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Seg, 25 Outubro 2021 15:35

O primeiro artigo a gente nunca esquece

Estudantes da Universidade de Fortaleza compartilham a experiência de apresentar suas primeiras pesquisas acadêmicas


Tradição no calendário da Unifor, os Encontros Científicos funcionam como espaço para refletir o conhecimento científico produzido pela comunidade acadêmica, além de incentivar a formação de pesquisadores (Foto: Ares Soares)
Tradição no calendário da Unifor, os Encontros Científicos funcionam como espaço para refletir o conhecimento científico produzido pela comunidade acadêmica, além de incentivar a formação de pesquisadores (Foto: Ares Soares)

Qual o papel da família na construção do comportamento alimentar e na prevenção dos transtornos alimentares? Guiada por essa pergunta, a estudante do 8º semestre do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, Amanda Petri, 24, produziu e pôs à prova, em meio aos Encontros Científicos e à programação do Mundo Unifor 2021, o seu primeiro artigo acadêmico. A escolha do tema para uma das mais desafiadoras experiências vividas ao longo de qualquer graduação nasce atrelada à própria biografia. 

"Os transtornos alimentares muito comumente acomentem adolescentes e jovens mulheres, principalmente por conta de estereótipos ligados a uma ideia de beleza culturamente assimilada. Então foi muito revelador e até catártico pra mim, enquanto mulher, poder refletir criticamente sobre essa temática, jogando algumas luzes sobre os problemas", Amanda Petri, aluna do curso de Psicologia. 

Como bolsista de iniciação científica da Funcap e sob a orientação dos professores Lucas Campos e Anna Karynne Melo, Amanda acompanhou de perto 10 pacientes do Pronutra (Programa Interdisciplinar de Nutrição aos Transtornos Alimentares e Obesidade), que está vinculado ao curso de graduação em Nutrição da Unifor e conta com a atuação de uma equipe interdisciplinar. O contato com oito mulheres e dois homens com anorexia nervosa, bulimia ou transtorno de compulsão alimentar fez nascer dados reveladores, culminando em um artigo de análise crítica do material narrativo.

“A maioria dos participantes associa a influência das relações familiares no desenvolvimento de seus comportamentos alimentares e diagnóstico de transtorno alimentar, mencionando a construção dos hábitos alimentares desde a infância e a maneira como as famílias lidam com o alimento e o próprio modelo de corpo. Portanto, o papel dos familiares na prevenção e tratamento é importante e a família surge como um dos principais intermediadores da relação sujeito-alimento, havendo a necessidade de ampliação do trabalho com familiares na prevenção e tratamento de tais transtornos, tanto no âmbito clínico quanto na saúde pública. Mas devemos ficar atentos para não culpabilizar a família, já que outros fatores, como ansiedade, também podem estar associados ao quadro”, adverte a pesquisadora estreante que se apaixonou pelo exercício da escrita acadêmica e pretende seguir produzindo e publicando artigos científicos.

É hora de perguntar!

O aprendizado dos prazeres de pesquisar é caminho sem volta. Assim pensa a estudante do 6º semestre do curso de Direito da Universidade de Fortaleza, Giovanna Bezerril, 20, ainda sob impacto da emoção em apresentar seu primeiro artigo acadêmico nos Encontros Científicos vinculados à programação do Mundo Unifor 2021. “O mais difícil, mas ao mesmo tempo mais estimulante foi escolher o tema. Sou monitora da disciplina Direito Civil III e foi através dessa experiência em sala de aula que tive contato com o Direito da Infância e da Juventude, percebendo que os idosos também são pessoas mais vulneráveis e que precisam de proteção especial, além das crianças e jovens. Então propus essa análise em torno da responsabilização por danos morais frente ao abandono afetivo dos idosos. Mas pensando não só no reparo patrimonial, porque não é só indenizar, como consta na nossa legislação, e sim garantir um amparo maior, inclusive do ponto de vista emocional, visando um envelhecimento saudável”, defende a estudante. 

“Entendi que pesquisa também envolve ética e que todo o nosso texto tem que ser referenciado, até para não parecer plágio ou um conjunto de meras citações. Por isso é tão importante a supervisão dos professores orientadores nesse início de escrita acadêmica. Eles é que guiam o seu olhar crítico para que possamos desenvolver um pensamento autônomo e original”, Giovana Bezerril, estudante do curso de Direito. 

De natureza qualitativa e exploratória, a pesquisa desenvolvida por meio de revisão de literatura e pesquisa bibliográfica foi um exercício tanto crítico quanto metodológico. “Nesse artigo, por exemplo, foi imprescindível a observação acerca dos impactos do Estatuto do Idoso e do dever constitucional de cuidado atribuído à responsabilidade civil da família. A partir disso, conclui-se que a responsabilização nos casos de indenização por danos morais, quando aplicada em conjunto com acompanhamento de programas de assistência social, é mais benéfica e suficiente para o cuidado da saúde do idoso”, ressalta Giovanna, já instigada a prosseguir com o aprofundamento do tema de pesquisa. “Foi meu primeiro de muitos Encontros Científicos, apesar do nervoso”, garante, rindo-se.

“Uma análise econômica do cluster de construção civil no Brasil”. Em seu primeiro artigo científico e com esse título pomposo, o estudante do 2º semestre do curso de Engenharia Civil, Giordanno Ferreira de Oliveira, 18, defendeu a ideia de competitividade regional e cooperação interorganizacional na última edição dos Encontros Científicos durante o Mundo Unifor 2021. O tema não nasceu com ele, mas, no próprio artigo, já se mostrou capaz de sintetizá-lo: “clusters são resultado de um processo de aglomeração de empresas e de instituições associadas em determinada região ou localidade onde se verifica uma dinâmica interorganizacional de cooperação e de competição”.

“Fui convidado pelo meu professor-orientador a criar a interface gráfica para a divulgação dos dados de pesquisa. E o bom foi ter que mergulhar em uma área de conhecimento nova, que é a Ciência de Dados”, Giordanno Ferreira de Oliveira, estudante de Engenharia Civil.  

Como bolsista de iniciação científica, foi por meio da forma e não exatamente do domínio do conteúdo relacionado a empresas similares e atividades de negócio que compartilham cadeias de suprimento e de distribuição, sendo capazes de gerar empregos e também criar postos de trabalho mais qualificados, que se engajou no projeto Análise da Competitividade e Mapeamento de Clusters Setoriais, financiado pela Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza. “Depois dessa experiência, sou um engenheiro civil capacitado para organizar dados, ou seja, domino uma ferramenta a mais que também vai me ajudar na formatação do meu TCC. Então, não falta motivo e estímulo para seguir pesquisando e aprendendo coisas novas”, comemora.

O valor da pesquisa estratégica

Inovação com base em problemas reais. Casando teoria e prática, o curso de graduação em Administração de Empresas da Unifor leva estudantes a dialogar com o mercado desde o primeiro semestre, lançando em sala de aula desafios nascidos no seio de empresas parceiras. Foi assim com a VCI S/A, que vem investindo na construção do Hard Rock Café na praia da Lagoinha, dentro dos limites do município de Paraipaba. Apresentado o megaempreendimento, coube aos docentes e discentes envolvidos na disciplina Liderança e Gestão compor um planejamento estratégico capaz de equalizar interesses econômicos com o potencial do lugar, levando em conta aspectos ambientais e sociais.

Experiência que rendeu artigo científico. “O cenário organizacional requer uma análise do ambiente que está inserido e isso inclui uma avaliação global das oportunidades, ameaças, pontos fortes e pontos fracos, de forma macro e micro. Além de ser um diferencial competitivo, o planejamento estratégico é uma ferramenta bastante eficiente que as empresas manipulam para atingir os resultados esperados. Na Unifor, fizemos essa análise de levantamento de dados, analisando criticamente as informações”, explica a estudante do 4º semestre do curso de Administração, Juliana Melo

“Como monitora que acompanhou o processo de condução e entrega das ideias nascidas em sala de aula me vi instigada a transformar todo o aprendizado em pesquisa acadêmica, contando, é claro, com a supervisão dos professores. Assim é que, sem já nem esperar, escrevi meu primeiro artigo científico aos 35 anos e durante uma segunda graduação”, Juliana Melo, aluna do curso de Administração. 

Para ela, que compartilhou a experiência durante os Encontros Científicos, analisando a um só tempo o trabalho de monitoria, a escrita foi um dos maiores desafios. “Minha primeira graduação na Unifor é em Eventos, um curso tecnológico, então meu olhar sempre foi muito técnico. Então, não foi fácil conseguir compor um relato, mas com o apoio e supervisão dos professores consegui vencer essa dificuldade e vivi esse momento incrível de troca de conhecimentos, ao mesmo tempo em que entendi a importância dessa produção acadêmica para o desenvolvimento da pesquisa e do mercado também. Achei que não ia conseguir, mas o resultado foi muito prazeroso e representa um pontapé inicial para muito mais que vem por aí, levando em conta a parceria da Unifor com a VCI, que continua nos próximos anos”, enfatiza Juliana. 

E se a pesquisa também continua, foco nas conclusões prévias: “um modelo de negócio que pretende ter uma gestão perene e por longos anos, deve considerar a análise do ambiente interno e externo, como estratégia de futuro. Um planejamento estratégico com ações e análises constantes podem acompanhar tendências e mudanças de mercado atendendo as exigências de todos os stakeholders. A região do município de Paraipaba apresenta maiores oportunidades do que ameaças, e é uma região próspera para investidores locais e globais. No entanto, chama-se a atenção para o fomento de profissionalização na região, onde a cadeia de valor atua no desenvolvimento dos moradores da região gerando renda e criação de valor para negócios sustentáveis”.