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Qui, 17 Dezembro 2020 18:05

Quando a noite rende como o dia

Alunos e docentes dos cursos noturnos da Universidade de Fortaleza compartilham as vantagens de se escolher a noite como horário de estudo


Estudar à noite pode trazer vantagens para quem quer fortalecer networking e ingressar cedo no mercado de trrabalho.  (Foto: Getty Images)
Estudar à noite pode trazer vantagens para quem quer fortalecer networking e ingressar cedo no mercado de trrabalho. (Foto: Getty Images)

Em um mundo de transformações aceleradas e integração global, adquirir ou atualizar conhecimentos significa partir na frente da “corrida do saber” para atender ao nível crescente de exigências profissionais que uma nova economia vem demandar. E, se não há tempo a perder diante da necessidade constante de adaptação ao novo e de invenção de outros modelos de negócios ou relações de trabalho, vale sim trocar o dia pela noite em nome da aceleração ou incremento dos processos formativos.

Entusiasta dos cursos de graduação noturnos da Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, a professora e coordenadora do curso de graduação em Ciências Contábeis, Alexandra Siebra, assume que ela própria sempre fez parte do time dos que “rendem” mais à noite.

“Iniciei meu curso de graduação no turno da manhã e logo no segundo semestre transferi para o turno da noite, porque à tarde eu fazia cursos de inglês e francês e pela manhã gostava de parar para pensar nos meus projetos profissionais. Isso porque era a hora em que eu ficava sozinha em casa, já que todos saíam para trabalhar, o que me trazia maior concentração. Então, quando passei a estagiar durante o dia, eu já estava adaptada ao estudo noturno. Portanto, escolher um curso, sobretudo na área de gestão, à noite, pode ser estratégico, porque você cria a possibilidade de vivenciar uma aprendizagem experiencial; ou seja, o professor vai estar ali ensinando o conteúdo enquanto já colocarei em prática fora de sala de aula”, sublinha Alexandra.

Para ela, as próprias empresas também enxergam como vantagem ter em seus quadros alguém que trabalha durante o dia e está na faculdade à noite. “Os empregadores vêem esse trânsito como uma oportunidade de acessarem a academia, fazendo valer uma espécie de consultoria interna. Como esse estagiário ou profissional é também um estudante que tem interlocução junto a professores com mestrado e doutorado, as empresas podem colocar seus projetos à prova e até aperfeiçoá-los através de uma troca de saberes ou informações atualizadas”, acrescenta. E que caiam os “mitos”: os cursos noturnos da Universidade de Fortaleza nada deixam a dever em relação aos diurnos, como pode parecer ao senso-comum.

Alexandra Siebra é coordenadora do curso de Ciências Contábeis. (Foto: Acervo pessoal)

“É exatamente o contrário: por se tratar de um curso noturno na área de gestão, temos a possibilidade de contratar profissionais ou especialistas que estão durante o dia em suas empresas e não poderiam ministrar aulas durante o dia. Uma outra vantagem é que nos cursos noturnos há grandes chances de se fazer uma rede de relacionamentos mais madura, já que o perfil é mais heterogêneo, ou seja, muitas pessoas ali estão na segunda graduação ou voltando para a sala de aula depois de algum tempo e já com muita maturidade profissional. Isso acaba agregando muito valor ao curso porque você fica sob a tutela de pessoas com experiência no mercado de trabalho, que dão grande contribuição para o aprendizado coletivo em sala de aula, aliando conhecimento teórico e prática significativa”, destaca Alexandra.

Complexo, volátil e disruptivo, o mercado em constante mutação também exige da educação a mesma flexibilidade e capacidade de reinvenção. “Precisamos cada vez mais dessa retroalimentação. Se você está sempre estudando, o mercado vai te olhar com olhos de quem está buscando novas perspectivas e soluções inovadoras. Portanto, não é à toa que muitas pessoas que são empreendedoras voltem para a sala de aula, optando inclusive pelo curso noturno porque assim é possível manter a rotina diurna de trabalho ou mesmo as tarefas domésticas em dia. Há, portanto, uma comprovada popularidade das aulas noturnas e essa alavancagem se deu na medida em que as pessoas procuram adicionar mais habilidades profissionais para progredirem em suas carreiras. As universidades também apostam numa maior diversidade de cursos à noite e a sala de aula passa a ser o lugar das conexões, estudos de casos e simulações”, observa a professora.

E que se mantenha teso o senso de oportunidade. “Na Unifor, é possível o aluno cursar uma graduação pela manhã e outra à noite, saindo da faculdade em três ou quatro anos com dois diplomas. Há ainda desconto de 20% nos custos mensais de alguns cursos noturnos, como forma de incentivo para que o sonho da graduação se realize sem pesar no bolso, já que a maior das vantagens de se estudar à noite é poder ter uma fonte de renda durante o dia. Mas, claro, há também desafios: para otimizar o aprendizado é preciso desenvolver e compartilhar habilidades críticas para o gerenciamento do tempo”, alerta Alexandra, sem deixar de lembrar que nos quesitos segurança e mobilidade os estudantes dos cursos noturnos da Unifor novamente saem ganhando. “Temos um amplo estacionamento interno, além de diversas linhas de ônibus acessíveis logo à entrada da universidade. Isso é um valor agregado a se considerar para quem opta por estudar à noite”, conclui.

Queimando as pestanas

Sentidos em alerta. Engana-se quem pensa que as turmas de graduação dos cursos noturnos da Unifor são feitas de alunos e alunas vencidos pela exaustão ou mergulhados em um ambiente acadêmico menos dinâmico do que aquele que se vê durante o dia. Segundo o coordenador pedagógico do curso de graduação em Engenharia de Produção, professor Alexandre Rios, quem opta por estudar à noite é mais focado, tem plena consciência de sua escolha, valoriza cada hora-aula e não perde nenhuma oportunidade de troca de experiências entre pares.

“Os cursos noturnos reúnem pessoas mais maduras, que por terem menos tempo para os estudos, já que trabalham durante o dia, querem aproveitar ao máximo as ofertas e os recursos da universidade, das monitorias aos estágios, passando inclusive pela prática das modalidades esportivas ofertadas pelo Parque Desportivo da Unifor. E é para responder a esse nível de exigência que a universidade funciona a todo vapor de 7h às 23h, mantendo equipes de suporte técnico e atendimento que não irão deixar os alunos de nenhum turno sem resposta às suas demandas ou privados do uso de laboratórios e equipamentos. A estrutura e a engrenagem são as mesmas, seja dia ou noite”, garante.  

Alexandre Rios coordena o curso de Engenharia de Produção da Unifor. (Foto: Ares Soares)

Com o mesmo número de vagas para manhã e noite, o curso de Engenharia de Produção também desconstrói outra ideia erroneamente preconcebida: a de que as turmas do período noturno apresentariam um baixo rendimento. “Não há qualquer registro de descompasso nem no que se refere à qualidade ou aproveitamento do ensino nem em relação ao nível de excelência do nosso corpo docente, que é igualmente comprometido com um fluxograma comum. Engenharia, qualquer que seja ela, é um curso pesado, por isso nossos professores são continuamente estimulados a tornar as aulas dinâmicas, usando muito os laboratórios e apresentando conteúdos teóricos com base em diferentes realidades e contextos. Eles também devem ser compreensivos com a situação de cada aluno, a fim de dar uma maior atenção justamente àqueles que possam estar mais atribulados ao acumular estudo noturno e trabalho diurno, já que, no nosso caso em particular, é comum o aluno começar a estagiar logo nos primeiros semestres da graduação”, observa o professor.

O compartilhamento de aulas entre diferentes turmas das engenharias nos quatro primeiros semestres da graduação também é outra característica que o coordenador pedagógico chama atenção a fim de nivelar por igual quem estuda pela manhã ou à noite na Unifor. “Ao possibilitar um intercâmbio de disciplinas entre cursos afins, a universidade também dá mais autonomia ao estudante para turbinar a sua formação ou simplesmente se planejar de acordo com seu tempo, já que o mesmo conteúdo será ofertado em diferentes horários e salas de aula. Outra vantagem para os discentes, sejam eles do dia ou da noite, é a oportunidade de acessar monitorias, bolsas de iniciação científica ou estágios internamente. Mesmo quando for para elaborar um simples currículo, o aluno da Unifor terá orientação e acompanhamento, a qualquer hora”, aferra, lembrando que, na esteira da pandemia, plataformas oficiais e canais de comunicação remotos foram criados ou aperfeiçoados para garantir a mesma eficiência nos processos de ensino-aprendizagem e na prestação dos serviços acadêmicos.     

Notívagos, venceremos!        

Quem aproveita a noite para investir em conhecimento compartilha, no mais das vezes precocemente, de um sentimento comum: realização pessoal. É o que percebe e confirma Caio Mont'Alverne, 20 anos, estudante do curso de graduação em Ciências Econômicas da Universidade de Fortaleza.  Originalmente, ele ingressou na Unifor para cursar Administração de Empresas, mas já a partir do segundo semestre, quando passou a dividir o tempo de aula com os primeiros estágios, identificou a verdadeira vocação: “Foi como estagiário que descobri ter um melhor desempenho e traquejo com finanças. E a partir daí não só mudei de curso, transferindo e aproveitando as disciplinas afins já cursadas, como passei a estudar integralmente à noite. É que, na minha área, as oportunidades de trabalho exigem dedicação em horário comercial, e eu priorizei realmente ter essa prática desde cedo, mas sem abrir mão da faculdade, o que foi possível por conta da oferta de cursos noturnos na Unifor”, credencia. 

Como ex-estagiário, o agora contratado economista em formação acredita que não poderia ter feito escolha melhor do que estudar à noite. “A grande maioria dos meus colegas de sala de aula tem experiência no mercado, são pessoas que já trabalham em bancos, empresas ou escritórios, então o perfil é bem diferente daquele encontrado quando estudava no turno da manhã. Assim, pude fazer um bom networking, vislumbrar diferentes oportunidades de estágio e trocar ideias a partir da prática de cada colega. Costumo dizer que, mesmo se não trabalhasse durante o dia, eu gostaria de cursar Economia à noite, justamente por conta desse aprendizado à parte com o pé na realidade que a turma proporciona, sem falar nas chances de estágio e trabalho que aparecem nesse circuito. Depois que me contratou, por exemplo, a minha empresa já selecionou dois estagiários que são estudantes da Unifor indicados por mim”, reforça Caio.

É chato ou cansativo assistir aula até 22h30min? Caio responde por si: “eu acho produtivo e não me sinto cansado, ao contrário. Se estivesse em casa à noite, dificilmente aproveitaria esse horário para estudar. E na minha área, pelo menos, é a prática que vai fazer a diferença, sem falar que ela também me ajuda na própria apreensão dos conteúdos da faculdade. [...] Moro perto do trabalho, vou a pé e não são raras as vezes em chego mais cedo ao escritório, quando ainda não chegou ninguém, e aproveito para estudar. Sou metódico, sempre fui, e isso também me ajuda, claro. Cada pessoa tem que avaliar o que funciona melhor em termos de otimização do tempo produtivo”.

Para quem pensa em cursar uma graduação à noite para, em paralelo, dar início à carreira profissional durante o dia, Caio tem uma dica de principiante: “chegue uma hora mais cedo e vá à coordenação perguntar sobre as possibilidades de estágios, como também demonstre interesse em vivenciar o trabalho feito em empresas juniores dentro da Unifor. Enfim, compartilhe ideias ou projetos pessoais com os professores e procure conhecer os grupos de trabalho e os núcleos de pesquisa internos que as oportunidades de trabalho não tardam para quem demonstra interesse e se desdobra para trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Ao contrário. Esse aluno é muito valorizado e bem assessorado na Unifor”, garante Caio.   

Aluno do 6º semestre do curso de graduação em Administração, Diego Cordeiro, 21 anos, é outro que testou e aprovou a experiência de estudar integralmente à noite na Unifor. Fez a transição aos poucos e considera uma vantagem poder cursar disciplinas diurnas ou noturnas, dada a grade curricular diversa e flexível encontrada. “Nos primeiros semestres os estágios não tomam tanto tempo então você pode ir alternando com as aulas sem dificuldade ou afobação, o que torna inclusive a rotina estudantil mais dinâmica, ou seja, não precisa ser aquele dia sempre igual ao outro. Eu fazia seis disciplinas em um mesmo semestre e já deixava aquelas que mais gostava para a noite. Isso me animava a ir para a Universidade sem qualquer sinal de cansaço. Ao contrário: era a hora em que eu mais queria estar ali e minha atenção estava totalmente focada”, recorda, ainda envolto em entusiasmo.

A escolha por estudar integralmente à noite veio a partir da primeira contratação. E já não havia mais dúvidas. “Foi bom ter dado um gás no começo porque agora confesso estar mais dedicado ao trabalho do que à faculdade. Cumpro expediente em horário comercial e emendo com as aulas remotas, quase sem intervalo. Para não comprometer os estudos, hoje curso menos disciplinas, mas penso que o importante é manter o nível de aproveitamento. É uma matemática que envolve muitos fatores e depende do seu momento. Mas meu esforço é para que o estudo não se torne sacrifício e nem seja sacrificado. Tem que ser tão prazeroso quanto o trabalho. E essa equação encontro na Unifor e no turno da noite, porque a própria sala de aula, mesmo que virtual, provoca aquele tira-dúvidas animado entre quem, como eu, trabalhou com a realidade o dia todo. Isso acaba me dando um up”, compartilha Diego.    

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