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Seg, 8 Abril 2024 14:36

Entrevista Nota 10: Adriana Helena Moreira e a cultura que fervilha pelo campus

A Vice-Reitora de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor fala sobre sua carreira, além de comentar projetos e ações da Unifor e da FEQ no incentivo à cultura e na formação de profissionais de excelência


Doutora e mestre em Ciências da Cultura, Adriana Helena também é docente da Universidade de Fortaleza (Foto: Ares Soares)
Doutora e mestre em Ciências da Cultura, Adriana Helena também é docente da Universidade de Fortaleza (Foto: Ares Soares)

Desde seu surgimento, a Universidade de Fortaleza traz consigo o compromisso de desenvolver o Ceará em muitos aspectos, estimulando a formação profissional, o conhecimento científico e, conjuntamente, a produção cultural. Em 1973, por exemplo, meses após sua abertura, a instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz (FEQ) já trouxe a primeira edição da Unifor Plástica, uma exposição que busca dar visibilidade a artistas cearenses.

Para Adriana Helena Moreira, Vice-Reitora de Extensão e Comunidade Universitária, a Unifor tem desempenhado um papel significativo no estímulo à arte e na promoção da cultura no Estado ao longo das décadas. Além disso, a FEQ — por meio desta Vice-Reitoria — ainda atua na promoção do esporte, da responsabilidade social e da extensão.

“A Vice-Reitora de Extensão e Comunidade Universitária (Virex) desempenha um papel estratégico na formação de profissionais completos e de excelência, ao promover a integração entre a Universidade e a sociedade, estimular o desenvolvimento de habilidades essenciais, ampliar as oportunidades de aprendizado e preparar os estudantes para os desafios do mundo profissional e social”, declara a professora.

À frente da Virex desde janeiro deste ano, Adriana Helena tem uma longa trajetória dentro da Unifor. Do início na sala de aula em 2003 à direção da Divisão de Arte e Cultura, passou ainda por diversos cargos de liderança, tendo até mesmo gerido o acervo de obras artísticas da Fundação. 

Ela é graduada em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e especialista em Teorias da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Possui doutorado e mestrado em Ciências da Cultura pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Portugal, e conta com experiência nas áreas de Cultura e Desenvolvimento, Gestão e Produção Cultural.

Na Entrevista Nota 10 desta semana, Adriana Helena fala sobre sua trajetória e novo cargo, além de comentar projetos e ações da Unifor e da FEQ no incentivo à cultura e na formação de profissionais de excelência.

Confira na íntegra a seguir.

Entrevista Nota 10 — Antes de assumir a Virex, você foi gestora do Espaço Cultural Unifor e do acervo de obras da FEQ. Sua trajetória na Universidade ainda conta com outras tantas atribuições ao longo dos anos, como a de chefe da Divisão de Arte e Cultura e da programação da TV Unifor, além de ter coordenado a célula de Eventos do Núcleo Integrado de Comunicação (NIC). Como é estar hoje à frente da Vice-Reitoria, especialmente após tanto tempo de dedicação à casa? Qual o significado profissional dessa nova etapa em sua vida?

Adriana Helena — Esse percurso reflete não apenas minha dedicação e competência acadêmica, mas também uma capacidade de liderança, gestão e visão estratégica para contribuir de maneira mais ampla e impactante para a instituição.

A sala de aula sempre foi a minha paixão. Um lugar de conhecimento e aprendizados, mas também um espaço de interação, crescimento pessoal e incremento de habilidades essenciais para a vida. As atividades práticas em sala de aula sempre estiveram presentes no meu percurso acadêmico, isso inclui o desenvolvimento de projetos, equipes ou atividades específicas, contribuindo para que os alunos adquirissem habilidades de liderança, como comunicação eficaz, tomada de decisão, gestão de conflitos, motivação da equipe e delegação de tarefas, fundamentais para a gestão no mercado de trabalho. A habilidade e o exercício dessas práticas sempre me mantiveram muito próxima das atividades de gestão administrativa da Universidade, especialmente em atividades extensionistas como na TV Unifor, no Núcleo Integrado de Comunicação e na Divisão de Arte e Cultura, demonstrando minha habilidade em comunicação e organização de projetos multifacetados.

A Vice-Reitoria de Extensão se ancora no Marco Referencial da Universidade, sobretudo na premissa de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ela desempenha um papel fundamental no contexto universitário, pois promove espaços de interação com a sociedade que potencializam a expressão crítica, o desenvolvimento de autonomia, a formação cidadã e a construção de laços comunitários.

Esta nova etapa na minha vida profissional pode ser vista como um momento de crescimento, desafios e oportunidades para contribuir de maneira ainda mais significativa para o desenvolvimento e o sucesso da instituição. É uma chance de aplicar conhecimentos, habilidades e experiências acumuladas ao longo dos anos e impactar diretamente a relação da Universidade com a sociedade, propondo parcerias comunitárias, programas de responsabilidade social inovadores, arte e cultura de qualidade, projetos de esporte transformadores e a promoção de projetos de extensão criativos.

Entrevista Nota 10 — Há décadas que a Unifor, junto à Fundação Edson Queiroz (FEQ), investe no estímulo à arte, promovendo acessibilidade a um bem que é direito de todos: a cultura. De que forma as iniciativas da Universidade e da Fundação promovem o desenvolvimento do capital cultural e intelectual do Ceará? Como esse esforço chega à população? 

Adriana Helena — A Universidade de Fortaleza, da FEQ, tem desempenhado um papel significativo no estímulo à arte e na promoção da cultura no Ceará ao longo das décadas. Podemos falar como marco inaugural desse incentivo à arte e cultura a realização da primeira Unifor Plástica em junho de 1973, três meses após a inauguração da Unifor. De lá para cá, diversas iniciativas têm contribuído para o desenvolvimento do capital cultural e intelectual da região de várias maneiras, como o apoio à produção artística local por meio de exposições, espetáculos cênicos, performances, festival de música erudita, lançamentos de livros e outras manifestações culturais que valorizam a produção artística local. Posso citar também os grupos de arte da Universidade, como o Grupo Mirante de Teatro Unifor, que este ano completa 40 anos, o Coral Unifor com 43 anos, a Camerata Unifor com 28 anos e o mais recente, a Big Band Unifor, com 11 anos de atividades.

Há também o Espaço Cultural Unifor, criado em 1988, reformado e ampliado em 2004, que oferece programações variadas, incluindo exposições de arte, apresentações teatrais, concertos musicais, exibições de filmes, entre outras atividades. Esse espaço é acessível ao público e contribui para democratizar o acesso à cultura.

A FEQ também realiza pesquisas e projetos de difusão cultural, contribuindo para o conhecimento e a preservação do patrimônio cultural da região. Isso inclui estudos sobre história e arte, por meio da Biblioteca de Acervos Especiais, tradições populares, por meio da Cordelteca, entre outros temas relevantes para o desenvolvimento do capital cultural e intelectual.

O esforço da FEQ em promover a cultura e o desenvolvimento do capital cultural e intelectual do Ceará chega à população por meio de uma variedade de iniciativas e ações. Através de eventos abertos ao público, programas educacionais, espaços culturais acessíveis, apoio a artistas locais e projetos de pesquisa e difusão, a instituição consegue alcançar um público amplo e diversificado, contribuindo para enriquecer a vida cultural e intelectual da comunidade cearense.

Entrevista Nota 10 — Além de arte e cultura, a Virex também é responsável pelas pautas esportivas e de responsabilidade socioambiental da Universidade. De que forma essas áreas são incentivadas pela instituição? Esse âmbito também se estende para além dos muros do campus?

Adriana Helena — A Fundação Edson Queiroz desempenha um papel relevante na promoção do esporte, da responsabilidade social e da arte e cultura na sociedade, áreas estas que são geridas pela Vice-Reitoria de Extensão da Unifor.

O esporte é uma das vertentes fundamentais da atuação da Fundação Edson Queiroz. Através de programas e projetos esportivos, a FEQ incentiva a prática esportiva, apoiando a participação em eventos locais, nacionais e internacionais, ao promover a inclusão social, estimular o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e contribuir para a melhoria da qualidade de vida de jovens e adultos. Iniciativas como a Escola de Esporte, que oportuniza a prática esportiva orientada para crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos; competições universitárias, como os Jogos Universitários, o Pan-Americano Universitário, as Olimpíadas Mundiais Universitárias; o Programa de Apoio e Incentivo ao Esporte, com aproximadamente 120 atletas beneficiados com plano de saúde, alojamento, incentivo a atletas de alto rendimento e investimentos em infraestrutura esportiva, fortalecendo o esporte como ferramenta de transformação social.

Há dez anos, a Unifor está entre as cinco melhores universidades do Brasil em desempenho esportivo, segundo o ranking da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU). Essas ações denotam um compromisso com a formação integral de seus discentes.

A responsabilidade social é outra área de destaque na atuação da Fundação. A FEQ desenvolve e apoia projetos sociais voltados para educação, saúde, cultura, meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Através de parcerias com instituições e organizações locais, a Fundação promove ações que visam reduzir desigualdades, combater a exclusão social e oferecer oportunidades de desenvolvimento para comunidades em situação de vulnerabilidade. Essas iniciativas demonstram o compromisso da FEQ com o bem-estar e o progresso social da sociedade. Podemos citar também a Escola Yolanda Queiroz, que desde 1982 oferece educação gratuita de qualidade para crianças, com uma formação enriquecida por valores humanos e artísticos.

A arte e cultura também ocupam um lugar de destaque na agenda da Fundação Edson Queiroz. Através de projetos culturais, exposições, espetáculos, festivais, oficinas e programas de incentivo à produção artística, a fundação contribui para a valorização e difusão da cultura local e nacional. Além disso, a FEQ apoia a formação de novos talentos, o intercâmbio cultural e a preservação do patrimônio histórico e artístico da região. Essas iniciativas enriquecem o cenário cultural da cidade e promovem o acesso à arte e cultura para um público diverso.

Entrevista Nota 10 — Poderia comentar sobre o papel da Virex na formação de profissionais completos e de excelência?

Adriana Helena — A Vice-Reitora de Extensão e Comunidade Universitária desempenha um papel estratégico na formação de profissionais completos e de excelência, ao promover a integração entre a Universidade e a sociedade, estimular o desenvolvimento de habilidades essenciais, ampliar as oportunidades de aprendizado e preparar os estudantes para os desafios do mundo profissional e social.

O envolvimento em atividades relacionadas à arte e cultura, esporte e responsabilidade social não apenas complementam a formação acadêmica dos estudantes, mas também contribuem de maneira significativa para o seu desenvolvimento pessoal, social e profissional.

Podemos citar alguns exemplos exitosos em que os projetos extensionistas contribuíram de forma transformadora na vida dos estudantes, como as visitas mediadas nas exposições do Espaço Cultural Unifor, a Escola de Esporte, as seleções desportivas, os cursos profissionalizantes do Centro de Formação Profissional e a Escola Yolanda Queiroz.

Entrevista Nota 10 — No mês de março, o Espaço Cultural Unifor lançou três novas exposições gratuitas em ambientes diferentes. Como surgiu a ideia de trazer três mostras de artistas diferentes ao mesmo tempo para o público? O que elas têm em comum, dialogando entre si, e o que as fazem únicas?

Adriana Helena — Março é um mês especial para a Unifor porque comemoramos o aniversário da instituição, então sempre lançamos novas exposições nesse mês. Nas galerias superiores, inauguramos a exposição Centelhas em Movimento, que apresenta obras da coleção particular do colecionador Igor Queiroz Barroso, de autoria de artistas como Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Lygia Clark, Hélio Oiticica, entre muitos outros. Nas galerias térreas, lançamos o Projeto Trajetórias Artísticas Unifor, com mostras dos artistas cearenses Claudio Cesar e Totonho Laprovitera.

De fato, trata-se de exposições bem diversas quanto a períodos, linguagens, temáticas, técnicas, mas todas contam, cada qual à sua maneira, com imensa qualidade artística e um capricho especial na forma de apresentar as obras e receber o público, uma vez que o Espaço Cultural Unifor já é reconhecido pela excelência de suas exposições. Diante disso, convidamos o público a visitar as mostras em cartaz e criar suas próprias conexões entre elas.

Entrevista Nota 10 — Além de quadros e esculturas, uma das exposições ainda conta com um recurso interativo desenvolvido pelo laboratório Vortex da Unifor em parceria com a Divisão de Arte e Cultura da Virex. De que forma essas novas tecnologias digitais podem agregar à experiência de imersão artística, assim como na absorção de conhecimentos culturais?

Adriana Helena — As novas tecnologias digitais têm o potencial de enriquecer significativamente a experiência de imersão artística e a absorção de conhecimentos culturais, tornando esses recursos mais acessíveis, interativos e diversificados para um público global. Elas proporcionam experiências mais envolventes, acessíveis e educativas, contribuindo para a valorização da cultura, o engajamento do público e a inovação no campo das instituições culturais.

Isso inclui instalações artísticas digitais, projetos de realidade virtual imersiva, exposições multimídia e outras iniciativas que ampliam as possibilidades de expressão e comunicação no ambiente museológico. Temos realizado essas experiências em parceria com o laboratório Vortex da Unifor nas últimas exposições como forma de estimular a criatividade, o pensamento crítico e a experimentação.

A inteligência artificial será cada vez mais utilizada para singularizar a experiência dos visitantes nos museus. Isso inclui recomendações personalizadas de obras de arte com base nos interesses do usuário, assistentes virtuais para orientação e interação, bem como análise de dados para compreender melhor o comportamento e as preferências dos visitantes.