qui, 28 maio 2020 09:39
Quanto mais livros, melhor: maratonas de leitura crescem durante a quarentena
Membros da Universidade de Fortaleza comentam sobre a “febre” que tem movimentado o mercado editorial.
Palavras que se tornam frases; frases que preenchem páginas; páginas que compõem livros; livros que se tornam uma maratona de leitura. Essa tem sido uma sequência constante para muitos leitores (frequentes, novos e recém-despertos) desde que o período de isolamento social foi iniciado, há mais de dois meses.
Com a população confinada em suas casas, a busca por um entretenimento que traga conforto voltou muitos olhos à literatura. “Nestes tempos de pandemia, de isolamento social, uma das boas ocupações que a gente pode ter, que faz muito bem, é a leitura. [...] É bom aproveitar esse tempo para ler - tanto para se atualizar, como para alargar os horizontes, o pensamento, e cada vez mais exercitar a reflexão”, comenta a professora Hermínia Lima, que integra o corpo de docentes da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz.
Leitora ávida, a professora destaca que, como todas as outras atividades, a leitura pode ser programada, ou não. “Existem mil possibilidades. A gente pode pensar, por exemplo, em fazer um roteiro de leitura pelo tipo de literatura, como a produzida por um determinado país - brasileira, francesa, africana, portuguesa etc; escolher um autor para conhecer melhor a obra dele; ou fazer uma triagem por gênero, optando por ler mais poesia, contos, crônicas ou outros tipos de literatura”.
Essa proposta de “leitura planejada”, ou “sequenciada”, tem se popularizado cada vez mais entre o público leitor, aumentando as vendas de boxes especiais que agrupam livros por gênero, coleção ou autor. Isso ocorre por proporcionar custo-benefício favorável ao consumidor e ao mercado editorial, além de uma leitura aprofundada capaz de fidelizar o leitor.
Outra opção bastante popular entre os interessados são as chamadas “caixinhas de leitura”: estas consistem na oferta de um serviço de curadoria de livros, em que assinantes recebem mensalmente, pelos correios, obras que podem variar entre publicações inéditas, best-sellers, temáticas ou selecionadas por pessoas influentes do cenário artístico-cultural. As empresas responsáveis por esse serviço organizam clubes, maratonas e “desafios” de leitura, estimulando o hábito de se ler regularmente.
Contos & contos
Quando perguntada sobre qual gênero recomenda a leitura durante a quarentena, Hermínia Lima sugere os contos. “O conto é uma narrativa, por natureza, curta. Você pode pegar um ‘volumaço’ de contos e ir lendo aos poucos: um conto por dia, ou dois, ou três, ou mais. Você vai ter uma saga para seguir e uma possibilidade de ler até mais rápido”, ela explica.
As duas obras que a professora indica são, por ela, definidas como a “prata da casa” das culturas brasileira e cearense, respectivamente. Tratam-se do volume “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”, organizado por Italo Moriconi e descrito como “uma seleção espetacular dos maiores contistas brasileiros”; e “O Cravo Roxo do diabo: o conto fantástico do Ceará”, que traz histórias de suspense sobrenatural escritas por autores locais. Está última obra é organizada pelo contista Pedro Salgueiro e possui prefácio de apresentação escrito por Aíla Sampaio, também docente da Unifor.
Redescobrindo-se na fantasia
“Desde bem pequena eu sou obcecada por mundos fantasiosos”, conta Larissa Pontes, que cursa o 6º semestre de Medicina na Universidade de Fortaleza. Ela afirma ter lido várias coleções de fantasia infanto-juvenil durante a adolescência - como “Harry Potter” e “As Fronteiras do Universo”-, e retornado ao gênero com o advento da quarentena.
“Não existe o ‘conceito de ficar feliz’ nessa pandemia. Pelo menos não quando a realidade da doença, das mortes e do caos social e político é massacrante. Mas existe tentar se manter estável e existe o ‘se redescobrir’. Eu me redescobri nesse período. Os livros fantasiosos e as sagas de ficção continuam sendo formas de se reaproximar de si mesmo, de aspectos da nossa personalidade que se perderam com a correria do tempo”, compartilha Larissa
Atualmente, a futura médica está lendo a coleção “The Witcher”, do polonês Andrzej Sapkowski. “Fiquei completamente apaixonada não só pelo livro e tudo que o envolve, mas por mim também, pois estou revisitando um hábito que moldou minha personalidade. Li o segundo e o terceiro [livros da saga] pelo celular, e comprei os outros para ler em versão física”.
Esse, talvez, seja o gênero que mais se destacou nas “leituras em maratona” durante o primeiro semestre de 2020, pois editoras e autores anunciaram edições de luxo e novas obras de sagas já favoritas do público, o que alavancou as vendas durante a pandemia. É o caso de coleções como “Crepúsculo”, de Stephenie Meyer, e “Jogos Vorazes”, de Suzanne Collins.
O estudante Thiago Lopes, que atualmente está no 6º semestre do curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza, releu durante a quarentena todos os livros da saga escrita por Collins, que foi publicada pela primeira vez em 2008. Ele estava na expectativa para “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, prequela da famosa trama literária que foi lançada no exterior em meados de maio.
“Em termos de saga, ‘Jogos Vorazes’ é o única que eu me considero fã. É uma saga que mescla muito bem elementos que eu gosto: reality shows, terror e protagonismo feminino. Além disso, apresenta aspectos políticos muito relevantes”, conta Thiago, que também maratonou três obras do autor Stephen King durante o período de isolamento social.
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