qua, 8 julho 2020 15:51
Conheça os efeitos no organismo, contraindicações e usos no campo da estética dos óleos essenciais
Nova “moda” no Brasil, saiba o que a Ciência pensa sobre o uso dos óleos essenciais no corpo
As culturas orientais mais antigas já valorizavam o uso dos óleos essenciais extraídos de plantas aromáticas para fins terapêuticos e espirituais. Seu uso nos tempos atuais tem se intensificado, principalmente para a aromaterapia. Entretanto, apesar de ser uma substância natural, é necessário estar atento para as diversas contraindicações e particularidades presentes nos óleos comercializados.
Mas o que são exatamente os óleos essenciais? Fabiana Pereira Soares, professora do curso de Farmácia da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, explica que os óleos essenciais são princípios ativos presentes em muitas plantas, com a função de protegê-las no ambiente em que se desenvolvem. “Em geral, os óleos são líquidos com odor forte constituídos por uma mistura bem complexa de várias moléculas pequenas e voláteis. Essa volatilidade permite percebermos os diferentes odores que possuem”, explica
Do ponto da ciência, artigos científicos comprovam as atividades farmacológicas de óleos essenciais obtidos de diferentes espécies vegetais. “Ações como antimicrobiano, ansiolítico, estimulante do sistema nervoso central, estão diretamente relacionadas com a composição química do óleo. Espécies vegetais como a lavanda ou alfazema e a erva-cidreira possuem óleo essencial com propriedade reconhecidamente calmante, sendo empregado em casos de ansiedade, nervosismo. Entretanto, os óleos produzidos por estas plantas possuem composição química diferente, o que justifica seus odores bastante distintos”, destaca a professora Fabiana, especializada na área de farmacognosia.
Para Jeff Rodrigues, 23, aluno concludente do curso de Design de Moda da Unifor, o óleo essencial de hortelã funciona para os seus momentos de ansiedade, estresse ou insônia. “Percebo que melhoro quando uso. Junto com exercícios de respiração me sinto mais tranquilo, leve para continuar uma ação, na medida que vou absorvendo e respirando”, comenta ele.
Entretanto, é necessário conhecer as contraindicações antes de utilizar um óleo essencial por conta própria. Fabiana ressalta que os óleos podem provocar reações alérgicas como dermatites de contato, por serem facilmente absorvidos pela pele. “Dependendo da sensibilidade do indivíduo, a irritação na pele pode variar de intensidade. Caso haja ingestão, em geral, ocorre irritação gastrointestinal, com náuseas, vômitos e diarreia. Dependendo da origem vegetal do óleo, pode haver dor de cabeça e até convulsões”, afirma.
Por isso, ao realizar a prática da aromaterapia, a professora enfatiza a importância do acompanhamento com um profissional capacitado. “O acompanhamento é necessário especialmente quando se tratar de pacientes idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas”, completa.
Afinal, o óleo essencial é seguro? A professora destaca que a segurança está diretamente relacionada ao seu modo de uso. “Sabemos que ‘o que faz o veneno é a dose’ portanto, a segurança está em empregar o ‘modo de usar’ corretamente, na dose (quantidade de gotas, diluição) e período de tratamento recomendados. Dessa forma, qualquer pessoa poderá se beneficiar do método e se sentir segura”, conclui.
E no campo da estética? Como utilizar?
Os óleos essenciais, em seu vasto espectro de ação, podem ser utilizados em todos os âmbitos da estética, seja ela facial, corporal ou capilar. Por isso, é importante que o profissional da estética conheça os benefícios gerados por cada óleo antes de iniciar um tratamento. Assim destaca Mariza Marinho, professora do curso de Estética e Cosmética da Universidade de Fortaleza.
Ainda segundo ela, os óleos essenciais podem ser aliados na rotina de beleza, por ser um tratamento 100% vegetal. “Temos por exemplo, o óleo de melaleuca para a acne, o óleo de cedro para o espessamento da haste capilar, o óleo de GrapeFruit e Laranja Doce para o tratamento de gordura e celulite. Para você ter uma ideia, existem mais de 300 óleos essenciais que são utilizados nas práticas da saúde e beleza”, comenta ela.
Apesar da diversidade de óleos, Mariza enfatiza que os óleos essenciais devem seguir inúmeras orientações para um controle de qualidade. “Deve-se observar as condições climáticas, o estado do solo e até mesmo o processo de colheita dessas plantas. O consumidor final não tem como saber se a empresa tem todo o rigor necessário para a fabricação do óleo essencial, por isso é importante comprar de empresas que sejam referências no ramo. É importante observar se a embalagem vem em vidros escuros, conta-gotas, verificar o nome científico da planta e o nome do responsável técnico”, destaca a professora.
Além da massagem terapêutica, os óleos podem ser usados para aromatização do ambiente, banho terapêutico, escalda-pés, inalação e aplicação no travesseiro.
Lara Montezuma, 20, estudante de Jornalismo da Unifor, utiliza óleos essenciais em sua rotina através da inalação. “Comecei a usar óleos essenciais quando procurei meios alternativos para diminuir a ansiedade e nervosismo. Uso os de lavanda, hortelã e copaíba. Utilizo de várias formas, aplico em gotinhas no pulso e deixo durante o dia ou uso um colar aromático com a essência, além de utilizar no difusor para o ambiente. Para a estética, quero muito experimentar o de melaleuca”, comenta a aluna.
Com a variedade de óleos existentes no mercado, é importante levar em conta os componentes artificiais e optar por óleos totalmente naturais. “O consumidor deve olhar a composição do produto, isto é, deve ver se, além do nome da planta de origem, há correlacionado outras substâncias químicas”, destaca a professora Mariza.