Síndrome da Pessoa Rígida: entenda doença rara que causa rigidez nos músculos

No começo deste mês, a cantora canadense Celine Dion, conhecida pelo sucesso de músicas como “My Heart Will Go On”, revelou em suas redes sociais que possui uma rara condição: a Stiff-Person Syndrome, popularmente chamada de Síndrome da Pessoa Rígida (SPR)

A doença autoimune é classificada como um distúrbio neurológico que afeta a capacidade de relaxamento dos músculos, gerando desconforto, dores constantes e problemas com mobilidade. Ela acomete uma em um milhão de pessoas e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge principalmente indivíduos entre os 40 e 60 anos. As causas estão ligadas a produção anormal de anticorpos, que atacam o sistema nervoso.

Em decorrência dessa realidade, a artista cancelou vários shows programados para os próximos meses. “Venho lidando com problemas de saúde há muito tempo, e tem sido muito difícil para mim enfrentar esses desafios e falar sobre tudo o que tenho passado... Me dói dizer para vocês que não estarei pronta para reiniciar minha turnê na Europa em fevereiro”, afirmou Celine.

Em vídeo, a cantora revelou que possui a Síndrome da Pessoa Rígida (Reprodução: Instagram)

Sintomas

Segundo Fernanda Maia, neurologista e docente do Mestrado em Ciências Médicas da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, os sintomas da síndrome variam entre espasmos dolorosos, movimentos involuntários e rigidez muscular extrema. Além disso, ela pontua que, em casos mais avançados, é possível que a cognição também seja afetada, fazendo com que a pessoa apresente quadros de desorientação. 

Celine Dion contou que os sintomas da doença estão prejudicando a sua vida pessoal e profissional, o que endossou a necessidade de paralisação dos shows. "Os espasmos afetam todos os aspectos da minha vida diária. Às vezes causam dificuldades ao caminhar e não me permitem usar minhas cordas vocais para cantar como estou acostumada", disse a cantora.

Diagnóstico 

O diagnóstico da Síndrome da Pessoa Rígida é feito por um neurologista, considerando o reconhecimento dos sintomas e a dosagem de anticorpos. Após esses indicadores, a confirmação vem por meio do exame de eletroneuromiografia, que mapeia a atividade elétrica dos músculos.

Fernanda destaca que, assim como outras doenças, é importante que haja o diagnóstico de forma precoce para que o tratamento seja feito da melhor forma possível.

“Essa é uma doença que não há como se prevenir, mas, com a identificação dos sintomas, é viável buscar o diagnóstico mais precoce possível. Com acompanhamento desde o estado inicial da condição, pode-se manter uma boa qualidade de vida” – Fernanda Maia, docente do Programa de Mestrado em Ciências Médicas Unifor.

Tratamento

A SPR não tem cura, mas o tratamento – acompanhado por um neurologista – é fundamental para que os sintomas sejam controlados. Durante o acompanhamento, são utilizados, por exemplo, medicamentos para conter a ação inflamatória e aliviar as dores musculares. Também é realizada terapia imunológica, que envolve a infusão de imunoglobulina humana e imunossupressão. 

“Após a fase aguda, os pacientes usam medicações que vão modular o sistema imunológico, evitando que ele tenha um excesso de atividades. Na maioria dos casos, é um tratamento para o resto da vida, mas muitos conseguem recuperar suas atividades funcionais”, declara Fernanda. Por isso, a docente destaca que as expectativas para o caso de Celine Dion são positivas.