grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da Universidade de Fortaleza. O conteúdo pode ser visualizado em seu canal no YouTube e Instagram

Durante o período da pandemia, o grupo também desenvolveu quatro podcasts abordando temáticas sobre o ócio, luto, questões familiares e impacto do coronavírus para pessoas de diferentes classes sociais. Sobre a convivência em família, é possível conferir o podcast “Como lidar com a família, convivência e bem-estar em tempos de isolamento social”, clicando aqui.

Para Letícia Medeiros, graduanda em Jornalismo na Universidade de Fortaleza, a experiência familiar durante o isolamento foi repleta de fases. “Tiveram momentos em que eu soube me unir bem com a minha família. Passamos por momentos bem complicados, no mês de maio meu avô faleceu, pai da minha mãe. Então, mais do que nunca, eu e minha família precisávamos nos unir. Também existiram momentos em que eu estive mais reclusa, mas reconheço que desenvolvi um elo muito bom com a minha família durante essa quarentena. Achei que para mim foi muito gratificante poder vê-los não só como os meus pais que estão ali me dando estabilidade, mas também enxergar fraquezas e vulnerabilidades de cada um”, relata ela.

Sobre o acolhimento necessário aos jovens, a professora destaca a importância da aceitação nesse momento de diferenciação e construção da identidade dos filhos adolescentes. “Nessa fase de desenvolvimento, é esperado e até desejável que os adolescentes busquem construir e alimentar seus próprios interesses, sendo protagonistas das suas vidas. A expressão genuína de interesse e afeto pelo adolescente são ações importantes a serem exercidas pelos pais, que devem dar raízes (afeto), mas também asas (autonomia) a seus filhos e filhas”, destaca.

Matheus Davi Menezes é aluno do curso de Odontologia também na Universidade de Fortaleza.  O graduando relembra a mudança de hábitos adotada por sua família logo no início do alerta de pandemia. “Todos ficamos atenciosos com tudo, tínhamos medo da contaminação. No começo parecia difícil, todos tínhamos uma rotina e o isolamento nos levou a ficar em casa. Apenas a minha mãe continuou trabalhando, pois pertence à área da saúde e só foi afastada quando se contaminou com a Covid-19. Aqui em casa, minha mãe se isolou no quarto e separou tudo o que ela utilizava para que não contaminasse mais a ninguém”, relata ele.

Após esse primeiro momento, Matheus comenta que a situação melhorou. “Na terceira semana, minha mãe apresentou melhora. Então, passamos a quarentena maratonando filmes e séries, mesmo cada um no seu lugar estávamos unidos e fortes. Espero que a retomada seja segura”, completa ele.

Por isso, a professora indica que mais do que prescrever atividades específicas, é importante que cada família busque construir esses espaços e efetivamente vivê-los em conjunto. “Isso pode passar pelo cozinhar juntos; assistir a uma live, filme, série; prática de exercícios físicos em conjunto; ou mesmo de jogos em família. As atividades devem ser vistas como mediadoras desse encontro e como uma linguagem que expressa atenção e afeto, a partir do humor, da beleza e da ludicidade”, enfatiza.

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