null De Filha Para Mãe: A jornada de cura pelo cuidado de Amanda dos Santos com Cristiane

Qui, 6 Maio 2021 15:47

De Filha Para Mãe: A jornada de cura pelo cuidado de Amanda dos Santos com Cristiane

Campanha para o Dia das Mães da Universidade de Fortaleza conta histórias sobre filhas que passaram a cuidar de suas mães durante a pandemia.


“Minha mãe é uma guerreira”, declara Amanda [à direita], que cuidou de Cristiane quando ambas tiveram Covid-19. (Foto: Acervo pessoal)
“Minha mãe é uma guerreira”, declara Amanda [à direita], que cuidou de Cristiane quando ambas tiveram Covid-19. (Foto: Acervo pessoal)

No próximo dia 9 de maio de 2021, comemora-se o Dia das Mães e a Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, celebra esse momento com a campanha digital “De Filha Para Mãe”.

Durante essa semana que antecede a data, a Unifor está publicando uma série de entrevistas sobre filhas que estão se dedicando ao cuidado com suas mães neste período de pandemia. As histórias compartilham os desafios e tesouros encontrados pelo percurso de zelo construído em tal configuração familiar, além de mostrar o carinho necessário para fortalecer esse laço afetivo no cotidiano dentro de casa.

Encerrando a sequência de conversas, a aluna do curso de Enfermagem Amanda dos Santos Pinheiro, 22 anos, narra a experiência que passou  junto a Cristiane dos Santos Pinheiro, supervisora de atendimento da Pós-Graduação Lato Sensu. Ambas contraíram Covid-19 e passaram por uma jornada de superação juntas, tendo a filha se tornado responsável pelos cuidados com a mãe. Confira o relato a seguir.

Do afeto à saúde

Hoje com 45 anos, Cristiane foi mãe de primeira viagem quando teve Amanda aos 23 anos. A estudante de Enfermagem conta que não foi fácil, mas que ambas conseguiram construir aos poucos uma relação muito próxima de parceria. “Eu falo com ela, converso, peço opinião ‒ seja ela profissional, seja pessoal. E ela também faz isso, o que é muito legal porque eu sinto que ela me escuta e ouve muito a minha opinião”, pontua a garota.

Amanda relembra do início da pandemia em 2020, quando a supervisora de atendimento passou a trabalhar de casa e as duas tiveram mais tempo juntas: “A gente sempre brincava, via um filme, eu ensinava alguma coisa nova para minha mãe no Instagram. A gente conversava ‘papos sérios’ falando sobre a pandemia, sobre a vida, sobre Deus ‒ a gente sempre gosta de estar na missa aos domingos, mesmo pela televisão”.

Sempre cuidando da mãe quando ela adoece, a aluna se orgulha de “tomar as rédeas” da casa quando Cristiane precisa se recuperar, mas diz que essa atitude se intensificou depois que ela teve Covid-19 em fevereiro deste ano. “Muitas vezes eu chorava e dizia que não sabia mais o que fazer porque eu estava com medo de perder minha mãe, com medo dela ficar internada, com medo dela não voltar. [...] Quando ela disse ‘Eu vou ficar internada’, aí meu mundo caiu”, conta Amanda, ainda com dificuldade de comentar sobre o assunto.


“A gente é muito parceira. Eu ensino muita coisa a ela e ela me ensina muita coisa”, revela Amanda sobre sua mãe Cristiane. (Foto: Acervo pessoal)

Agarrada à sua fé, a filha declara ter pedido a Deus para que a mãe se recuperasse, “porque eu não ia aguentar sem ela, eu não ia ter chão sem ela”. Quando voltou para casa após deixá-la internada no hospital, Amanda descobriu também estar infectada, mas não contou para a mãe e continuou cuidando dela mesmo de longe: “Toda noite eu fazia chamada de vídeo e ligava com um sorriso no rosto dizendo ‘Mãe, você tá bem? Você comeu, tomou os remédios, prestou atenção?’. E aí, eu via que eu estava sendo mãe”.

A estudante revela que a situação toda foi um momento muito difícil e que deixou toda a família apreensiva, além dela mesma ficar se questionando sobre as possibilidades sombrias do futuro. “Estava com tanto medo de dizer isso para minha madrinha [irmã de Cristiane]. Quando ela ligava, eu dizia que estava com medo de perder a minha mãe. Eu não sabia viver sem ela. Essa é a frase: eu não sei viver sem a minha mãe”, confessa Amanda, emocionada.

Depois que Cristiane voltou para casa, Amanda seguiu a zelar por ela ao regular os horários dos remédios e “dar bronca” quando necessário. A aluna assume ter muitas responsabilidades, mas que isso tudo exigiu uma maturidade maior e diferente, pois “quando é com sua mãe, você move céus e terras, você deixa tudo de lado por ela, e foi o que eu fiz”.

Atualmente, ambas já estão curadas, vivendo bem em casa. Após essa “montanha-russa” de emoções, Amanda acredita que a relação das duas mudou para melhor. “Passo bastante do tempo que eu posso com ela e aí, do nada, eu falo ‘Mãe, te amo’. Bem assim. Essa foi uma das coisas que mudaram. Então, a minha interação, o meu amor pela minha mãe, só aumentou, né? Só aumentou”, conclui.