null Pesquisando nas nuvens

Seg, 2 Agosto 2021 16:02

Pesquisando nas nuvens

Estudantes da Universidade de Fortaleza dispõem de bases de dados, livros e periódicos digitais para ampliar o conhecimento


Biblioteca Digital da Unifor reúne títulos de livros em todas as áreas do saber (Imagem: Getty Images)
Biblioteca Digital da Unifor reúne títulos de livros em todas as áreas do saber (Imagem: Getty Images)

A vasta e insustentável leveza do conhecimento já não mais precisa pesar sobre as costas dos discentes mundo afora. Quem ainda carrega consigo uma mochila apinhada de livros certamente é por puro apego à materialidade das coisas ou porque ainda não conhece as infinitas vantagens de uma biblioteca digital. É que o mundo das ideias não só veio a caber na palma da mão como também resolveu morar nas nuvens.

Na Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz, estudantes de graduação e pós-graduação aderiram sem moderação à praticidade de navegar entre bases de dados, livros e periódicos digitais especialmente garimpados e disponibilizados de forma exclusiva para a comunidade acadêmica. É assim desde 2012, quando um investimento planejado e contínuo junto à Biblioteca Central impulsionou a vontade coletiva de se tirar o máximo de proveito da diversidade de um acervo acadêmico-científico virtual que cresce a olhos vistos e pode ser acessado via Unifor Online e Unifor Mobile.  

Os números, por si só, fazem brilhar os olhos dos leitores cibernéticos: hoje, 22 mil títulos de livros digitais misturam-se aos 194 mil físicos, incrementando um acervo total de mais 330 mil obras. Multidisciplinar, a Biblioteca Digital da Unifor reúne conteúdos de mais de 30 editoras nacionais e internacionais e já rompeu a marca de 11 mil títulos só na plataforma Minha Biblioteca. 

Há curiosidade científica no ar. E a procura febril pelas plataformas digitais vem fazendo jus ao investimento da universidade em conteúdos online: de janeiro a junho de 2021 já se contabilizam 395.243 acessos a obras digitais frente a 489.117 junto às bases de dados. Ao longo de 2020, o total de acessos aos livros virtuais chegou a 719.646, enquanto o acesso às bases de dados ultrapassou um milhão de cliques.

Considere-se: em meio ao surgimento da pandemia da Covid-19 e suas restrições sanitárias, que impuseram o isolamento social graduado, a fome por conectividade e a vontade de comer acepipes virtuais aumentaram em igual proporção. Entretanto, segundo a gerente da Biblioteca Central, Leonilha Lessa, a intempérie não explica por si só o frisson online. Para ela, é sim a inconteste qualidade do “tesouro” acumulado virtualmente pela Unifor que move tamanha adesão, seja quando a instituição renova suas assinaturas junto aos fornecedores de bases de dados do Brasil e do mundo ou vai além, adquirindo obras digitais de modo perpétuo e ampliando consideravelmente o lastro de autores, títulos e periódicos pagos que complementam a já imensa lista de conteúdos de livre acesso disponibilizados via Internet. 

“Os conteúdos digitais bibliográficos que a biblioteca da Unifor disponibiliza são fundamentais para o ensino em todas suas modalidades: presencial, EAD ou híbrido. Nosso desafio em curso é capacitar nossos usuários para, cada vez mais, utilizar os melhores recursos que cada plataforma oferece, aumentando o acesso às coleções e ampliando a produção de conhecimento de excelência da Unifor”, Leonilha Lessa, gerente da Biblioteca Central.

Multidisciplinaridade que impressiona. E prima por não deixar ninguém no vácuo. Senão, vejamos: a busca é por opções de leitura em inglês nas áreas de ciências médicas, ciências sociais, ciências humanas e tecnologia? Acesse a Cambridge. Precisa diversificar a pesquisa de forma ágil, com visualização e download de artigos de periódicos científicos e acadêmicos? Clique no portal Ebsco Host. Quer entender precisamente as normas da ABNT ou os regulamentos técnicos do INMETRO? É na Target GedWeb. Procurando uma base de dados jurídica ou de ciências afins que disponibilize conteúdos atualizados de 130 países, englobando livros, artigos científicos, enciclopédias, jornais, legislações e jurisprudências? A vLex cai como uma luva, sem falar do auxílio luxuoso que chega com o acesso irrestrito a Revista dos Tribunais Online. 

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Tudo “gigabom”! Estudante do 5º semestre do curso de graduação em Fonoaudiologia da Unifor, Waleria Tomaz, 23, testou e aprovou a abrangência da biblioteca digital da Unifor quando se viu desafiada a escrever o artigo final de monitoria do módulo Comunicação e Deglutição 1. O tema em foco: anatomia e fisiologia. “Fiz uso de uma base de dados especializada em anatomia humana e capaz de disponibilizar ao usuário figuras tridimensionais: a Primal Pictures. Foi incrível visualizar tudo em 3D e poder salvar as fotos, utilizando aquelas imagens de forma guiada dentro do meu grupo de estudos, ao mesmo tempo em que orientava os alunos a fazer as atividades usando as mesmas ferramentas”, vibra a monitora.

E se navegar é preciso, ela lembra bem como precisou criar intimidade com cada ferramenta virtual. “Ingressei na Unifor no início de 2020 e já em abril começava a pandemia. Queria usar o acervo digital, mas não sabia como e conversando com colegas da pós-graduação me informaram que havia cursos de capacitação internamente. Foi quando passei para a monitoria e entendi que sequer poderíamos utilizar os laboratórios. Fui então me capacitar com a equipe da biblioteca e assim descobri a infinidade de periódicos e artigos que podemos acessar de forma exclusiva e gratuita. Descobrir e utilizar o Primal Pictures foi a salvação da lavoura, já que fisiologia e anatomia são fundamentais para a prática clínica. Só visualizando as figuras em 3D, junto a fotos e vídeos de animação, é que pude guiar, como monitora, uma atividade síncrona capaz de substituir a aula presencial no laboratório”, recorda. 

“Tenho acesso aos livros na hora em que eu quiser, não preciso pagar por eles e posso abrir no celular, tablet ou notebook. Além disso, o lugar da pesquisa está bem montado, ou seja, se eu for pesquisar somente com plataformas e ferramentas disponíveis na Unifor é mais do que suficiente. Não preciso me deslocar nem ficar pesquisando em diversos sites individualmente porque tenho tudo em um único lugar”, Waleria Tomaz, estudante de Fonoaudiologia. 

A própria monitora capacitou seus alunos para seguir de forma autodidata com os estudos e as pesquisas online, mergulhando-os no acervo de livros e periódicos digitais da Unifor. “A busca por interatividade só nos traz vantagens. Em Minha Biblioteca tenho acesso a livros que já não preciso comprar, porque me chegam virtualmente. E estudar virtualmente é até melhor porque eu posso marcar um trecho desse livro, fazer flash cards de perguntas e respostas, deixar lá marcado para quando eu voltar à leitura ou fizer citação, então tem várias ferramentas que facilitam a vida do aluno que pesquisa e precisa produzir artigos. Sem falar que pelo AVA, ou seja, como aluna da Unifor, eu tenho acesso não só aos conteúdos livres de um Google da vida como também ao material pago e exclusivo que me leva a pesquisar de forma muito mais abrangente e rica”, ilustra.

Interatividade, agilidade, economia. Para Waleria, a biblioteca digital é custo-benefício garantido e aprovado. “Isso é ganho acadêmico. Acessibilidade que maximiza o conhecimento e não me deixa refém de um material físico que às vezes é caro. Por isso, insisto em indicar os cursos de capacitação para uso da biblioteca digital. Temos tudo ali, de bandeja, até tutoriais para aprender a acessar. E posso afirmar: depois que aprendi a estudar online meu rendimento acadêmico só melhorou”, encoraja.

Aos 22 anos, a estudante do 9º semestre do curso de graduação em Direito, Letícia Brena, nunca havia acessado a biblioteca digital até se ver afastada da Unifor por conta da pandemia da Covid-19. “Ia muito à biblioteca física. Sempre gostei. Mas quando os professores passaram a inserir em seus planos de ensino as referências de leituras digitais busquei o acervo para estudar à distância para as provas. Foi assim que descobri no ambiente virtual títulos e edições de livros muito mais atualizados do que aqueles que estavam nas prateleiras convencionais. Uma grata surpresa, já que, no Direito, uma lei ou doutrina pode mudar ou sofrer alterações de um semestre para o outro, tornando cada versão atualizada tão útil quanto necessária”, observa. 

Para Letícia, acessar conteúdos digitais mesmo quando o ensino presencial voltar a ser regra é um caminho sem volta. “O que me prendia no livro físico – o prazer tátil de marcar, grifar, fazer anotações, procurar uma citação – também tenho no ambiente online. E hoje agradeço por ter sido levada a fazer o minicurso de capacitação da biblioteca por orientação dos professores do núcleo de pesquisa do qual participei como pesquisadora. Uma pesquisa multidisciplinar, envolvendo várias áreas do Direito, exigiu que eu buscasse diferentes doutrinas e doutrinadores para escrever artigos. E foi assim que descobri que cada doutrinador tem seu modo próprio de tratar um mesmo assunto”, observa. 


“Agora, buscando pelo tema, escolho ler os que têm uma linguagem mais acessível e tenho a segurança de que todos ali são fontes referenciadas e de qualidade para guiar e aprofundar meu conhecimento”, Letícia Brena, estudante do curso de Direito. 

Há outra peculiaridade da área do Direito que faz com que Letícia tenha virado fã da biblioteca digital da Unifor: a grande maioria dos títulos não existe em versão PDF para baixar. “Tínhamos que alugar na biblioteca física, ficava renovando, sem falar no apego de levar o livro para a aula. Nunca tinha me tocado que simplesmente poderia ler pelo celular ou no computador em sala de aula. Hoje posso compartilhar na mesma tela o livro digital ao mesmo tempo em que acompanho a aula. O próprio VADE-MECUM, uma compilação-chave de toda a legislação vigente no Brasil, é atualizado duas vezes ao ano. O meu já estava desatualizado. E se você faz parte do mundo jurídico ele deve estar sempre por perto. E agora está. Posso acessar em bases de dados disponibilizadas pela Unifor, como a vLex, por exemplo, e ainda recorrer à Revista dos Tribunais Online para enriquecer os estudos, onde milhares de textos jurídicos de todas as áreas estão criteriosamente selecionados e inter-relacionados, com interface moderna e de fácil manuseio”, complementa. 

A praticidade do digital, no entanto, não barra a porta de entrada da biblioteca física. “Acho que devo usar o acervo virtual principalmente para estudar. Se for para divertimento prefiro comprar o livro físico. Continuo sendo a leitora tradicional, que gosta de pegar a obra na mão e sentir o cheiro. Mas de resto minha rinite agradece poder abrir o computador e ler um livro digital. É fato que nenhum acadêmico pode mais viver sem a vastidão do Portal de Periódicos da Capes, por exemplo. Ou alheio às funcionalidades que a biblioteca virtual da Unifor oferece, como imprimir arquivos em tempo real ou exportar dados em formatos PDF e planilhas, mas estudar com um grupo de amigos na biblioteca física, como fazíamos antes da pandemia, não tem preço. Aquele espaço de convivência acolhedor, bem equipado, com ar-condicionado, pufes espalhados pelo chão, internet, acesso a computadores, auditório para palestras, mesas grupais e individuais, tudo isso faz do ato de ler uma experiência sensorial única. Quero voltar a ter esse prazer de ir às nuvens também presencialmente”, suspira Letícia.

Em cada base de dados especializada, diversos títulos e funcionalidades presentes na biblioteca digital da Unifor tornam o estudo da Medicina um remédio antimonotonia. O Dynamed Plus, todo em inglês, informa minucias sobre as mais diversas doenças, tratamentos, diagnósticos e inclui até calculadoras médicas, permitindo busca com palavra-chave ou filtro por idioma. Já a MedicinaNet é um portal online com conteúdo médico de ponta em português e contextualizado de acordo com a realidade brasileira, sendo, portanto, a melhor ferramenta de consulta para tomada de decisões rápidas e eficazes. 

“Ambas as plataformas são muito boas e ainda vou acessar muito”, adianta-se o estudante do 2º semestre do curso de graduação em Medicina, Alexandre Saboia, 21. Por enquanto, é através do portal Minha Biblioteca que ele supre todas as necessidades de leitura que a formação acadêmica e a própria carreira lhe exigem. “Uso a biblioteca digital sobretudo para descobrir novos livros e decidir se devo comprá-los, já que a Unifor é assinante e disponibiliza gratuitamente para a comunidade acadêmica. Ali posso explorar, ler capítulos ou integralmente, fazer minhas marcações, digitar palavras-chaves para evitar ir ao índice e catar aquele assunto em determinada página, enfim, posso me movimentar dentro do livro com uma rapidez que o livro físico não me permite”, ilustra. 

“Sem o acervo digital não sei como teria conseguido estudar na pandemia, porque esse vem sendo o caminho mais seguro e prático de encontrar livros e informações essenciais. Vi estudantes de outras universidades que não dispõem desses recursos comentando sobre a dificuldade de fazer pesquisa desde o ano passado. E na Unifor a gente não passou por isso”, frisa Alexandre, torcendo pelo incremento cada vez maior da biblioteca virtual e a capacitação continuada entre os discentes para melhor explorar as suas funcionalidades”, Alexandre Saboia, estudante de Medicina.

Ele próprio já passou por uma capacitação de um dia junto à equipe da Biblioteca Central. E credita sua navegação segura e eficiente ao treino autodidata de quem se viu instigado a aprender usando. De tanto fuçar, já comemora: “eu vinha procurando um livro sucinto de fisiologia porque agora participo da Liga de Fisiologia e Medicina do Esporte. Queria sintetizar o conteúdo já lido em clássicos de grandes autores. E ao procurar no acervo digital encontrei um livro esgotado e que você já não encontra mais para vender. Era a quinta edição da Linda Costanzo, uma raridade. E graças a essa obra virtual consegui participar de muitos GTs com total clareza, sabendo que aquele conteúdo ainda vai me ajudar muito”, credencia Alexandre. 

Para o estudante de Medicina, a variedade de plataformas e sites pagos ou de livre acesso que a Unifor disponibiliza para alunos, ex-alunos, professores e funcionários é privilégio. “Muitos estudantes da graduação sequer saberiam da existência de determinadas obras ou autores sem a biblioteca digital da Unifor. A gente, sozinho, também não conseguiria acessar tanta informação e cruzar tantos dados e conteúdos de excelência. A Biblioteca Central vem fazendo esse essencial trabalho de garimpagem junto com os professores. Ou seja, vão prospectar por nós, a partir das indicações dos docentes, enquanto a universidade investe pesado em conhecimento atualizado e qualidade editorial. Nota 10! Ganhamos todos!”, avalia o médico em formação.