null Entrevista Nota 10: Julietty Barreto e as possibilidades da Engenharia Mecânica

Seg, 8 Maio 2023 15:20

Entrevista Nota 10: Julietty Barreto e as possibilidades da Engenharia Mecânica

Doutoranda em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais, a coordenadora do curso de Engenharia Mecânica da Unifor fala sobre os impactos da evolução tecnológica na área e aponta as perspectivas de oportunidade profissional


Ela é mestre em Energias Renováveis, na linha de Mecânica Aplicada, e tem experiência área industrial em empresas de grande porte (Foto: Ares Soares)
Ela é mestre em Energias Renováveis, na linha de Mecânica Aplicada, e tem experiência área industrial em empresas de grande porte (Foto: Ares Soares)

A humanidade tem desenvolvido, ao longo da história, técnicas e ferramentas para facilitar e otimizar o cotidiano, desde a criação da roda até o surgimento dos dispositivos eletrônicos. Nesse meio campo, a Engenharia Mecânica atua na manutenção, pesquisa e aplicação dessas novidades, além de ser um marco no desenvolvimento tecnológico, econômico e social.

Julietty Barreto, coordenadora do curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Fortaleza, explica que tal avanço gera um grande aumento de competitividade e produtividade no mercado, tendo como foco um rápido desenvolvimento para diversas inovações tecnológicas. Um desses exemplos é a Indústria 4.0, que engloba certas tecnologias para automação e troca de dados.

“[Ela] vem automatizando os processos e tornado as máquinas inteligentes com o uso de Internet of Things (IoT), o que torna a atuação do engenheiro mecânico cada vez mais importante para o projeto de máquinas mais sofisticadas e modernas”, pontua a docente.

Graduada em Mecatrônica Industrial e mestre em Mecânica Aplicada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Julietty é doutoranda em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Possui experiência na área industrial em empresas de grande porte, como a Esmaltec, a Caterpillar e em uma empresa dealer da Volvo.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, a professora fala sobre os impactos da evolução tecnológica na Engenharia Mecânica e analisa as perspectivas de oportunidade profissional na área.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 – Enquanto campo de estudo, a Engenharia Mecânica tem passado por muitas transformações nos últimos anos com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia e digitalização dos processos? Poderia pontuar as mudanças mais significativas que têm acontecido?

Julietty Barreto – Os avanços tecnológicos na Engenharia Mecânica proporcionaram uma evolução no mercado. Com isso, tivemos um grande aumento de competitividade e produtividade, tendo um rápido desenvolvimento para novas inovações tecnológicas. Como principal ponto, podemos citar a Indústria 4.0, que vem automatizando os processos e tornado as máquinas inteligentes com o uso de Internet of Things (IoT) — o que torna a atuação do engenheiro mecânico cada vez mais importante para o projeto de máquinas mais sofisticadas e modernas.

Os softwares 3D de desenho assistido por computador (CAD), usados dentro da Engenharia Mecânica, proporcionam a realização de análises através de simulações para gerar soluções que antes só eram possíveis após a construção física de um equipamento. Isso ocasiona uma maior produtividade e diminui as possibilidades de erros para os projetos, impactando diretamente nos custos. Destaco também contribuições significativas de mudanças dentro dos setores de aeronaves, automobilísticos, biomedicina, petróleo, refrigeração e nanotecnologia. 

Entrevista Nota 10 – Quais são as principais tendências para o mercado de Engenharia Mecânica hoje? Para um futuro próximo, o que podemos ver como ramos promissores de atuação?

Julietty Barreto – As principais tendências atuais para o mercado de Engenharia Mecânica vêm sendo as indústrias da linha branca, alimentícia, automobilísticas, siderúrgicas, petróleo e gás, petroquímicas, máquinas e equipamentos, metalúrgicas, além de projetos e desenvolvimento de máquinas, áreas de pesquisa e acadêmicas, energias renováveis e na manufatura aditiva, permitindo a impressão de peças 3D, pois o custo das peças é reduzido. Temos também a IoT possibilitando que os objetos se tornem inteligentes por estarem conectados à internet e que possam executar atividades, como a automação dos sistemas industriais, para desenvolver sistemas inteligentes.

Quando mencionamos todos esses pontos, podemos perceber que a inteligência artificial é um forte aliado dentro da Engenharia Mecânica, pois podemos treinar as máquinas para realizarem atividades de maneira autônoma ao machine learning. O engenheiro mecânico também vem atuando no desenvolvimento de energias alternativas. No Ceará, atualmente, a produção de hidrogênio verde tem um papel importante na transição energética e principalmente para a economia do país. Teremos um maior desenvolvimento da IoT aplicada à indústria, da manufatura aditiva, energias renováveis e digital twin, que vem sendo usado para realizar atividades de monitoramento do funcionamento em tempo real.

Entrevista Nota 10 – Segundo a Association of Graduate Careers Advisory Services (AGCAS) — organização inglesa especializada no desenvolvimento de carreira de estudantes de ensino superior e emprego de profissionais formados —, pessoas graduadas em tecnologia e engenharia tiveram taxas de empregabilidade mais elevadas que graduados de outras áreas em 2020. Engenheiros mecânicos, por exemplo, contaram com 66,1% de empregabilidade. Existe uma busca alta por especialistas dessa área aqui no Brasil? Como podemos analisar as oportunidades desse cenário? 

Julietty Barreto – Para quem deseja atuar nesta área, sim. Existe uma alta procura pelo engenheiro mecânico. A profissão já existe há muitos anos e é muito consolidada no mercado profissional. Cada vez mais percebemos a importância da atuação e as contribuições tecnológicas que vêm sendo geradas. Com isso, a busca por esses profissionais vem aumentando, não faltando oportunidades para eles. Tanto que a oferta de engenheiros formados é insuficiente para suprir a demanda de mercado.

Temos previsões positivas para o crescimento no mercado em alguns segmentos que necessitam fortemente de engenheiros mecânicos, sendo eles as indústrias de transformações, energias renováveis, setores de serviços, tecnologia, logísticas e infraestrutura. Este crescimento só justifica que as demandas para os profissionais da área irão continuar aumentando e por isso, é um dos cursos que possuem maior número de alunos matriculados no Brasil.

Entrevista Nota 10 – Uma graduação de qualidade, com oportunidades de aprendizado diferenciados e experiências que promovem conexão entre aluno e mercado, faz diferença na hora de escolher quem contratar. Como a Universidade de Fortaleza prepara engenheiros mecânicos para atuarem em campos dinâmicos e exigentes? Quais são os diferenciais do curso de Engenharia Mecânica? 

Julietty Barreto – Na Universidade de Fortaleza, os alunos podem usufruir de uma qualificação profissional com alta qualidade de ensino, já que somos a melhor universidade particular do Norte e Nordeste. Além disso, contamos com professores extremamente qualificados — sendo mestres e doutores com ampla experiência de mercado, excelente didática de ensino, aproximação com situações reais da profissão —, disciplinas com carga horária teórica e prática, matriz curricular atualizada para atender às atuais demandas de mercado e amplos laboratórios equipados, que são referências no estado do Ceará, para a realização das atividades práticas que compõem o curso.

Para complementar os diferenciais, contamos com uma ampla infraestrutura da Universidade para os alunos, com setores de apoio psicopedagógico ao estudante, Ginásio Poliesportivo, assessoria de intercâmbio, Central de Carreiras, biblioteca com um amplo acervo de livros atualizados, Parque Tecnológico (TEC Unifor), campus com área verde, Espaço Cultural, monitores para as disciplinas, atividades extensionistas, visitas técnicas nas melhores indústrias e siderúrgicas do Ceará, coordenação com dedicação exclusiva para o curso, grupos de pesquisa, promoção de concursos para soluções de mercado, dentre vários outros pontos.

Entrevista Nota 10 – Surgida junto à Unifor, lá em 1973, a graduação em Engenharia Mecânica celebra cinco décadas de transformação social e ensino de excelência. Como é possível manter um curso tão tradicional ainda relevante e competente na formação de profissionais bem preparados, mesmo após 50 anos? E como é a experiência de estar à frente dele em um momento tão marcante na história da instituição? 

Julietty Barreto – É possível pois a Universidade de Fortaleza tem uma equipe extremamente qualificada e que mantém a gestão do curso e da instituição moderna e atual, fazendo com que as necessidades que o mercado solicita à profissão sejam atingidas. Isso ocorre porque o curso vem acompanhando as mudanças e desenvolvimentos tecnológicos que são importantes e impactantes para o engenheiro mecânico, afinal de contas, a graduação conta com professores excelentes — o que nos garante a qualidade de ensino para os nossos discentes, formando profissionais capacitados e competentes.

Me sinto extremamente honrada por fazer parte desta história e deste marco que é o aniversário de 50 anos do curso. E isso não deixa de me remeter ao sentimento de comemoração pelo tempo que o curso e a Universidade têm de mercado, por ter conquistado tanto espaço e reconhecimento no decorrer desse período e por ter surgido em um momento extremamente necessário no estado do Ceará, onde o visionário Edson Queiroz nos trouxe essa solução.

Realmente poder contribuir cada vez mais com o crescimento do curso, sem dúvida, é uma experiência fantástica e que me trouxe uma grande realização profissional na minha carreira, onde pretendo continuar participando deste crescimento por muitos anos. E que venham mais 50 anos e muitos mais da Universidade de Fortaleza.