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Qui, 17 Setembro 2020 14:37

Conheça professores que optaram pela multiplicidade de conhecimentos em sua formação

Docentes da Universidade de Fortaleza relembram a escolha de suas profissões e como elas podem ser complementares


Professor Gladstone FontGalland possui formação em Engenharia Mecânica e Direito (Foto: Ares Soares)
Professor Gladstone FontGalland possui formação em Engenharia Mecânica e Direito (Foto: Ares Soares)

A escolha de qual profissão seguir não é tarefa fácil. A ideia em exercer atuação em apenas uma área durante toda a trajetória profissional causa inseguranças e dúvidas para quem vive esse cenário de decisão. 

O processo de identificação é volátil e suscetível a mudanças em diferentes fases da vida. Por isso, professores da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, mostram que é possível optar pela multiplicidade de conhecimentos e hoje encontram identificação mútua e satisfação pessoal em suas escolhas, por vezes, distintas.

Conhecimentos complementares

Gladstone FontGalland formou-se em 1983 em Engenharia Mecânica na Universidade de Fortaleza. Sua escolha foi motivada pelo seu pai, um dia também engenheiro. “Em minha trajetória laboral de engenheiro, além de trabalhar em ‘chão de fábrica’, assumi cargos de gestão. Para atuar nesse perfil, precisei conviver com legislações municipais, estaduais e federais, com contratos, notas fiscais de compras e serviços, duplicatas, cheques, bem como, elaborar peça de defesa em autuações decorrentes de fiscalizações”, comenta ele.

Devido às necessidade de dominação neste campo de atuação como engenheiro, o professor encontrou a solução no curso de Direito, graduando-se em bacharel em 2016 também na Unifor. “Eu precisava complementar meus conhecimentos técnicos relacionados a essa área de atuação. Não prospera o questionamento de frustração ou de dúvidas com relação à engenharia. Nenhuma dessas foram razões para uma segunda graduação. Bem porque, continuo atuando na área de engenharia, com registro ativo junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (CREA-CE)”, completa o professor.

Atual professor dos cursos de Engenharia da Universidade de Fortaleza, Gladstone é também doutor em Ciências da Educação, pela Universidade Del Sol (UNADES- Paraguai). “Anteriormente, não tinha nenhum apreço pelo Direito. Bem porque sentia-se seguro na atuação como engenheiro. Mas as empresas crescem e acompanham a evolução industrial e tecnológica para manterem-se em evidência no mercado e continuarem crescendo e evoluindo. Passei a fazer parte da gestão e minhas responsabilidades mudaram”, explica ele.

Para Gladstone, é necessário ter um conhecimento mínimo das leis em qualquer área profissional. “Na vida profissional e na vida social as Leis existem para garantir o interesse da sociedade e o bem comum, regulado e ordenado pelo Estado. Matérias em revistas e telejornais que antes eu não me interessava, passei a ler, ouvir e a observar. Comecei a entender o significado e a importância dessas notícias para minha vida profissional e pessoal”, comenta. 

O professor enfatiza que não consegue mais atuar só com uma ou só com a outra área. “Posso afirmar que as minhas áreas de atuação se complementam e fazem parte da minha vida pessoal e profissional”, completa ele. 

Interseção que permite bom desempenho 

Motivada por sua identificação com a área da saúde e pela possibilidade de atuação em diversas áreas, Arlandia Cristina Lima graduou-se em Farmácia. “Apesar de ter gosto pelo cuidado, não me identificava com a medicina em si. Atuei como conselheira no Conselho Regional de Farmácia (CRF-CE) e evidenciando a nossa profissão como extremamente regulamentada, vi a necessidade de aprofundar o conhecimento de leis cursando Direito na Unifor”, explica ela. 

Hoje, a professora atua no curso de Farmácia da Universidade de Fortaleza, ministrando disciplinas das áreas teóricas, teórico-práticas e estágio. Além disso, é vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-CE). Na área do Direito, atua como advogada, sobretudo nas áreas cível, família, indenização e Direito Sanitário.

A professora enfatiza que, apesar de áreas aparentemente diferentes uma da outra, é possível encontrar uma interseção entre elas. “O Direito é baseado no conhecimento da legislação e na colocação dessa legislação em prática. No curso de farmácia, é necessário estarmos nos debruçando sobre essa legislação a todo instante. O fato de ser farmacêutica e profissional da saúde me torna muito mais sensível às demandas da sociedade. As pessoas chegam para mim com problemas jurídicos e sinto que consigo atender melhor suas necessidades e anseios. Essa interseção me permite atuar bem em ambas as áreas”, destaca ela. 

Atuação mútua em duas profissões 

Em 1985 prestou o seu primeiro vestibular. Aos 17 anos, o professor Danilo Lopes fez suas primeiras escolhas acadêmicas. “Tinha em mente duas coisas: que eu gostava de educação física e história. Contei para a minha mãe que pretendia fazer o curso de educação física, mas não fui bem recebido. A questão financeira para ela era importante”, relembra o professor.

Devido ao cenário existente durante o período de escolha, Danilo optou pelo curso de Odontologia. “Realizei minha graduação em Odontologia e concluí o curso em 1988. Ao final do meu mestrado, comentei com um amigo sobre o meu sonho ainda não realizado em cursar Educação Física e ele me instigou a ir atrás. Então, entrei em contato com a Unifor e solicitei minha entrada como graduado”, conta ele.

O professor realizou a sua formação em Educação Física na Universidade de Fortaleza, concluindo sua graduação em 2003. “Enquanto iniciava meu curso em Educação Física, concluí meu mestrado em Periodontia. Em 2002, comecei a ensinar no curso de Odontologia da Unifor e comecei a vislumbrar também a possibilidade em ensinar no curso de Educação Física na Universidade”, comenta ele.

Atual professor dos cursos de Odontologia e Educação Física na Universidade de Fortaleza, Danilo explica sobre a sua especialização em Odontologia do Esporte. “Me formei em três anos no curso de Educação Física, pois aproveitei cadeiras de outra Universidade. Em meu último semestre fui convidado para ser professor auxiliar na prática de cinesiologia, pois já tinha especialidade em fisiologia do exercício, antes mesmo de me graduar”, completa.

O professor foi o primeiro especialista em Odontologia do Esporte no estado do Ceará, pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Possui doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pós-doutorado em Odontogeriatria pelo CHU-Rouen- França

Além disso, atuou como conselheiro no Conselho Regional de Educação Física (CREF), desenvolvendo a Comissão de Educação de Odontologia do Esporte. “Atuo nas duas áreas, além de ser professor. Ensinei Educação Física também em outras Universidade, orientei diversos TCC’s da área. A disciplina de Odontologia do Esporte é multidisciplinar e virou uma especialidade odontológica. Adoro fazer a junção das minhas duas áreas, oriento e publico diversos artigos na área”, enfatiza o professor.