null Novo coronavírus leva milhões ao home office. O que isso significa?

Qui, 16 Julho 2020 16:17

Novo coronavírus leva milhões ao home office. O que isso significa?

Entenda as mudanças que o trabalho remoto pode trazer para o dia a dia dos colaboradores e das empresas


Novas tecnologias são aliadas do modelo de trabalho home office, permitindo maior flexibilidade (Foto: Unplash)
Novas tecnologias são aliadas do modelo de trabalho home office, permitindo maior flexibilidade (Foto: Unplash)

Do escritório para casa, sem deixar o trabalho de lado. Segundo um estudo realizado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o home office pode chegar a 22,7% das ocupações nacionais, o que colocaria o país em 2º lugar no ranking de trabalho remoto na América Latina e em 45º no mundo. Mas o que isso pode significar? 

A pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19), exigiu distanciamento social para frear a disseminação da doença, o que obrigou muitas empresas a aderirem ao trabalho a distância e ao mesmo tempo deu visibilidade para mudanças de hábitos que interferem na rotina dos colaboradores e das organizações em todo o mundo. 

Em fevereiro, logo no início da pandemia, a China criou a maior experiência de home office da história. Cerca de 200 milhões de usuários acessaram a plataforma de comunicação DingTalk, especializada em colaboração empresarial e desenvolvida pelo Alibaba Group. 

Para o professor Milton Sousa, coordenador do Mestrado Profissional em Administração da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, “as empresas podem se beneficiar bastante desse momento, contudo, é preciso desenvolver ou melhorar um conjunto de competências, como por exemplo, uma gestão efetiva de equipes que trabalham de forma remota, a gestão da comunicação, a gestão da produtividade, sabe-se que o home office pode implicar em distrações durante o horário de trabalho, dentre outras”, destaca. 

No Vale do Silício (Califórnia), polo empresarial de tecnologia, Google e Facebook já declararam que seus colaboradores devem permanecer em home office até o final de 2020 para assegurar a efetividade das medidas de biossegurança adotadas durante a pandemia e garantir a produtividade.

Segundo o professor Milton Sousa, esse posicionamento permite que a inovação aconteça mesmo de forma remota. “Aspectos já trabalhados pela cultura organizacional provêm a base para inovar, não será diferente nesse momento. Assim, a tendência é que as empresas do Vale continuem inovando mesmo EM home office, ao mesmo tempo que inovam NO home office, ou seja, vão desenvolver novas tecnologias, processos, produtos para facilitar a vida das pessoas que estão nessa situação. Também vão se beneficiar vendendo essas tecnologias”, afirma. 

Ainda de acordo com ele, a adesão ao teletrabalho é facilitada pela especialidade dessas empresas. “As empresas do Vale do Silício, em sua imensa maioria, são de tecnologia, e seus trabalhadores podem ser considerados ‘profissionais do conhecimento’. Essa combinação torna mais fácil a decisão em aderir ao home office”, explica. 

Outros cargos que devem absorver melhor essa tendência são os ligados à atividades intelectuais e gerenciais. Podem ser citados profissionais nas áreas de: suporte técnico, marketing, representantes e consultores comerciais, setor criativo, como design gráfico, fotografia, redação, tradução, e vendas. 

Maturidade é a chave para o sucesso 

A ideia do home office não é nova. Desde a Idade Média, as lojas e oficinas funcionavam no térreo e as casas ficavam no andar de cima. Entretanto, a Revolução Industrial levou os trabalhadores às fábricas para realizarem a produção em escala. Já em meados dos anos 2000, essa dinâmica reformulada direcionou o trabalhador a sair da zona rural para atuar na área comercial, com o trânsito ainda ameno, se deslocar era mais fácil. Agora, a prática do trabalho remoto volta a ganhar espaço como um indicador de qualidade de vida. 

A advogada e professora do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Unifor, Patrícia Moura Cruz, destaca algumas das vantagens em explorar a possibilidade de ser produtivo no conforto de casa. “Não podemos negar os benefícios para o próprio empregado, que pode ficar mais tempo com sua família, otimizar seus horários e aumentar a produtividade. Particularmente, gostei muito de adotar essa prática de trabalhar em casa, pois o tempo que levava no trânsito, por exemplo, dedico aos meus filhos e vejo que consegui produzir mais em menos tempo”, declara. 

Patrícia, que também é sócia do escritório CHC Advocacia, apresenta sua visão como empresária. “Para as empresas são ainda maiores os benefícios, a redução dos gastos é evidente. Além disso, algumas empresas aceitaram tão bem a ideia do home office, que decidiram adotar em definitivo essa tendência e não pagar mais aluguel do estabelecimento, por exemplo. Outras empresas ainda apostaram alto na ideia do home office e passaram a apresentar essa modalidade de trabalho como um benefício na busca de novos talentos. Soma-se a tudo isso, que ao prestar serviço de forma remota, não há fronteiras para atingir novos mercados!”, pontua. 

Para Robério Henrique Costa, diretor da Link Estágio, empresa parceira da Central de Carreiras Unifor, a tendência também lança alguns desafios. “O trabalho remoto traz liberdade, mas ela vem com muita responsabilidade. O profissional que trabalha em home office precisa desenvolver competências de disciplina, autogestão, liderança, inteligência emocional, senso de prioridade, gerenciamento do tempo e motivação. Cabe a nós sabermos reconhecer as nossas habilidades e irmos atrás de aperfeiçoá-las”, ressalta. 

Robério afirma também que a expansão da pandemia leva as empresas a uma nova reestruturação. “Com a expansão do novo coronavírus, o futuro das atividades corporativas será híbrido. O grande benefício e o desafio para empresas é o investimento e desenvolvimento de diversas tecnologias de informação, adiantando em 10 anos os avanços tecnológicos da sua organização. A pandemia obrigou a todos, por exemplo, a experimentar processos de ensino a distância”, finaliza.